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Estado de Minas

Veja os fatores que provocaram trag�dia durante alagamento na Av. Vilarinho

Alto volume de chuva, colapso da drenagem e impossibilidade de barrar tr�nsito levaram �s tr�s mortes na noite que teve 40% da chuva prevista para novembro


17/11/2018 06:00 - atualizado 17/11/2018 08:11

Ver galeria . 26 Fotos Escola Municipal Francisca Magalhães Gomes teve vários danos provocados pela chuva. A instituição fica entre a Rua dos Mamoeiros e a Avenida Vilarinho, alagada ontemPaulo Filgueiras/EM
Escola Municipal Francisca Magalh�es Gomes teve v�rios danos provocados pela chuva. A institui��o fica entre a Rua dos Mamoeiros e a Avenida Vilarinho, alagada ontem (foto: Paulo Filgueiras/EM )


Mais de 40% da chuva esperada para todo m�s concentrada em poucas horas de um �nico dia, satura��o completa do sistema de drenagem, que exige obras de grande porte, distantes da realidade econ�mica da cidade, e uma complexidade de ruas e avenidas que dificulta o fechamento de tr�nsito para evitar trag�dias. Esses ingredientes, combinados na noite de quinta-feira, resultaram em uma trag�dia com pelo menos quatro mortes em Belo Horizonte e trouxeram de volta � tona um quadro que assombra a popula��o da capital toda vez que chove forte, especialmente na Regi�o de Venda Nova. Desta vez, por�m, os transtornos n�o se restringiram aos preju�zos materiais com os temporais que elevam subitamente o n�vel da �gua em pontos como a Avenida Vilarinho.

L� morreram Cristina Pereira Matos, de 40 anos, e a filha dela, Sofia Pereira, de 6, abra�adas dentro do carro em que estavam, um Palio, a m�e com um ter�o nas m�os. A estudante Anna Lu�sa Fernandes de Paiva, de 16 anos, morreu perto dali, ao ser sugada por um bueiro que teve a tampa arrancada pela for�a da �gua, na Rua Doutor �lvaro Camargos. Ela afundou ao deixar o carro em que estava com o namorado, que ficou com a roda presa na entrada da galeria. O corpo da adolescente, que era filha �nica, estudante do Cefet-MG, foi encontrado ontem no C�rrego Vilarinho, a cerca de quatro quil�metros de dist�ncia de onde a jovem desapareceu. A quarta v�tima morreu na ocupa��o Vit�ria, na Regi�o Norte. Segundo testemunhas, trata-se de um morador que se afogou ao tentar cruzar alcoolizado uma �rea alagada. At� o fim da tarde de ontem os bombeiros ainda procuravam um homem que teria desaparecido ao se jogar na correnteza na Avenida Vilarinho, na noite de quinta-feira.

Ontem foi dia de contar estragos e prejuízos em imóveis da área mais afetada, em Venda Nova(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Ontem foi dia de contar estragos e preju�zos em im�veis da �rea mais afetada, em Venda Nova (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


A trag�dia que se abateu sobre a capital motivou a mobiliza��o pesada de equipes de limpeza da prefeitura e rea��es do prefeito de BH, Alexandre Kalil (PHS), e do governador eleito, Romeu Zema (Novo). Enquanto Zema lamentou a situa��o e destacou que cabe ao estado e aos munic�pios adotar medidas preventivas para evitar situa��es do tipo, Kalil assumiu a responsabilidade pelas vidas que se foram em Venda Nova. “A culpa do que aconteceu aqui � do prefeito. Estou muito triste e muito despreparado para a morte. O que aconteceu em termos materiais, a prefeitura tem estrutura, preparo, t�cnicos e dinheiro para resolver. Isso tudo vai estar limpo na segunda-feira. O que me preocupa s�o as vidas que foram levadas. Eu realmente n�o estava preparado para isso”, disse.



Acompanhado do chefe da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Henrique Castilho, e do coordenador da Defesa Civil de BH, coronel Alexandre Lucas, o prefeito visitou rapidamente a regi�o da Avenida Vilarinho e disse que at� 20 de dezembro ser� lan�ado um termo de refer�ncia para estudos da bacia formada pelo C�rrego Vilarinho e seus afluentes. O trabalho deve apontar a solu��o mais indicada para os alagamentos na principal via de liga��o da Regi�o de Venda Nova com o restante da cidade.

Carro em que foram resgatados corpos de mãe e filha (acima) permanecia ao lado de outros arrastados pela água(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press Marcos Vieira/EM/DA Press)
Carro em que foram resgatados corpos de m�e e filha (acima) permanecia ao lado de outros arrastados pela �gua (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press Marcos Vieira/EM/DA Press)


Segundo Castilho, esse estudo, que pode custar at� R$ 10 milh�es, vai subsidiar a apresenta��o de propostas de solu��o por empresas de engenharia interessadas. “Feito isso, � produzido um projeto executivo em cima do que a prefeitura considerar adequado”, afirmou. O gestor n�o consegue estimar o tempo, mas acredita que s� para o estudo sejam necess�rios de seis meses a um ano. � bem prov�vel que seja preciso abrir um novo canal para o C�rrego Vilarinho, que passa sob a avenida hom�nima, e n�o suporta o volume que escoa em dire��o ao Ribeir�o do On�a. “� uma obra de porte muito grande, para R$ 150 milh�es a R$ 200 milh�es. A inten��o � at� 2020 deixar em execu��o ou pelo menos encaminhado para come�ar”, afirmou Castilho. Enquanto isso, a prefeitura promete come�ar em fevereiro obras para tratamento de fundo de vale e para alargamento dos canais dos c�rregos Marimbondo, Lareira e do Nado, que contribuem para a bacia do Vilarinho e podem aumentar a vaz�o de �gua nos per�odos cr�ticos de chuva.

PBH mobilizou equipes e Kalil assumiu responsabilidade por tragédia(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
PBH mobilizou equipes e Kalil assumiu responsabilidade por trag�dia (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


DESAFIO NAS RUAS Ainda sem obras para resolver definitivamente o problema, o que resta para tentar poupar vidas em meio aos temporais seria evitar que pessoas chegassem at� os pontos mais cr�ticos da Regional Venda Nova, mas a Defesa Civil de Belo Horizonte sustenta que as caracter�sticas da regi�o impedem um plano de fechamento de tr�nsito efetivo para o local. Segundo o coronel Alexandre Lucas, a din�mica da Vilarinho � muito diferente, por exemplo, da Avenida Tereza Cristina, onde h� um plano mais eficaz de bloqueios. “H� muito mais ruas que alimentam a Vilarinho, e por isso a situa��o � muito mais dif�cil. Fizemos alguns fechamentos durante a chuva, mas as pessoas seguem por outros caminhos e chegam do mesmo jeito. Garanto que estamos avaliando junto � BHTrans todas as possibilidades, mas ali o problema � gigantesco”, afirmou.

Bombeiros fazem buscas por rapaz

Jonnattan Reis Miranda, de 28 anos, desapareceu na Avenida Vilarinho e é procurado pelos bombeiros(foto: Arquivo pessoal)
Jonnattan Reis Miranda, de 28 anos, desapareceu na Avenida Vilarinho e � procurado pelos bombeiros (foto: Arquivo pessoal)

Com tr�s mortes em decorr�ncia das chuvas confirmadas na Regi�o de Venda Nova, em Belo Horizonte, e um homem afogado na Regi�o Norte, o Corpo de Bombeiros mant�m buscas por outra pessoa que desapareceu durante a enchente na Avenida Vilarinho, na noite de quinta-feira. De acordo com testemunhas, trata-se de um homem que pulou em uma galeria em frente ao Cart�rio do Registro Civil e Notas de Venda Nova.

Parentes do rapaz desaparecido, Jonnattan Reis Miranda, de 28 anos, informaram que a fam�lia � do interior de Minas e se mudou para Belo Horizonte para tratamento do rapaz, que sofre de esquizofrenia grave desde os 13 anos. Ele faz uso de medica��o constante e havia tomado os rem�dios antes de ter um surto na noite de quinta-feira.

Escola Municipal Francisco Magalhães Gomes perdeu todo o alimento da merenda(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Escola Municipal Francisco Magalh�es Gomes perdeu todo o alimento da merenda (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


A m�e se esfor�ou para que ele n�o pulasse uma janela do im�vel, que fica pr�ximo � Avenida Vilarinho, mas ele conseguiu escapar. Ela ligou para a Pol�cia Militar (PM) e para o plano de sa�de que o atende, no entanto, nenhum deles compareceu, segundo a fam�lia.

Ainda de acordo com os parentes, a m�e foi atr�s de Jonnattan, mas n�o conseguiu alcan��-lo, j� do outro lado da avenida, no momento da chuva. Um rapaz que estava nas proximidades disse ter visto o momento em que ele entrou na �gua e desapareceu.



A Defesa Civil ainda aguarda a confirma��o da causa da morte de um homem, ainda sem identifica��o, encontrado na manh� de ontem na Ocupa��o Vit�ria, entre Belo Horizonte e Santa Luzia, Regi�o Norte da capital. Segundo informa��es passadas pelo Corpo de Bombeiros, moradores disseram que a v�tima estava embriagada e tentou atravessar a enxurrada a nado na noite de quinta feira, quando desapareceu sob as �guas.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

Armadilha e preju�zos

Na Avenida Vilarinho, diante da impossibilidade apontada pela Prefeitura de Belo Horizonte de montar bloqueios de tr�fego que impe�am efetivamente a entrada de pessoas na �rea cr�tica, quando chove forte na �rea o roteiro se repete: carros arrastados, �gua entrando em casas e lojas e o medo tomando conta da popula��o. Segundo a Defesa Civil, foram 97 mil�metros de chuva na Regional Venda Nova em um dia, 40% do que � esperado para novembro. Em alguns pontos, o n�vel da �gua superou dois metros de altura.


Esse alagamento foi suficiente para encher de lama, entulho e destro�os a Escola Municipal Francisco Magalh�es Gomes, que fica na Vilarinho em frente � linha do metr�. A �gua derrubou um dos muros da institui��o e invadiu salas, cantina, p�tio e quadra, transformando o ambiente estudantil em um campo de destro�os. Na despensa da unidade, praticamente toda a comida estocada foi destru�da. “� uma situa��o que nos deixou muito abalados. Ter�amos uma semana com apresenta��es que n�o ser�o mais poss�veis. Agora vamos ver o que fazer”, disse, entristecida, a vice-diretora Zuleika Rufino.

Ver galeria . 11 Fotos Estação Vilarinho, na Região de Venda Nova, foi atingida pela enchente na avenida de mesmo nome. Plataformas dos ônibus da BHBus e do metrô ficaram alagadas na noite de quinta-feira, feriado da Proclamação da RepúblicaCristiane Silva/EM
Esta��o Vilarinho, na Regi�o de Venda Nova, foi atingida pela enchente na avenida de mesmo nome. Plataformas dos �nibus da BHBus e do metr� ficaram alagadas na noite de quinta-feira, feriado da Proclama��o da Rep�blica (foto: Cristiane Silva/EM )


“A cantina tinha sido toda reformada este ano, e agora vamos ter que fazer de novo. Mas o mais complicado � a perda de vidas. Isso que nos deixa mais tristes e � muito dif�cil de lidar”, lamentou a cantineira Maria Marcia Luciana Silva Oliveira. Outro ponto que ficou destru�do foi a loja do comerciante Robert Saff, de 38, onde ele comercializa �gua, balas, salgados e outras guloseimas h� cerca de quatro meses. “A gente trabalha o ano todo para acontecer isso. Fizemos um investimento que j� foi embora. Perdi R$ 40 mil com essa chuva. A situa��o aqui � reincidente. N�o temos mais condi��es de ficar nesse local. Vou apenas esperar para colocar as ideias no lugar e procurar uma alternativa para o meu neg�cio. A vida � feita de recome�os”, disse.

Ao longo da Avenida Vilarinho e da Rua Doutor �lvaro Camargos, praticamente todos os lojistas colocaram mercadorias para fora na tentativa de limpar as lojas. Na �lvaro Camargos, a for�a da �gua ainda arrancou v�rias placas de asfalto. Ontem, carca�as de ve�culos destru�dos ainda permaneciam espalhadas, especialmente pela Vilarinho. Um dos carros arrastados pela correnteza foi o do pedreiro Luis Sales dos Santos, de 49. “Quando acelerei, veio uma tromba d’�gua e a correnteza foi tomando conta. Fui para cima do carro e vi que a �gua continuou subindo. A� o carro virou e eu pulei para a grade do metr�. J� estava bastante cansado, mas consegui subir em uma �rvore. De l� vi meu carro ser levado”, afirma. Nas proximidades Cristina Pereira Matos, de 40 anos, e Sofia Pereira, de 6, m�e e filha, n�o conseguiram se salvar e morreram no Palio que foi jogado pela enxurrada na linha do metr�.

Fim tr�gico de 19 horas de opera��o

Anna Luísa Fernandes de Paiva Maria, de 16 anos, era estudante do Cefet-MG. Corpo foi encontrado ontem(foto: Reprodução da internet,WhatsApp)
Anna Lu�sa Fernandes de Paiva Maria, de 16 anos, era estudante do Cefet-MG. Corpo foi encontrado ontem (foto: Reprodu��o da internet,WhatsApp)


A terceira v�tima da chuva em Venda Nova por pouco n�o foi salva pelo Corpo de Bombeiros. Uma guarni��o passava pela Rua �lvaro Camargos quando tudo aconteceu. Anna Lu�sa Fernandes de Paiva Maria desapareceu depois de sair do carro do namorado e ser sugada pela correnteza por um bueiro, que ficou sem tampa. Segundo o tenente Pedro Aihara, da assessoria de comunica��o dos Bombeiros, o carro dirigido pelo namorado de Anna parou no momento em que atingiu o buraco da galeria, aberto pela for�a da �gua. Ele saiu por um lado do ve�culo e a adolescente, pelo outro. Como a �gua tinha coberto todo o asfalto, ela n�o viu o buraco e acabou arrastada.


A viatura dos bombeiros que seguia para o resgate de pessoas na Avenida Vilarinho passou no momento e foi alertada por testemunhas da ocorr�ncia com Anna Lu�sa. Um militar ainda tentou puxar a adolescente, mas n�o conseguiu salv�-la e por pouco n�o foi arrastado tamb�m. Ontem, as buscas se concentram de duas formas, durante 19 horas: cerca de 50 militares fizeram varredura de galerias e tamb�m percorreram o leito aberto do C�rrego Vilarinho. Uma aeronave apoiou os trabalhos e drones foram usados nas buscas. Foram justamente as imagens de um desses aparelhos que apontaram a localiza��o do corpo, �s margens do curso d’�gua, na altura do Bairro Xod� Marize, Norte de BH, a quatro quil�metros de onde ela submergiu.

O Cefet-MG, onde Anna Lu�sa estudava, divulgou nota na tarde de ontem manifestando profundo pesar pelo falecimento da aluna, que estava no segundo ano do curso t�cnico em meio ambiente, integrado ao ensino m�dio. A conclus�o do curso estava prevista para 2019.


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