
A batida violenta envolvendo um �nibus e um micro-�nibus que matou um adolescente de 14 anos na madrugada de ontem na BR-381, em Betim, Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, exemplifica um tipo de acidente cujas estat�sticas divergiram das de mortes por batidas em geral nas BRs mineiras em 2018. Enquanto houve redu��o da m�dia mensal de mortes entre 2017 e 2018 nas rodovias federais de responsabilidade da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) no estado, o n�mero de �bitos por m�s em colis�es traseiras, como a que ocorreu entre os dois ve�culos de passageiros, n�o diminuiu. Al�m disso, no ano passado, que tem dados de janeiro a novembro consolidados, esse tipo de batida ficou mais letal, com uma vida perdida a cada 17 acidentes desse tipo. Em 2017, a propor��o havia sido de um �bito por 23 batidas. No caso de ontem, um coletivo que levava trabalhadores de uma empresa de Betim acertou com for�a a traseira de um micro-�nibus, que estava a apenas 10 quil�metros do destino final ap�s uma jornada de quase 470 quil�metros entre Itabirinha, no Vale do Rio Doce, e Betim. O ve�culo menor parou em uma faixa zebrada fora das pistas de rolamento, segundo os primeiros levantamentos periciais, quando o condutor percebeu uma falha indicada no painel de instrumentos, onde foi atingido pelo maior.
Os dados da PRF mostram que em 2017 foram registradas 1.749 colis�es traseiras, com 76 mortos, no estado, o que significa 6,33 mortes por m�s, em m�dia. De janeiro a novembro do ano passado, foram 1.254 colis�es traseiras e 70 mortes, o que confere uma m�dia mensal de 6,36 vidas perdidas. O ligeiro aumento das mortes por m�s em um contexto de diminui��o das batidas indica ocorr�ncias mais letais e vai na contram�o do movimento percorrido pelos �bitos por todos os tipos de acidentes. Em 2017, o estado teve 869 mortes em 12.709 acidentes. Em m�dia, foram 72,41 vidas perdidas por m�s. J� em 2018, de janeiro a novembro, foram 632 �bitos em 895 acidentes. Considerando 11 meses, a m�dia foi de 57,45 �bitos por m�s, redu��o de 20,67%.
Para o inspetor Aristides J�nior, chefe do N�cleo de Comunica��o Social da PRF em Minas, as colis�es traseiras est�o sempre relacionadas a falhas humanas e por isso os motoristas devem tomar alguns cuidados para evitar esse tipo de acidente. “Primeiro, manter a dist�ncia de seguran�a para o ve�culo que est� transitando � sua frente. Viajando preferencialmente durante o dia voc� tem visibilidade maior, ent�o a possibilidade de colis�o traseira diminui”, diz o policial. J�nior ainda destaca a necessidade de sinalizar muito bem o ve�culo que precise parar no acostamento em caso de emerg�ncia, com o uso do tri�ngulo e de galhos de �rvores, al�m do pisca-alerta.
“Uma boa sinaliza��o vai trazer seguran�a maior para os outros motoristas que est�o transitando na rodovia caso o seu ve�culo apresente algum defeito”, afirma. O inspetor ainda pontua que viagens noturnas est�o mais suscept�veis ao sono e � falta de visibilidade, que s�o fatores geradores de batidas traseiras. Por fim, � preciso redobrar a aten��o na hora de ingressar nas pistas de rolamento depois de parar no acostamento ou em �reas permitidas por alguma raz�o. “Tome muito cuidado antes de fazer essa manobra. Verifique como est� o fluxo de ve�culos para que voc� n�o adentre na frente de algum outro ve�culo que est� vindo com velocidade maior e que pode n�o conseguir parar e acabar colidindo na sua traseira”, completa.

PER�CIA A colis�o violenta que causou a morte do jovem Gabriel Dias Duarte, de 14 anos, ser� investigada pela Pol�cia Civil. Segundo o perito Fernando Fonseca Furtado, as medi��es das marcas de pneus indicam que o ve�culo menor estava posicionado na faixa zebrada, onde � proibido parar e estacionar, � direita da rodovia, no sentido S�o Paulo. “Atrav�s das medi��es que fizemos no local e da compatibilidade das dist�ncias das marcas encontradas com as dist�ncias das rodas dos pneus, a gente pode afirmar, preliminarmente, que isso indica que o �nibus (menor) estava sobre a faixa zebrada”, informou o perito. Ele ainda explicou que o �nibus branco (maior) entrou cerca de 1 metro nessa faixa zebrada, onde colidiu com o ve�culo menor. “S�o informa��es preliminares e s� ap�s um exame detalhado do local, an�lises mais minuciosas, � que vamos dar esse parecer, por meio do laudo pericial”, pontuou.
O motorista do �nibus maior, Morgano Pereira de Carvalho, que levava funcion�rios de Belo Horizonte � empresa Teksid, alegou que o micro-�nibus estava ocupando parte da terceira faixa do lado direito da rodovia e n�o sinalizou a parada, o que teria contribu�do diretamente para que ele fosse surpreendido pelo ve�culo. Ele reclamou que o trecho estava mal iluminado e que um caminh�o seguia � sua frente. O ve�culo de carga conseguiu desviar do micro-�nibus, mas ele n�o teve sucesso. J� Isaac Francisco de Assis, de 32, que dirigia o micro-�nibus, alegou que seguia viagem para Betim quando o painel de instrumentos do ve�culo apontou uma mensagem de problema, indicando que ele procurasse a concession�ria respons�vel. Ele afirma que encostou o ve�culo totalmente na faixa zebrada, fora da rodovia, ligou o pisca-alerta e foi at� a frente do micro-�nibus. Cerca de tr�s ou quatro minutos depois, ouviu um barulho que parecia um estouro de pneu, e j� viu o micro-�nibus sendo arrastado e parando com a frente virada para tr�s.
Equipes do Corpo de Bombeiros, do Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu), Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) e da concession�ria Autopista Fern�o Dias se mobilizaram para atender as v�timas. Ao todo, foram 45 pessoas envolvidas. Gabriel Dias Duarte era passageiro do micro-�nibus e morreu no local. Outras duas v�timas foram socorridas com ferimentos graves, 22 m�dias e 20 leves. Do total, 39 eram funcion�rios a caminho da Teksid no �nibus maior. O micro-�nibus foi contratado para levar moradores de Betim at� Itabirinha, no Vale do Rio Doce, de onde eles voltavam no momento do acidente. Ele tinha capacidade para 29 pessoas, mas transportava apenas nove. Sebasti�o Vicente Galdino, que � dono da Galdino Xavier Transportes e Turismo Ltda, respons�vel pelo micro-�nibus, disse que a empresa tem todas as autoriza��es necess�rias para o transporte de passageiros tanto dentro de Minas Gerais quanto para viagens interestaduais. A PRF informou que os documentos dos dois ve�culos estavam em dia, mas ainda checaria as autoriza��es de viagem.
