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Estado de Minas

Ouro Preto busca parcerias para celebrar 300 anos da Sedi��o de Vila Rica

Restaura��o do Solar dos Pedrosa, em Cachoeira do Campo, faz parte das a��es de Ouro Preto para marcar os 300 anos da revolta liderada por Filipe dos Santos (1680-1720)


postado em 17/01/2019 06:00 / atualizado em 17/01/2019 09:42

Casarão do Solar dos Pedrosa, cenário da épica Guerra dos Emboabas, que teve início do restauro em setembro do ano passado (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Casar�o do Solar dos Pedrosa, cen�rio da �pica Guerra dos Emboabas, que teve in�cio do restauro em setembro do ano passado (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Ouro Preto – Minas Gerais vai lembrar, no ano que vem, um dos epis�dios mais importantes da hist�ria: tr�s s�culos da Sedi��o de Vila Rica, cujo protagonista Filipe dos Santos (1680-1720) se revoltou contra a cobran�a de impostos pela Coroa portuguesa e foi condenado � morte. Com anteced�ncia, a Prefeitura de Ouro Preto vem se preparando para reverenciar a mem�ria do minerador portugu�s e expoente do movimento que teve em Cachoeira do Campo um dos palcos mais importantes. O objetivo das autoridades � buscar parceria com governos federal e estadual, envolvendo a comunidade em projetos de educa��o patrimonial, a fim de homenagear a mem�ria e jogar mais luz sobre essa p�gina do in�cio do s�culo 18 que representa o “nascimento” de Minas.

Entre as a��es para marcar a data, est� a restaura��o do Solar dos Pedrosa, vizinho da Matriz de Nossa Senhora de Nazar� que foi cen�rio de outros momentos �picos como a Guerra dos Emboabas. Nos pr�ximos dias, ser� retomada a obra no im�vel alvo de recursos de financiamento da prefeitura no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), no valor de R$ 1 milh�o e contrapartida do munic�pio de R$ 200 mil. O secret�rio de Cultura e Patrim�nio de Ouro Preto, Zaqueu Astoni Moreira, explica que, devido ao per�odo eleitoral, houve atraso no repasse dos recursos por parte do banco. “J� temos 20% dos servi�os prontos e agora a empresa encarregada vai continuar o trabalho”, assegura.

Na semana passada, em companhia da arquiteta coordenadora do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) Cidades Hist�ricas pela Prefeitura de Ouro Preto, a arquiteta D�bora Queiroz, a equipe do Estado de Minas visitou o �ltimo sobrado de Cachoeira do Campo. Nascido e criado no distrito, o professor de hist�ria da arte e autor de dois livros sobre Ouro Preto, Alex Bohrer, informa que havia 230 im�veis hist�ricos, metade sobrados, metade casar�es, restando apenas, na Pra�a Felipe dos Santos ou da Matriz, o Solar dos Pedrosa, nome de uma fam�lia que ali residiu. Dos casar�es, h� um de pedra perto da igreja que atrai a aten��o dos visitantes. 

(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


SERVI�OS
Iniciada em setembro, a obra no sobrado tem estimativa de ser conclu�da em sete meses. De acordo com a prefeitura, o primeiro andar do pr�dio do fim do s�culo 18 e come�o do 19 vai abrigar ag�ncia banc�ria, que o distrito ainda n�o tem, e ag�ncia do correio. J� para o segundo andar ser� definida a fun��o, podendo cultural ou��o administrativa.

Devido aos tapumes que cercam a edifica��o inventariada pela prefeitura em 2007 e desapropriada tr�s anos depois, fica imposs�vel ver o que foi feito at� agora, mas a expectativa � grande. “N�o � uma constru��o da �poca da Sedi��o de Vila Rica ou Sedi��o de Filipe dos Santos, mas um monumento importante do distrito e de Ouro Preto, localizado bem ao lado da igreja”, diz Alex Bohrer, defensor de fun��o totalmente cultural para o pr�dio. Bohrer lembra que, dentro da igreja matriz, ainda em constru��o em 1708, o portugu�s Manuel Nunes Viana se sagrou, por aclama��o popular, primeiro governador das Gerais. Eram tempos da Guerra dos Emboabas e distrito distante 22 quil�metros da sede municipal foi campo da batalha mais sangrenta na disputa pelo ouro.

Hoje, residente em Barbacena e sempre atuante em defesa dos bens culturais de Cachoeira do Campo, Rodrigo da Concei��o Gomes, ex-l�der comunit�rio, considera bem-vinda a recupera��o do sobrado colonial, “testemunha de v�rios feitos importantes”. O quintal, com 2,5 mil metros quadrados, dever� se tornar mais um atrativo com suas jabuticabeiras e plantas para promover a revitaliza��o do espa�o e conv�vio sob as �rvores. 

HIST�RIA
Lendas e fatos hist�ricos povoam a hist�ria de Filipe dos Santos e em seu livro Ouro Preto – um novo olhar, Alex Bohrer explica a Sedi��o de Vila Rica. “Em 1720, o governo portugu�s prop�s a instala��o de casas de fundi��o em Minas. Isso gerou descontentamento geral entre os mineradores. Logo come�aram manifesta��es pelos arraiais da regi�o. O ponto alto da revolta aconteceu na Pra�a da Matriz de Cachoeira do Campo, onde Filipe dos Santos, um dos l�deres sediciosos, apregoava forte discurso contra o governo portugu�s. No adro da igreja foi preso e levado para Vila Rica, onde foi enforcado e esquartejado na presen�a do governador, o conde de Assumar.”

O autor explica que “ao contr�rio do que diz a hist�ria oficial, a tradi��o local conta que Filipe foi arrastado por cavalos pela Ladeira (atual Rua Padre Afonso de Lemos), onde foi esquartejado sem julgamento pr�vio. De qualquer forma, a pra�a principal de Cachoeira (local da pris�o e onde ficou exposta uma parte do corpo do condenado) hoje leva o nome de Filipe dos Santos”.

E mais: “O Conde de Assumar, ap�s esse epis�dio, sugeriu ao Rei de Portugal a separa��o das Minas e S�o Paulo (que at� ent�o formavam uma s� capitania). Era o nascimento de Minas Gerais. Assumar ainda prop�s que se constru�ssem em Cachoeira um quartel e um pal�cio para os governadores de Minas, tendo em vista o ponto estrat�gico que o local era por excel�ncia, aqui convergindo os principais caminhos da capitania, lugar ideal, como argumentou, para uma capital. O quartel seria constru�do j� em 1720 e reconstru�do em 1779, quando se tornaria c�lebre. Por�m, achou-se melhor conservar Vila Rica como capital oficial, enquanto Cachoeira possuiria um Pal�cio de Campo para os governadores, onde, longe da turbul�ncia de Vila Rica, seria mais seguro residir. As ru�nas deste luxuoso Pal�cio de Campo continuam como testemunhas mudas de um dos movimentos hist�ricos que mais despertou interesse dos pesquisadores: a Inconfid�ncia Mineira.” 

Escoramento

A decad�ncia do pr�dio levou, em 2015, o Minist�rio P�blico Minas Gerais (MPMG), por meio dos promotores de Justi�a, Marcos Paulo de Souza Miranda, ex-coordenador das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico, e da comarca, Domingos Ventura de Miranda J�nior, a intervir e pedir o escoramento, feito com pe�as de madeira e metal. Na �poca, as autoridades municipais descartaram o desabamento e esclareceram que, “ao assumir a pasta e por conhecer a import�ncia da edifica��o, foi colocada toda a equipe para fazer projeto e buscar as parcerias institucionais para o restauro”.


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