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Estado de Minas

'Estou com dengue. A falta de investimentos em sa�de p�blica e saneamento d�i na pele'

Jornalista do EM, Gustavo Werneck conta como tem sido seus dias desde que contraiu a doen�a, transmitida pelo Aedes agypti. Leia o depoimento


postado em 11/05/2019 06:00 / atualizado em 11/05/2019 08:05

“Estou com dengue – e n�o desejo esse mal, ou melhor, essa praga, a ningu�m, nem mesmo a quem mere�a. A primeira li��o aprendida nesses dias de dor de cabe�a intensa, febre, corpo sem for�a e confus�o mental (isso mesmo, sem exagero!), entre outros perigos, � que nunca mais vou tratar a doen�a causada pela picada do mosquito Aedes aegypti como algo a que estou imune. A gente pensa: ‘acontece com os outros, comigo, nunca’ e a� um belo dia est� com uma ‘caixa de marimbondos’ no lugar dos miolos, uma zoeira que n�o tem descanso nem rem�dio que d� jeito.

O primeiro sinal foi na noite de sexta-feira da semana passada, quando estava feliz com minha folga, o resultado (�timo) do exame ergom�trico e a perspectiva de descanso no fim de semana. Mas deu ruim. Do nada, a cabe�a come�ou a doer e achei que pudesse ser pelas v�rias horas seguidas na frente do computador. A voz foi sumindo. Custei a dormir e, na manh� seguinte, o corpo s� pedia cama. Levantava e deitava – e, juro, nem pensei que pudesse ser efeito da maldita dengue.


Com o passar das horas, o corpo foi se tornando imprest�vel, mas, como n�o sentia n�useas, n�o fazia v�mitos, nem estava com pintinhas vermelhas espalhadas por bra�os, pernas, etc., resolvi relaxar. E descansar. Como estava fora de BH, passei num posto de sa�de, mas a fila me intimidou. Na segunda-feira, j� na capital, tomei ju�zo e fui a um hospital da Zona Sul. Nem precisa dizer que estava lotado, pois, somando-se �s suspeitas de dengue, estavam os casos de doen�a respirat�ria.

Aguentei firme por mais de quatro horas at� ser atendido por uma m�dica j� de posse do meu exame de sangue.

Plaquetas baixas, indicativo de dengue, informou a doutora, que desfiou o ros�rio de cuidados necess�rios, incluindo muita hidrata��o. Prescreveu alguns rem�dios, mas foi taxativa: muito l�quido e repouso. A partir da�, foram tr�s dias de prostra��o. Vontade de fazer nada, cabe�a pesada e pensamento vago. E pensava, pensava com meus bot�es: Ser� que o prefeito j� teve dengue?
Ser� que o secret�rio de Sa�de passou por isso? O presidente, o senador, o deputado?

Para piorar o quadro, veio junto com as pintinhas vermelhas e demais inc�modos uma coceira insuport�vel. Acordei uma noite com as m�os inchadas. Co�ava, cocava e n�o parava. Adormeci e, com os dias, esse inc�modo foi sumindo. Entre os dedos dos p�s, o mesmo.


Na manh� de ontem voltei ao hospital para o terceiro exame de sangue (um fiz em laborat�rio) e outro m�dico me explicou que agora vem a segunda fase. As plaquetas est�o ok, mas fique atento a sangramentos, e, qualquer anormalidade, ‘volte aqui’. Entendi a recomenda��o e estou seguindo � risca, embora esteja rezando dobrado para n�o ter surpresas.

Agora, � esperar pelo fim deste triste epis�dio que em priscas eras anunciava o ver�o e hoje fica em cartaz no outono. E fico aqui pensando: a cidade, o estado, o pa�s est� infestado de mosquitos e doen�as. Infelizmente, pode n�o ser a �ltima epidemia, e posso pegar de novo. Concluo, sem medo de errar: a falta de investimentos em sa�de p�blica e saneamento b�sico d�i na pele. E o pior dos pesadelos � constatar, na pr�tica, o porqu� disso.”


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