Jovem perde carteira dentro do Uber e, com ajuda de Fabr�cio Carpinejar, consegue recuper�-la

Quem nunca sofreu com a perda de um documento, chaves, dinheiro ou celular? A sensa��o de n�o saber onde se encontram tais pertences � horr�vel e nos envolve em uma procura incans�vel. Foi essa a afli��o que Fellipe Gusm�o Rafael sentiu nos �ltimos dias, depois de sair de um evento que ocorria no Mineir�o, no domingo (19), em BH. No entanto, gra�as a um post no Instagram, feito pelo escritor Fabr�cio Carpinejar, ele conseguiu reaver sua carteira, nesta ter�a-feira (21). O objeto foi perdido durante uma corrida em um ve�culo de transporte por aplicativo.

Felipe, de 28 anos, � barman, mora no Bairro S�o Francisco, na regi�o da Pampulha. Com seu irm�o, depois de aproveitar a tarde de domingo em um evento sobre m�sica e cerveja no Mineir�o, eles decidiram utilizar o Uber ao voltar para casa. O irm�o de Felipe foi o respons�vel por chamar o carro por meio de seu smartphone. Viagem curta, cerca de 3 quil�metros.

Depois que chegou em casa, ao entrar em seu quarto, o jovem barman percebeu que em seu bolso n�o se encontrava a carteira, que continha documentos pessoais, cart�es de banco e R$ 200 em dinheiro.

Imediatamente, Felipe chamou o irm�o e relatou a perda. Os dois logo comunicaram � Uber sobre o ocorrido, com a esperan�a de conseguir o contato do motorista que transportou os jovens. Por�m, por conta de uma pol�tica da empresa, esses dados n�o poderiam ser revelados a terceiros. O que iria ser feito seria um comunicado direto com o motorista, a fim de confirmar o caso e assim prosseguir com a devolu��o.

A empresa chegou a confirmar que um objeto foi encontrado no interior do carro, mas tamb�m n�o podia afirmar o que era. “Ficaram nessa de conversa pra l�, conversa pra c�, e nada se resolveu”, relatou Felipe, em entrevista ao Estado de Minas.

O que ele n�o esperava � que o motorista tamb�m estava procurando por ele. Al�m disso, n�o imaginava que sua pequena hist�ria poderia ir parar no perfil do escritor Fabr�cio Carpinejar. Tudo porque Carpinejar ficou sabendo da hist�ria e resolveu ajudar procurando-o por meio de um post no Instagram.

E hoje, em seu dia de folga, o jovem que at� ent�o n�o tinha not�cias de sua carteira, recebeu uma liga��o de sua chefe dizendo que sua perda estava sendo divulgada pelo escritor.


Sem perder tempo, mandou mensagem via direct para Fabr�cio, que logo passou o telefone do condutor da corrida de domingo e, assim, Felipe p�de entrar em contato e combinar a entrega de seus pertences para o dia de hoje.

Apesar do final feliz, Felipe fez quest�o de destacar: “Deveria ser mais f�cil para quem perde seus objetos ter a chance de recuper�-los. Agrade�o ao Carpinejar pelo post”.

MOTORISTA Vanderson Marques Guimar�es, de 38 anos, � casado e tem uma filha. Morador de Belo Horizonte, trabalha no Uber h� dois anos e revela j� ter encontrado de tudo dentro de seu ve�culo: “Telefone, chave, �culos, guarda-chuva, bolsas e at� sapatos eu encontrei nos bancos do meu carro”. Ele refor�a que sempre entra em contato com o cliente para tentar uma devolu��o, sem maiores dores de cabe�a.

No �ltimo domingo, mais uma vez, Vanderson se viu diante dessa situa��o, ao terminar uma corrida nos arredores do est�dio Mineir�o. E s� percebeu que havia algo perdido dentro de seu carro, por causa de um cliente que o solicitou no mesmo dia, que, ao entrar no carro, viu a carteira e comunicou ao motorista. O condutor logo reconheceu a foto na habilita��o e lembrou que era o jovem que h� pouco havia descido no Bairro S�o Francisco.“Sempre dou um jeito de devolver os pertences, procuro a pessoa ou ela me procura, mas nesse dia eu j� estava longe daquela regi�o, ent�o decidi resolver mais tarde”, afirma.

Vanderson, que tamb�m � contador e divide essa atividade em seu dia-a-dia como motorista de aplicativo, entrou em contado com a Uber, ainda no domingo a noite. Mas como j� foi dito aqui, a pol�tica existente na companhia impediu que o motorista tivesse o contato do cliente.

A empresa chegou at� a reportar ao usu�rio, neste caso irm�o de Felipe, sobre a perda, por�m, faltou agilidade nos e-mails para que a burocracia n�o impedisse a devolu��o do bem material. "Cheguei a vasculhar a carteira dele, mas n�o tinha nenhum endere�o”, ressalta Vanderson.

O que o motorista n�o esperava era que o destino, nesta ter�a-feira, iria ajud�-lo a encontrar o dono da carteira. Ao sair para trabalhar, como de costume, Vanderson atendeu uma solicita��o de corrida, como de costume. Quando chegou ao local, o solicitante era Fabr�cio Carpinejar, poeta e jornalista brasileiro, com v�rios livros publicados.

Durante a corrida, os dois, como revelou Vanderson ao jornal, bateram um papo sobre honestidade. E o motorista aproveitou e contou o que lhe ocorreu nos �ltimos dias. “Contei o epis�dio que aconteceu comigo e relatei a ele (Carpinejar) que isso estava me incomodando, e que n�o gostaria de deixar a carteira na pol�cia. ‘Prefiro entregar pessoalmente’. E o Fabr�cio logo se ofereceu para fazer uma campanha em sua conta pessoal do Instagram. Menos de 10 minutos depois, o escritor me ligou informando j� ter o contado do Felipe”, conta Vanderson. E assim foi poss�vel os dois se encontrassem hoje, por volta das 12h, para que a carteira voltasse para seu dono.

PERDAS EM VE�CULOS DE TRANSPORTE POR APLICATIVO
Vanderson Marques informou que a Uber cobra uma taxa de R$ 15 aos usu�rios que solicitam a entrega de seus bens perdidos dentro dos carros. O valor � referente ao deslocamento do motorista. Entretanto, ele refor�a que sempre faz o poss�vel para que a entrega ocorra de forma amig�vel entre as duas partes, e refor�a que a empresa deveria valorizar mais seus motoristas, pois tanto ele quanto seus amigos da �rea trabalham com honestidade e integridade. O motorista destaca a boa a��o do usu�rio, que utilizou o servi�o depois de Felipe, pois foi ele quem informou sobre a carteira, sem subtrair nada de seu interior.

E essa �tica n�o � valorizada, segundo Vanderson pela Uber. Ele protesta diante do desconto de 25% que a empresa retira de cada corrida efetuada, valor por ele considerado alto diante dos perigos e surpresas que passam diariamente, pois com apenas dois meses trabalhando � frente do volante, foi v�tima de um assalto a m�o armada, epis�dio triste que revela ter perdido o ve�culo e bens materiais para o ladr�o.

No final do encontro, Vanderson ainda recebeu uma Amarula artesanal, produzida por Felipe, como forma de agradecimento.

* Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Ellen Cristie