
Casais de namorados � procura de tranquilidade para curtir seus momentos, apreciadores solit�rios da paisagem urbana que se emenda com as montanhas ou visitantes em busca de novas trilhas t�m, agora uma guarita no seu caminho. H� uma semana, o equipamento de seguran�a, ainda sem vigilante, foi instalado na subida do Mirante da Caixa D'�gua, no Bairro Mangabeiras, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Com parte da cancela coberta por uma lona preta, o novo sistema de prote��o vem causando surpresa a quem passa por ali, a exemplo de um jovem motoboy na hora do almo�o. Al�m da novidade, h� um mist�rio: nem a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), nem a Copasa, dona do reservat�rio de abastecimento, ou demais autoridades sabem quem colocou a guarita na subida da Rua Alcides Pereira Lima, quase esquina com Jo�o Ceschiatti.
Na tarde de quarta-feira, o presidente da Associa��o dos Moradores do Bairro Mangabeiras, Rodrigo Bedran, disse que, nos �ltimos cinco anos, vem pedindo provid�ncias � PBH devido � situa��o no alto do mirante: “H� assaltos a m�o armada, as pessoas que visitam o local chegam a ficar desnudas, pois roubam tudo, at� as roupas”. A situa��o se complica com o uso de drogas, m�sica alta e lixo espalhado por todo lado”, acrescenta.
O barulho tem incomodado a vizinhan�a, obrigada, segundo Bedran, a conviver com “m�sica funk” na maior altura, principalmente � noite. “Pelas informa��es que temos, as pessoas dan�am at� sobre a caixa d'�gua. O problema vem se agravando ano a ano”, relata. Na avalia��o do presidente da associa��o, a iniciativa de colocar a guarita resulta das den�ncias da associa��o.
No in�cio da tarde, o motoboy (de entrega de alimentos) Isaque Rocha, de 19 anos, morador do Bairro Calif�rnia, na Regi�o Noroeste da capital, ficou frustrado quando estava se preparando para subir a Rua Alcides Pereira Lima, que tem como prologamento a Rua Ministro Villas Boas. “Sempre que estou na regi�o, trago meu almo�o e vou comer com tranquilidade l� no alto. Na semana passada estive aqui, e n�o tinha nada. Hoje, tem a guarita”, comentou o rapaz. Para n�o perder tempo, muito menos o passeio, Isaque decidiu subir a ladeira de 350 metros, sem reclamar do sol quente. J� a moto ficou estacionada na Rua Jo�o Ceschiatti.

APURA��O
De acordo com a PBH – a exist�ncia da guarita misteriosa foi comunicada pelo Estado de Minas – ser� enviada uma equipe ao local para apurar a responsabilidade sobre a instala��o do equipamento, que tamb�m n�o � da Pol�cia Militar. Sobre a legalidade de fechamento de vias p�blicas sem sa�da, t�cnicos da PBH informam que “tais a��es s�o objeto de processo aberto junto � Diretoria Central de Patrim�nio/Subsecretaria de Administra��o e Log�stica da Secretaria Municipal da Fazenda”. E mais: quando solicitadas, as a��es s�o analisadas e podem ou n�o ser deferidas.
Em nota, a Copasa informa que “a guarita de seguran�a na subida do mirante, no Bairro Mangabeiras, n�o � de responsabilidade da empresa”. Sobre o n�mero de ocorr�ncias policiais na regi�o, a PM informa que tais registros n�o s�o divulgados, ficando restritos � institui��o para decidir sobre o aumento do policiamento. J� a Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp) informou que os dados “s�o fornecidos apenas por munic�pios por estrat�gia de seguran�a”.
PERIGOS
Em reportagem publicada pelo EM em mar�o de 2018, os moradores do Bairro Mangabeiras, uma das �reas mais nobres da capital, denunciavam que o mirante se tornara s�mbolo de abandono, marcado pela depreda��o do patrim�nio p�blico, descarte de lixo, falta de manuten��o e viol�ncia. Os problemas, segundo a popula��o local, come�aram com uso de drogas, sexo dentro de ve�culos, descarte de lixo em qualquer lugar, invas�o da caixa d’�gua de responsabilidade da Copasa, m�sica alta nos equipamentos de som dos ve�culos e o pior: assaltos.
Na �poca, a Associa��o de Moradores do Bairro Mangabeiras apontou como a melhor op��o para resolver o problema uma interven��o urbana para transformar o local p�blico em um mirante oficial, com controle de acesso das pessoas e hor�rio de funcionamento. A Pol�cia Militar garantiu ir ao topo at� 20 vezes por dia, focando na preven��o de crimes no mirante, mas a corpora��o tamb�m admite que tem dificuldades de agir de forma repressiva, pois muitas vezes os criminosos que conseguem ver a aproxima��o das viaturas dispensam materiais il�citos antes de ser abordados.