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Estado de Minas

Sarampo: Minas est� perto de confirmar o maior n�mero de casos em 20 anos

Perto de chegar a nove diagn�sticos, desafio da sa�de p�blica em Minas retrocede a n�veis de 1999 no combate ao v�rus. Temor de cont�gio come�a a gerar interdi��o de escolas


postado em 04/09/2019 06:00 / atualizado em 04/09/2019 07:39

Emei do Bairro Mantiqueira foi fechada depois que aluno apresentou sintomas(foto: Márcia Maria Cruz/EM/DA Press)
Emei do Bairro Mantiqueira foi fechada depois que aluno apresentou sintomas (foto: M�rcia Maria Cruz/EM/DA Press)


O medo do sarampo extrapolou as unidades de atendimento m�dico e entrou nas salas de aula, diante de um quadro que amea�a fazer a sa�de p�blica em Minas retroceder duas d�cadas no enfrentamento do v�rus. Depois de interdi��es que v�m se tornando rotina no Sistema �nico de Sa�de (SUS), diante da entrada de casos suspeitos da doen�a, agora os fechamentos come�am a alterar o cotidiano de crian�as, pais e funcion�rios de escolas. Ontem, a Escola Municipal de Educa��o Infantil (Emei) do Bairro Mantiqueira, na Regi�o de Venda Nova, em Belo Horizonte, teve as atividades suspensas, assim como o Hospital do Ipsemg, duas unidades de pronto-atendimento (UPAs) e quatro postos de sa�de. Em 14 dias, o protocolo para bloqueio da virose – com fechamento tempor�rio e desinfec��o de locais pelos quais transitem pacientes com sintomas – foi adotado 33 vezes na capital mineira. A vacina��o continua dispon�vel, gratuitamente, para a popula��o.

As medidas de seguran�a se justificam. O Brasil passou por diversas epidemias de sarampo entre 1968 e 1991, com picos de expans�o que infectavam milhares, em m�dia, a cada dois anos. O v�rus acabou perdendo for�a at� que o pa�s ganhou o certificado de territ�rio livre da doen�a, em 2016. O t�tulo foi perdido neste ano, depois da confirma��o de um caso end�mico. 

Agora, diante da cobertura vacinal insuficiente, a doen�a volta a se alastrar. Em Minas, neste ano j� foram confirmados quatro casos e  cinco pacientes tiveram exame preliminar positivo para a mol�stia. Com isso, o estado pode estar prestes a confirmar o mesmo n�mero de contamina��es registrado em 1999, �ltimo ano com casos aut�ctones – de transmiss�o ocorrida dentro do pr�prio territ�rio. A situa��o pode ser ainda pior, j� que ainda est�o sendo investigadas 73 notifica��es suspeitas.

O medo de a doen�a se espalhar vem provocando transtornos em locais p�blicos, como a Emei Mantiqueira, que fechou as portas ontem, surpreendendo pais que levavam seus filhos � aula. A situa��o j� havia acontecido no dia anterior na Emei Solim�es, na Regi�o Norte da capital. No caso de ontem, o motivo para o cancelamento das aulas foi a suspeita de sarampo em crian�a que chegou � unidade com febre e outros sintomas compat�veis. 

Criança foi levada a posto de saúde, que também sofreu interdição temporária(foto: Márcia Maria Cruz/EM/DA Press)
Crian�a foi levada a posto de sa�de, que tamb�m sofreu interdi��o tempor�ria (foto: M�rcia Maria Cruz/EM/DA Press)


Ela foi levada, �s pressas, para o Centro de Sa�de Jardim Comerci�rio, que fica no mesmo bairro. Na porta da unidade de sa�de, dois cartazes informavam o motivo de as portas estarem fechadas: “Hoje 3/9/19, a unidade se encontra fechada devido a suspeita de sarampo”. Funcion�rios usavam m�scaras e luvas e n�o puderam dar entrevista, mas confirmaram que a crian�a estava sendo atendida.

O clima na vizinhan�a era de muita apreens�o. “Todo mundo do bairro quer, e precisa, se vacinar”, disse Marcos Ant�nio Dias dos Santos, de 45 anos. Morador do bairro h� quatro d�cadas, ele revelou ter ido at� a unidade de sa�de para se imunizar, mas disse n�o ter conseguido atendimento. A atendente Tatiane Patr�cia Moreira de Souza, de 18, foi outra que afirmou n�o ter tido acesso � dose. “O posto de sa�de est� fechado. As pessoas v�o at� l� para se vacinar, mas n�o conseguem”, disse. Para ela, os pais de crian�as da Emei deveriam ter recebido da dire��o orienta��es sobre como proceder. “� um absurdo n�o terem enviado uma notifica��o �s fam�lias esclarecendo o que ocorreu. Os pais chegaram e a escola estava fechada por suspeita de uma crian�a estar com sarampo”, disse. Ningu�m da unidade de educa��o se pronunciou .

Porta fechada


O soldador Carlos Barbosa, de 58 anos, foi at� o centro de sa�de para buscar medicamento para os netos, mas quando chegou as portas da unidade estavam fechadas. Sem ter certeza se tomou a vacina contra o sarampo, ele afirmou que a popula��o fica receosa com avan�o da doen�a. Tamb�m suspenderam o atendimento ontem as UPAs Norte e Pampulha, mesmo protocolo usado nos centros de sa�de Hava�, no Bairro Estrela Dalva, e Waldomiro Lobo, no Bairro Madre Gertrudes, ambos na Regi�o Oeste da cidade, e no Conjunto Paulo VI (Nordeste). Na madrugada, o hospital do Ipsemg, no Centro de Belo Horizonte, fechou ap�s receber um paciente com sintomas. Tratava-se de um alarme falso e, pela manh�, os atendimentos foram retomados.

Morte


O n�vel de alerta contra a doen�a aumentou ainda mais depois que um morador de S�o Paulo, que vivia em Itaquera, na Regi�o Leste da capital paulista, morreu com a doen�a. Foi o primeiro �bito no estado desde 1997 e o primeiro neste ano no pa�s. A proximidade com S�o Paulo, que enfrenta surto, e a baixa cobertura vacinal em Minas elevam a preocupa��o. A estimativa � de que aproximadamente 8,9 milh�es de pessoas em territ�rio mineiro n�o estejam protegidas com as duas doses necess�rias da vacina.

A cada novo boletim epidemiol�gico do sarampo divulgado pela Secretaria de Estado de Sa�de o temor fica mais real. �ltimos dados divulgados pela pasta mostram que s�o quatro casos confirmados e outros cinco pacientes com exames preliminares positivos. No levantamento anterior, de 22 de agosto, eram tr�s pessoas com diagn�stico inicial para sarampo. Esses pacientes apresentaram sintomas compat�veis com a suspeita, tiveram contato com pessoas ou s�o moradores de S�o Paulo e j� tinham exames iniciais reagentes. “Ap�s coleta e libera��o de resultado da segunda coleta de amostra de soro e an�lise minuciosa das investiga��es, os mesmos ser�o classificados. Vale ressaltar que em ambos os casos o bloqueio vacinal foi realizado, contribuindo para a interrup��o da cadeia de transmiss�o e n�o aparecimento de casos secund�rios”, informou a pasta.

Desde o in�cio deste ano foram notificados 249 casos suspeitos em 92 munic�pios do estado. Dos quatro confirmados, o primeiro foi de um italiano que esteve na Europa entre dezembro do ano passado e janeiro. Ele mora em Betim, na Grande BH. Os outros pacientes s�o um gesseiro de 25 anos, sem comprovante vacinal, que veio de Trindade (PE) no fim de janeiro e mora em Contagem; um beb� de 1 ano, de Belo Horizonte, que foi vacinado em novembro do ano passado e come�ou a apresentar sintomas do sarampo em fevereiro; e uma adolescente de 13 anos, tamb�m de Belo Horizonte, que sofre de l�pus e viajou para Almenara e Porto Seguro (BA) em janeiro.

Hist�rico


Os brasileiros sofreram com o sarampo especialmente entre as d�cadas de 1960 e 1990. Foram ao menos nove epidemias registradas, com m�dia de uma a cada dois anos. “A �ltima grande epidemia aconteceu em 1986, com 129.942 casos. J� em 1997 ocorreu uma importante epidemia da doen�a, que se estendeu a quase todos os estados brasileiros, com mais de 53 mil casos confirmados em todo o pa�s. A maioria dos diagn�sticos ocorreu na capital de S�o Paulo. J� em 2018 o Brasil enfrentou a reintrodu��o do v�rus do sarampo, com a ocorr�ncia de surtos em diferentes estados”, ressaltou a SES/MG.
Minas Gerais tamb�m retoma o alerta depois de v�rios anos. O �ltimo caso aut�ctone registrado no estado foi em 1999, quando houve nove confirma��es. Em 2011, foi registrado um caso importado da Fran�a. Dois anos depois, novamente houve diagn�sticos. Os pacientes, dois irm�os, contra�ram sarampo em viagem � Fl�rida, nos Estados Unidos.

Verba para conserva��o


A seguran�a das vacinas � essencial para garantir a imuniza��o da popula��o contra v�rias doen�as. Para dar mais seguran�a ao armazenamento das doses e de subst�ncias imunobiol�gicas, o Minist�rio da Sa�de vai liberar, nos pr�ximos meses, R$ 44,2 milh�es para os munic�pios com at� 100 mil habitantes. O recurso ser� destinado � compra de c�maras frias, para conservar os produtos. Somente para Minas Gerais, a previs�o � do repasse de aproximadamente R$ 4 milh�es. Para receber a quantia as cidades devem ter implantado o sistema de informa��o nominal do Programa Nacional de Imuniza��es. Outro requisito � que a cidade ainda n�o esteja equipada com c�mara refrigerada. 


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