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Estado de Minas CORREIOS

Central dos Correios traduz correspond�ncias para o braille e muda a vida de deficientes visuais

Em 12 anos, mais de 30 mil transcri��es foram feitas, permitindo que o pr�prio cego leia as cartas endere�adas a ele. '� uma quest�o de dignidade, de cidadania', diz M�rio de Oliveira, que, como a mulher, Margarida, utiliza o servi�o


postado em 05/10/2019 04:00 / atualizado em 05/10/2019 08:04

"� uma quest�o de dignidade, de cidadania", diz M�rio Alves de Oliveira. (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Imagine que as contas de �gua, luz e telefone chegam � sua casa, mas voc� n�o pode l�-las a tempo de pagar no prazo, ou que chegue um convite de casamento e que voc� n�o ir� por n�o poder ler a data, hor�rio e local. A situa��o, que parece pouco prov�vel, foi parte da rotina do casal M�rio Alves de Oliveira e Margarida Luzia de Paiva Oliveira, ambas de 72 anos. Com defici�ncia visual, por muitos anos os dois n�o puderam saber qual era o conte�do das correspond�ncias que recebiam a n�o ser quando eram auxiliados por algu�m. Essa situa��o mudou quando os Correios criaram a Central Braille. O servi�o, que foi implantado em 5 de outubro de 2007, completa neste s�bado 12 anos.

A Central Braille recebe textos em escrita comum (digitados ou manuscritos), os converte para o c�digo braille e providencia o envio ao destinat�rio. Por meio do servi�o, chamado de Postal Braille, foram realizadas mais de 30 mil transcri��es nesses 12 anos de exist�ncia. O conte�do das correspond�ncias � protegido pelo sigilo profissional. Cerca de 50 institui��es p�blicas e privadas utilizaram a Postal Braille dos Correios nos �ltimos dois anos para enviar correspond�ncias transcritas para o braille a clientes e usu�rios. Os Correios implantaram o servi�o para ampliar o acesso das pessoas com defici�ncia visual ao servi�o.

Mais de 900 deficientes visuais s�o cadastrados pelos Correios. Por m�s, s�o traduzidas de 160 a 180 correspond�ncias, sendo que mais de 80% delas s�o de Minas.  O servi�o � feito por um empregado dos Correios. O tempo gasto � vari�vel, dependendo de cada correspond�ncia (tamanho, dificuldades quanto � leitura e revis�o, etc.). Minas e o Rio Grande do Sul s�o os estados que mais usam o servi�o. H� tamb�m uma pequena quantidade de correspond�ncias de S�o Paulo, Rio de Janeiro, Cear� e Sergipe.
Correspondênciaspodem ser lidas com a ponta dos dedos.(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Correspond�nciaspodem ser lidas com a ponta dos dedos. (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

M�rio ficou cego em decorr�ncia de dois acidentes na inf�ncia: aos 10 anos um galho acertou seu rosto, esmagando um dos olhos. Dois anos depois, quando brincava de faroeste com os amigos, recebeu uma flechada no outro olho. Desde ent�o, M�rio ficou sem o sentido da vis�o, mas diante da mudan�a nunca deixou de buscar uma vida normal. J� na vida adulta, percebeu que alguns direitos n�o eram garantidos aos cegos, como a simples leitura das correspond�ncias. Como a correspond�ncia � um documento inviol�vel, o problema parecia n�o ter solu��o. No entanto, em 2007, houve a compreens�o de que com a anu�ncia do remetente e do destinat�rio o documento  poderia ser traduzido em braille.

Basta fazer um cadastro e a correspond�ncia segue para a central. Depois de devidamente traduzida, ela chega ao destinat�rio. “� uma quest�o de dignidade (poder ler as cartas), de cidadania. � um valor abstrato que n�o tem pre�o”, diz. No caso de contas, por exemplo, as informa��es essenciais s�o escritas em braille, como o consumo, valor e data do vencimento. O documento em braille � acompanhado do original. “A quest�o � facilitar a vida de quem � cego. O indiv�duo que n�o l� fica em situa��o social complicada.”

Margarida, que � professora, trabalhou por 25 anos sem ler o contracheque, a n�o ser que algu�m o fizesse para ela. Ela defende que, no servi�o p�blico, os contracheques do funcion�rio cego possam ser enviados pelos Correios. O casal tem dois filhos: M�rio, de 38 anos, e Marcelo, de 36. No entanto, os filhos j� t�m suas pr�prias vidas. “Margarida e eu somos dois cegos morando sozinhos. Quando a correspond�ncia chega e n�o temos como ler � um problema. Temos que pedir a algu�m para olhar a conta de luz. A gente fica com a condi��o de cidad�o muito arranhada”, diz. Essa situa��o impede a autonomia e aumenta a sensa��o de que pessoas com defici�ncia visual s�o inv�lidas. “Nossa luta � para acabar com r�tulo da invalidez imposto durante mil�nio. Ainda vai demorar muitos anos. Se n�o tivermos autonomia, vai demorar mais ainda”, diz.


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