postado em 16/10/2019 06:00 / atualizado em 16/10/2019 07:51
Condutor passa pelo teste do baf�metro: n�mero de exames em BRs mineiras subiu de 13 mil durante todo o ano de 2018 para 22 mil at� setembro deste ano (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 5/5/17)
A estrutura de uma rodovia duplicada, com barreira f�sica para separar fluxos de tr�nsito opostos, n�o foi suficiente para evitar que um jovem de 25 anos dirigisse por 17 quil�metros na contram�o, � noite, com os far�is apagados e sem cinto de seguran�a em Minas Gerais. A conduta, que por pouco n�o causou uma trag�dia, pode ser explicada pelo resultado apontado no teste do baf�metro feito depois que o motorista foi abordado pela Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) na BR-153, em Centralina, no Tri�ngulo Mineiro. Enquanto o limite para que qualquer pessoa responda por crime de tr�nsito � 0,34 miligramas de �lcool por litro (mg/l) de ar expelido, o etil�metro marcou mais de tr�s vezes acima do limite: 1,14mg/l. Apesar de nesse caso a taxa chame a aten��o, a mistura de risco entre �lcool e dire��o est� longe de ser um caso isolado: neste ano, a m�dia mensal de flagrantes nas BRs teve ligeiro aumento, enquanto as recusas de se submeter ao teste deram um salto. A fiscaliza��o aumentou neste ano e deve ser ainda mais intensificada com o recebimento de mais baf�metros passivos.
De acordo com a superintend�ncia mineira da PRF, de janeiro a dezembro de 2018 os testes de baf�metro constataram 1.094 casos de motoristas alcoolizados, m�dia de 91,16 por m�s. Em 2019, essa taxa mensal chegou a 91,2, com dados de janeiro a setembro (veja arte). No caso das recusas ao teste do etil�metro, no ano passado a m�dia a cada 30 dias parou em 114,25, enquanto neste ano j� representa 151,66 por m�s, um aumento de 32%. O C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB) pune o motorista que recusa o teste com a multa de R$ 2,9 mil, mas se ele n�o apresentar sinais evidentes de ter bebido pode escapar da pris�o em flagrante e ficar livre de um processo criminal.
Caso contr�rio, se o condutor tiver sintomas claros de consumo de �lcool, como fala desconexa, andar cambaleante, h�lito et�lico ou olhos vermelhos, a lei permite que a autoridade o conduza a uma delegacia e que ele responda a processo criminal. Se soprar o baf�metro, o motorista comete crime de tr�nsito caso o resultado seja de 0,34mg/l ou superior. Se o aparelho apontar um n�vel menor, a puni��o � apenas administrativa, com multa de R$ 2,9 mil e suspens�o da carteira.
Foi justamente o limite mais alto, de 0,34mg/l, que o jovem de 25 anos superou em mais de tr�s vezes na noite de segunda-feira, quando foi flagrado dirigindo alcoolizado pela BR-153. Segundo a PRF, ele trafegou na contram�o do Km 0, na divisa de Minas com Goi�s, pr�ximo a Itumbiara, at� o Km 17, em Centralina, no Tri�ngulo Mineiro.
A central de opera��es goiana da PRF recebeu liga��es de motoristas relatando a situa��o via 191. Do lado mineiro, agentes da PRF em fiscaliza��o conseguiram abordar o motorista, que, al�m de transitar pela contram�o alcoolizado estava com far�is apagados e sem cinto de seguran�a, ainda desobedeceu a primeira ordem de parada. As cinco infra��es registradas somaram R$ 3,7 mil e ele foi preso em flagrante.
Na delegacia da Pol�cia Civil em Can�polis, tamb�m no Tri�ngulo, o condutor teve a pris�o confirmada pelo delegado e foi encaminhado ao sistema prisional. Casos de pris�o como esse aconteceram, em m�dia, 28 vezes por m�s em 2019, com base nos dados de janeiro a setembro. O n�mero � ligeiramente inferior � m�dia mensal de 30 pris�es registrada pela PRF em 2018, levando em considera��o n�meros de janeiro a dezembro.
(foto: Arte EM)
De acordo com o chefe do N�cleo de Policiamento e Fiscaliza��o da delegacia de Uberl�ndia da PRF, Matheus Rodrigues, o condutor apresentava v�rios sinais de embriaguez, como olhos vermelhos, h�lito et�lico e fala desconexa, o que por si s� j� seria suficiente para motivar a pris�o, mesmo se ele n�o soprasse o etil�metro. “Em uma situa��o dessas, o condutor perde completamente o discernimento e poderia ter causado uma trag�dia”, diz o policial, que acrescenta nunca ter se deparado pessoalmente com um n�vel t�o alto de �lcool no sangue de um motorista.
De acordo com agentes da PRF de Goi�s, que apoiaram a abordagem, o motorista chegou a relatar que iria para Cachoeira Dourada, nome de munic�pios que existem tanto no estado de Goi�s quanto em Minas, um de cada lado da represa do Rio Parana�ba, na divisa entre os dois estados. Ele tomou o lado errado da BR-153 e por isso se dirigiu a Minas Gerais e n�o a Goi�s.
Mais fiscaliza��o
O inspetor Aristides J�nior, que chefia o N�cleo de Comunica��o Social da PRF em Minas, destaca que em 2018 foram feitos nas BRs mineiras mais de 13 mil testes do baf�metro, n�mero que j� subiu para mais de 22 mil em 2019, faltando ainda a contabiliza��o de dados de tr�s meses at� o fim do ano. Segundo ele, uma briga judicial no ano passado interferiu na distribui��o dos bocais dos baf�metros para a PRF, o que levou a institui��o a reduzir esse tipo de a��o.
Este ano a situa��o voltou ao normal, com aumento das abordagens. Aristides J�nior lembra que o ato de dirigir alcoolizado fica ainda mais perigoso levando em considera��o as caracter�sticas do tr�nsito rodovi�rio. Nas rodovias, trafega-se em velocidades maiores. Isso exige reflexo muito maior por parte dos motoristas, porque o tempo de rea��o � menor. E, caso aconte�a um acidente, o impacto � muito maior, o que tamb�m multiplica o potencial de letalidade do desastre, explica.
Teste por aproxima��o
Uma situa��o que tem ajudado a Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) na fiscaliza��o da Lei Seca nas estradas mineiras � o uso do chamado baf�metro passivo, que consegue detectar se houve consumo de �lcool por aproxima��o, sem a necessidade do sopro. Nesse caso, se o uso desse equipamento apontar que h� ind�cios de o motorista estar alcoolizado, o policial tem que usar o baf�metro tradicional para constatar a embriaguez. Segundo a PRF, o equipamento mais novo, que come�ou a ser usado este ano em Minas, aumentou a efetividade da fiscaliza��o. Atualmente, a PRF em Minas conta com 234 equipamentos tradicionais, de sopro, e 18 de um modelo novo, que detecta o consumo tanto por aproxima��o quanto a partir do sopro. Existe a previs�o da chegada de mais 46 do modelo novo at� o fim do ano.