Menos verde e mais preocupa��o: poda de �rvore demora e replantio tem d�ficit
Em �poca cr�tica para chuvas e quedas de esp�cimes que amea�am a popula��o, BH tem verba ampliada para podas e cortes, mas servi�o pode demorar e replantio n�o segue a motosserra
No in�cio da semana, esp�cime de grande porte caiu na Avenida Francisco Sales, pr�ximo � Santa Casa, durante temporal em Belo Horizonte (foto: FOTOS: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Ruas interditadas, problemas na rede el�trica, moradores presos em casa por risco de eletrocuss�o e amea�as a im�veis e pedestres. Com os temporais mais recentes que castigaram Belo Horizonte, com rajadas de vento de at� 70km/h, os belo-horizontinos conviveram com uma s�rie de riscos causados pela queda de �rvores. No dia 23, o mais cr�tico de novembro, a Cemig contabilizou 83 ocorr�ncias envolvendo conflito entre a arboriza��o e o sistema de eletricidade, afetando 65 mil pessoas. Diante do tamanho do desafio, o or�amento da Prefeitura de BH com a��es de poda e supress�o subiu 36% neste ano em rela��o a 2018, saltando de R$ 11 milh�es para R$ 15 milh�es. Embora os recursos dispon�veis tenham aumentado, interven��es n�o seguiram no mesmo ritmo e moradores relatam esperar mais de um ano por provid�ncia em rela��o a �rvores condenadas que amea�am cair. Al�m disso, o ritmo de replantio nem de longe acompanha o de supress�es.
Com a substitui��o dos esp�cimes suprimidos deixando a desejar, a capital, que j� foi conhecida como “Cidade Jardim”, j� contabiliza um d�ficit de 5 mil �rvores, de janeiro a outubro deste ano, conforme dados da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA). Se considerado o per�odo desde 2017, s�o cerca de 8,6 mil �rvores a menos em BH.
A poucos quarteir�es, �rvore condenada preocupa a vizinhan�a
Segundo a Sudecap, de janeiro a outubro deste ano houve poda de 33,4 mil �rvores e remo��o de outras 9 mil. No or�amento do �rg�o p�blico, R$ 15 milh�es est�o destinados para esses gastos at� o fim do ano, incluindo tamb�m opera��es de retirada de tocos e ra�zes ap�s os cortes e manuten��o de canteiros e jardins em pra�as. O recurso � usado mediante a presta��o do servi�o, feita por empresa terceirizada. Mas o or�amento � 36% maior em rela��o ao ano passado, quando foram gastos R$ 11 milh�es, para realizar 47,8 mil podas e 10,1 mil supress�es.
Sem informar quanto da verba foi gasto at� agora, a administra��o municipal reconhece o risco. Em nota, a Sudecap informa que “o aumento do investimento no manejo de �rvores (podas e supress�es) justifica-se pelo fato de a arboriza��o do munic�pio ser constitu�da por esp�cimes condenadas de idades avan�adas e, em muitos casos, plantadas em locais indevidos, podendo representar riscos para os cidad�os e acarretar preju�zos materiais em caso de queda”.
Apesar do aumento do or�amento, o ritmo das interven��es diminuiu. Enquanto no ano passado houve, em m�dia, 4.832 a��es por m�s, entre podas e supress�es, neste ano essa taxa passou para 3.451 na m�dia mensal, considerando os trabalhos de janeiro a outubro. Mas nem por isso a popula��o deixou de estar livre do perigo.
PERIGO Na Rua Maranh�o, quase esquina com Avenida Francisco Sales, no Bairro Santa Efig�nia, Regi�o Centro-Sul, uma �rvore da esp�cie munguba, de cerca de 8 metros, tira o sono de que vive e transita por perto ao avan�ar sobre o telhado da casa, como se “abra�asse” o im�vel, que abriga uma cafeteria, o setor de urg�ncia de uma cl�nica oftalmol�gica e uma resid�ncia. “Desde o in�cio do ano passado estamos ligando e nada”, reclama o coordenador de manuten��o da cl�nica, Djalma Tobias Pereira. O endere�o fica a dois quarteir�es do ponto onde uma �rvore de grande porte veio abaixo, durante chuva na �ltima segunda-feira, quase em frente � Santa Casa, causando estragos e interditando o tr�nsito.
Quem mora na casa � a fam�lia da jornalista Viviane Moreno, de 41 anos, que perdeu as contas de quantas vezes ligou pedindo que a prefeitura podasse a �rvore. “O meu medo � de ela cair nos fios e pegar fogo. Como vamos fazer para sair? A entrada � �nica”, afirma. Quando chove, ela leva as filhas, uma de 4 e outra de 11 anos, para o fundo da casa, com receio de o telhado vir abaixo com a queda da mungubeira.
Em uma das vezes, a moradora foi informada de que a equipe t�cnica j� havia emitido laudo para a supress�o do esp�cime, mas que aguardava posi��o da Cemig, j� que a �rvore estava em contato com a rede el�trica. A Sudecap confirmou que o laudo t�cnico recomenda a supress�o da �rvore, porque suas ra�zes foram seccionadas. “A execu��o do servi�o est� programada para a primeira quinzena de dezembro”, informa a nota.
Na mesma rua, mas na esquina com Gon�alves Dias, no Bairro Funcion�rios, um galho de uma �rvore caiu sobre a faixa de pedestres e ocupou mais da metade da via. A poda e retirada do material vegetal ocorreu mais de 24 horas depois. Outra �rvore se partiu ao meio no Bairro Sion, tamb�m na Regional Centro-Sul, e ficou dependurada sobre a rede el�trica. O Corpo de Bombeiros alertou para o risco de eletrocuss�o.
PODA ou MUTILA��O O professor Jo�o Renato Stehmann, do Departamento de Bot�nica do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), alerta para a falta de crit�rio no corte das �rvores. “A poda em 'V' desestabiliza a �rvore. Voc� n�o precisa cortar tanto a ponto de mutil�-la. As �rvores ficam mais suscet�veis a doen�as, pois esse corte exp�e a planta”, afirma.
O bi�logo alerta que a supress�o deve ocorrer apenas em �ltimo caso. “Tamb�m temos visto a poda completa de v�rias �rvores, em que se deixa somente o tronco. O servi�o � terceirizado, mas n�o h� uma fiscaliza��o. � necess�rio seguir um protocolo, por�m minimizando os danos � �rvore”, diz. “A percep��o � de uma cidade mais seca. Qual Belo Horizonte a gente quer? Sem �rvores e com �reas abertas ou que tenha uma arboriza��o sadia? � uma escolha”, completa.
Segundo a Sudecap, as solicita��es de podas e supress�es de �rvores s�o criteriosamente avaliadas pelas Ger�ncias Regionais de Manuten��o para que o atendimento possa ser realizado de forma adequada, mantendo os padr�es de qualidade. A Delibera��o Normativa 92, de 2018, determina os crit�rios para cada servi�o, feito por empresa terceirizada.
“T�m prioridade as podas e supress�es de �rvores condenadas ou que possam representar riscos de causar danos humanos ou materiais e que j� possuam laudos indicando a supress�o, com iminente risco de queda.
Nos casos de interfer�ncia com as redes de eletricidade, a Cemig precisa ser acionada e o trabalho tem que ser feito em conjunto”, diz a nota.
BH menos verde Enquanto foram suprimidas de janeiro a outubro deste ano 9 mil �rvores em Belo Horizonte, a prefeitura plantou, no mesmo per�odo, 4 mil mudas, de acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA). S�o 5 mil unidades a menos em toda a cidade. Nos �ltimos tr�s anos, foram suprimidos 22.226 esp�cimes, conforme dados da Sudecap, contra 13.580 plantados, um d�ficit de 8.648 �rvores na cidade.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informa, por nota, que a capital mineira � um dos munic�pios l�deres na ado��o de pol�ticas e a��es para o enfrentamento do aquecimento global. A pasta acrescenta que t�m sido plantadas mudas de v�rias esp�cies, incluindo nativas de mata atl�ntica e cerrado.
As mudas s�o destinadas a projetos de revegeta��o e recupera��o de �reas degradadas, projetos de agroflorestas urbanas e de arboriza��o do entorno de 20 escolas municipais. “Termos de compromisso, no �mbito de compensa��es ambientais, garantem o plantio imediato de mais de 1,3 mil mudas em �reas urbanas”, informou a secretaria.
Como pedir
Para solicitar supress�o de �rvores ou poda dos galhos, o interessado tem � disposi��o tr�s canais oficiais de atendimento
1) Pela internet, acessando o Sacweb (portal6.pbh.gov.br), selecionando no campo “grupo de servi�os” o tema Meio Ambiente. Na sequ�ncia, selecionar o servi�o desejado e preencher o formul�rio
2) Pelo telefone 156
3) Pelo aplicativo PBH APP
4) E ainda presencialmente no BH Resolve, que fica na Avenida Santos Dumont, 636, ou pela entrada da Rua Caet�s, 342, no Centro da capital
Como funciona
» Feito o pedido, t�cnicos da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi/PBH) ir�o ao local para fazer a avalia��o
» Deferida a interven��o, ela � executada sob responsabilidade da Sudecap, por empresa terceirizada
» Caso a �rvore esteja interferindo com a rede el�trica, � necess�ria avalia��o da Cemig e o trabalho deve ser conjunto
Quanto custa
AnoOr�amento*Podas /Supress�es
2019R$ 15 milh�es33.437 / 9.06342.500**3.541
2018R$ 11 milh�es47.870 / 10.122 57.9924.832
2017R$ 4 milh�es16.445 / 3.04119.4861.623
2016R$ 2,8 milh�es14.133 / 1.41515.5481.295
*O valor previsto em or�amento s� � desembolsado quando o servi�o � efetivamente prestado. A PBH n�o informou quanto j� foi gasto este ano do total or�ado
** N�mero de interven��es em 2019 � parcial, de janeiro a outubro