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Estado de Minas

Entenda por que Victor Chaves foi condenado a 18 dias em regime aberto por agredir a ex-mulher

A pol�mica senten�a aplicada ao cantor pela agress�o � ex-mulher Poliana Bagatini foi justa? Advogadas consultadas pelo Estado de Minas analisam a quest�o


15/01/2020 12:10 - atualizado 16/01/2020 11:10
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Em fevereiro de 2019, Victor Chaves publicou um vídeo polêmico no Youtube, em que entrevista a si mesmo. Na ocasião, ele satirizou as acusações de agressão à ex-mulher, Poliana Bagatini
Em fevereiro de 2019, Victor Chaves publicou um v�deo pol�mico no Youtube, em que entrevista a si mesmo. Na ocasi�o, ele satirizou as acusa��es de agress�o � ex-mulher, Poliana Bagatini (foto: Cantor Victor Chaves )

O div�rcio entre o cantor Victor Chaves, que fazia dupla com L�o, e a empres�ria Poliana Batagini rendeu mais um pol�mico cap�tulo nessa segunda-feira (13), com a divulga��o das imagens da briga que separou o casal, em fevereiro de 2017.  Filmadas pelas c�meras do elevador do pr�dio em que os dois moravam em Belo Horizonte, as cenas impressionam. Ent�o gr�vida de quatro meses do segundo filho, Poliana tenta sair de casa �s pressas, pedindo socorro ao porteiro. Em dado momento, � empurrada pelo ex-marido, cai no ch�o e continua sendo agredida com pequenos chutes. 

O epis�dio rendeu ao sertanejo uma condena��o pelo Tribunal de Justi�a de Minas Gerais por vias de fato, fixada em 18 dias em regime aberto, al�m do pagamento de indeniza��o de R$ 20 mil reais � ex-mulher - puni��o que gerou revolta sobretudo nas redes sociais, onde o assunto � dos mais comentados. 

Afinal, a senten�a fixada pela ju�za do TJMG Roberta Chaves � justa? A pedido do Estado de Minas, advogadas e integrantes de movimentos de defesa dos direitos das mulheres analisam a quest�o. 

O processo

O primeiro ponto ressaltado pela assessora jur�dica e mestranda em Direito pela Universidade Federal de Sergipe Clara Adolli � que Victor Chaves foi denunciado pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais por vias de fato, uma contraven��o penal - termo jur�dico que define comportamentos il�citos de menor potencial ofensivo. 

"O erro come�ou l� no in�cio do processo, quando o Minist�rio P�blico considerou que a conduta do Victor n�o era grave o suficiente para ser considerada como crime."

Clara Adolli, assessora jur�dica e mestranda em Direito

Para a contraven��o de vias de fato - as chamadas agress�es f�sicas que n�o deixam marcas - n�o h� pena privativa de liberdade. Nesse caso, a puni��o ao contraventor � estipulada entre 15 dias a tr�s meses em regime aberto ou semiaberto, frequentemente convertida em presta��o de servi�os � comunidade. 

“Eu n�o diria que a decis�o judicial, em si, foi injusta ou seletiva. O erro come�ou l� no in�cio do processo, quando o Minist�rio P�blico considerou que a conduta do Victor n�o era grave o suficiente para ser considerada como crime, apenas porque n�o deixou marcas aparentes no corpo da Poliana", avalia a profissional. Se o processo todo n�o foi instru�do de forma justa, como a senten�a poderia ser?" questiona

Coordenadora de Pol�ticas de Preven��o � Viol�ncia contra a Mulher da OAB, a advogada Isabel Ara�jo Rodrigues pondera o fato de que a maioria das den�ncias de viol�ncia dom�stica que chegam �s promotorias de Justi�a n�o incluem les�es corporais graves. Empurr�es, tapas e pux�es de cabelos, afirma a especialista, est�o entre os atos mais comumente praticados. “Nem por isso, s�o casos a serem tratados como isolados, ou como uma briga qualquer. A Poliana, por exemplo, estava gr�vida. A situa��o de viol�ncia f�sica e psicol�gica daquele momento poderia ter prejudicado o beb�”, argumenta a especialista. 

Isabel observa ainda que desfecho do caso Victor Chaves refor�a a sensa��o de impunidade para os agressores, uma vez que trata-se de pessoa p�blica, que inspira e motiva outros homens. “Claro que o fato de um homem - principalmente uma celebridade - ser julgada e condenada por agredir � esposa �, por si s�, um fato positivo. Eu n�o desconsidero isso", diz.

"Ocorre que a senten�a leve aplicada ao caso passa ao p�blico masculino a mensagem de que a viol�ncia contra mulher � aceit�vel. Algo que a Justi�a, no fim das contas, vai tratar como uma briga de bar corriqueira, quando estamos falando de um problema de grande impacto social. Haja vista o fato de que os filhos do casal que convivem num ambiente violento, por exemplo, podem aprender a reproduzir condutas e comportamentos machistas. O menino aprende que pode bater. A menina, que � normal apanhar ”, defende

Pesquisa

Um estudo realizado da Universidade Federal do Cear�, publicado em agosto de 2017,  mede os efeitos da viol�ncia dom�stica para al�m �mbito conjugal. Intitulado Viol�ncia Dom�stica e seu Impacto no Mercado de Trabalho e na Produtividade das Mulheres, a pesquisa estima que o custo da agress�o �s mulheres no mercado de trabalho brasileiro chegue a R$ 1 bilh�o por ano

"A senten�a leve aplicada ao caso passa ao p�blico masculino a mensagem de que a viol�ncia contra mulher � algo aceit�vel, que a Justi�a vai tratar como briga de bar corriqueira"

Isabel Ara�jo, Coordenadora de Pol�ticas de Preven��o � Viol�ncia contra a Mulher da OAB

O c�lculo � baseado no �ndice de absente�smo, ou seja: o n�mero de faltas femininas ao emprego por agress�es sofridas em casa. As aus�ncias se d�o tanto em decorr�ncia de licen�as m�dicas, quanto tratamentos psicol�gicos p�s-traum�ticos. "Se considerarmos tamb�m o impacto dessa viol�ncia no sistema de sa�de, o preju�zo � ainda maior. Diante disso, fica a freflex�o: como podemos continuar tratando casos como o do Victor como mero desentendimento de casal?", analisa Isabel Ara�jo. 

N�meros preocupantes

Dados do Anu�rio Brasileiro de Seguran�a P�blica 2019 revelam preocupante escalada da viol�ncia contra a mulher em Minas Gerais. Divulgado em setembro do ano passado, o relat�rio mostra que o estado liderou o ranking nacional de feminic�dios em 2018, com 156 ocorr�ncias registradas naquele ano - seis a mais que em 2017. O n�mero de v�timas dessas agress�es em territ�rio mineiro bateu a casa dos 145 mil no mesmo per�odo, segundo informa��es da Secretaria de Seguran�a P�blica. 






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