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Estado de Minas

"Estado brasileiro n�o garante acesso � cultura", diz aluna nota 1.000 em Enem

A estudante Emmanuelle Gomes de Faria, de 19 anos, durante um ano escreveu pelo menos uma reda��o por semana para se preparar


postado em 18/01/2020 14:12 / atualizado em 19/01/2020 13:22

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)
A estudante Emmanuelle Gomes de Faria, 19 anos, comp�e o grupo de 53 candidatos que conquistaram 1.000 no Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) 2019. A maioria dos autores que obtiveram a nota m�xima � composta por mulheres (32) e 13 delas s�o mineiras como Emmanuelle.

Ainda surpresa com o desempenho impec�vel, Emmanuelle sonha cursar medicina. Nos pr�ximos dias, ela dever� disputar uma vaga em um dos cursos mais concorridos das universidades p�blicas.  A primeira op��o � a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mas ela tamb�m pode tentar em universidades no interior, caso sua pontua��o esteja abaixo da nota de corte da institui��o da capital mineira.
  
Modesta, a jovem credita o bom desempenho � pr�tica. Emmanuelle fez cursinho durante um ano no Bernoulli. "Dizem que minha escrita � boa. Mas nunca tinha tirado nota mil no cursinho, ficava com 920 e 970 pontos nos simulados", recorda-se.  Na reta final, ela intensificou a prepara��o. "Comecei a revisar a estrat�gia de argumenta��o e o repert�rio que poderia usar", afirma. Neste ano, os candidatos tiveram que escrever sobre  a "democratiza��o do acesso ao cinema no Brasil".

No dia da prova, Emmanuelle planejou o texto antes de iniciar a escrita. Ela citou artigo da Constitui��o Federal, que garante o acesso � cultura a todos os cidad�os. Para criar a argumenta��o, citou o fil�sofo ingles John Locke (1632-1704). "Locke dizia que os indiv�duos se formam a partir das experi�ncias. O indiv�duo se forma pela viv�ncia e a educa��o", diz.

A partir dessa refer�ncia, a estudante defendeu que o cinema � uma maneira, para al�m da educa��o formal, para o desenvolvimento do cidad�o. O texto ainda problematizou o fato de o Estado brasileiro n�o garantir esse direito a todos. "O Estado n�o garante o que fala a Constitui��o", argumenta. Para refor�ar o ponto de vista, ela citou o argumento central do livro O cidad�o de papel, do jornalista Gilberto Dimenstein.

A estudante considera fundamental ter repert�rio para criar a linha argumentativa da reda��o, mas tamb�m � preciso agilidade na escrita, o que se alcan�a com a pr�tica.  "O texto � dissertativo-argumento. Escrevi  introdu��o, dois par�grafos de argumenta��o, um par�grafo para a conclus�o, que deve ter uma proposta de interven��o", disse. Ela sugeriu que o Minist�rio da Educa��o estabelecesse parcerias para que os estudantes pudessem ter acesso ao cinema. 

No ensino m�dio, Emmanuelle estudou qu�mica no Cefet-MG, o ensino fundamental foi cursado no Col�gio Batista e ela fez um ano de curso preparat�rio no Bernoulli. Moradora do Bairro Jardim Atl�ntico, a jovem reconhece que reda��o n�o � seu forte. "N�o sou de escrever. Mas fiz muita simula��o", diz. Para treinar, ela fazia texto em formato de reportagem. Na primeira vez que tentou o Enem, em 2018, ela obteve nota 800 na reda��o.  "Me dou bem quando me esfor�o", admite.

O feito at� o momento tem sido comemorado de forma discreta. Ela s� contou para a fam�lia e para os professores que obteve a nota m�xiam.  "N�o acredita. Foi uma surpresa na verdade", afirma. Ela aconselha a quem pretende prestar o Enem futuramente "treinar bastante".
 

Repert�rio 

A professora de portugu�s e reda��o do Bernoulli,  Allana Matar afirma que quem obt�m notas acima de 900 em reda��o s�o os estudantes que mant�m "rotina r�gida de escrita". "S�o estudantes que praticam a escrita semanalmente. Escreve pelo menos um texto in�dito por semana e reescreve os textos em que as notas foram baixas."
 
Se � preciso disciplina na prepara��o, no dia da prova tamb�m � preciso organizar o tempo, cerca de uma hora e meia para fazer a reda��o. "� preciso um planejamento textual. Ter um projeto de texto. Isso � fundamental para que o aluno n�o jogue as ideias de forma desorganizada, n�o seja surpreendido e n�o bloqueie no momento da prova."

A professora ensina que para escrever bem � imprescind�vel ler, tanto para obter repert�rio quanto para dominar a estrutura formal do texto dissertativo-argumentativo. Ela aconselha a leitura de jornais e revistas. "� bom que esses ve�culos tenham linhas ideol�gicas diversas. Deve ler revista especializada em pol�tica e revista especializada emcultura." � bom guardar um dia da semana para a leitura. Cabem, nesse planejamento de leitura, obras liter�rias. 
 
Ela destaca que o n�mero de alunos que obtiveram nota m�xima � muito pequeno. "A nota mil reflete o m�rito do aluno. Mas notas acima de 900 s�o bastante altas. O aluno que tira 960 pontos e o que tira 1000 tem o mesmo n�vel e o mesmo potencial de leitura. O aluno n�o dever perseguir o mil, mas perseguir a nota alta, condizente com seu desempenho", ensina.


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