Compartilhados por milhares de pessoas nas redes sociais, os v�deos trouxeram preocupa��es sobre os riscos para quem passa pela via. O asfalto da avenida foi afetado com a for�a do Rio Arrudas? O rio pode transbordar e inundar a regi�o?
OUTRO �NGULO: V�deo mostra estragos na Avenida dos Andradas, em Belo Horizonte. Chuva provoca interdi��o da via pic.twitter.com/BTNyDcz3H3
%u2014 Estado de Minas (@em_com) January 25, 2020
Engenheiros ouvidos pelo Estado de Minas afirmam que o evento raro � resultado de uma press�o fora do normal causada pelo volume de �gua, mas que n�o representa riscos para o asfalto. No entanto, os riscos de enchentes no local s�o reais e a canaliza��o de rios � considerado medida antiquada na engenharia moderna. Outros tipos de obras passaram a ser adotadas em grandes cidades.
"No meio da Andradas tem o que chamamos de suspiro. � uma caixa respirat�ria, que serve como um colch�o de ar para aliviar a press�o do ar que acontece com o forte deslocamento da �gua", explica o engenheiro Henrique Castilho Marques de Sousa, superintendente da Sudecap (Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital).
Segundo Castilho, as estruturas vazadas de concreto no jardim central t�m exatamente a fun��o de reduzir a for�a da �gua ao longo da canaliza��o. Caso n�o houvesse esse "respiro para o Arrudas", os danos seriam significativos na avenida.
"� um c�lculo estrutural. Essas estruturas servem como um al�vio para a carga hidr�ulica e faz com que a estrutura n�o seja comprometida. O volume de �gua foi t�o grande e a velocidade t�o grande, que algumas estruturas se soltaram com o respiro do rio. � at�pico, mas n�o houve qualquer dano �s estruturas da via", afirma o chefe da Sudecap.
Ele lembra que o Arrudas recebe �gua de todos os c�rregos e rios das regionais Oeste, Leste, Centro-Sul e do Barreiro, o que levou a uma tromba d'�gua incomum durante as chuvas dos �ltimos dias. A Sudecap mant�m monitoramento na Andradas e n�o foram constatados riscos no asfalto.
"Na pista temos as juntas de dilata��es, que ficam entre as tampas do canal e a pavimenta��o. Elas s�o feitas exatamente para movimentar quando necess�rio e n�o causar danos na estrutura", diz Castilho.
Para o engenheiro Giovanni Cremonezi, o volume de chuva superior a 170 mil�metros de �gua em 24 horas fez com que o sistema de drenagem da cidade ficasse saturado.
"Temos hoje grandes �reas n�o perme�veis, o que sobrecarrega as estruturas de drenagem. Com volumes t�o acima da m�dia como tivemos j� � esperado que sistema tenha problemas. E com chuvas cada vez mais volumosas, temos regi�es, como �s margens da avenida Andradas, em que existe o risco de alagamentos", conta Giovanni.
Outras solu��es da engenharia
A canaliza��o completa de rios � considerada pelos t�cnicos como ultrapassada pelos padr�es modernos da engenharia e que eles ressaltam que existem formas mais avan�adas para obras em grandes cidade.
"As cidades evoluem, algumas obras se tornam ultrapassadas e a infraestrutura deve acompanhar as mudan�as urbanas. Vemos a tend�ncia em v�rias cidades de se deixar os grandes rios ao ar livre, no lugar de tamp�-los completamente. Mas cada situa��o precisa ser estudada e se analisar as possibilidades", analisa o engenheiro.
O superintendente da Sudecap Henrique Castilho ressalta que algumas obras que est�o sendo feitas em Belo Horizonte n�o apostam mais na canaliza��o dos rios para evitar alagamentos, mas na constru��o de reservat�rios.
"N�o posso comentar sobre obras feitas em gest�es passadas. Na d�cada de 1990 a engenharia da �poca apresentou essa solu��o. A cidade precisava direcionar a �gua e na �poca foram feitos os estudos necess�rios. Hoje estamos mudando a maneira de trabalhar em alguns locais. Por exemplo, no Vilarinho (Venda Nova), vamos fazer grandes reservat�rios de �gua no lugar de canalizar a �gua", afirma Castilho.
As primeiras obras do Boulevard Arrudas (que foram divididas em v�rias etapas) foram conclu�das em mar�o de 2007. Outros trechos foram entregues nos anos seguintes. Hoje, cerca de sete quil�metros do Rio Arrudas est�o debaixo do asfalto.