
Mesmo no carnaval continuam em andamento os trabalhos de busca dos bombeiros pelas v�timas soterradas pelo rompimento da Barragem B1, da Mina C�rrego do Feij�o, operada pela Vale em Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, 259 corpos foram encontrados e 11 pessoas continuam desaparecidas no 395º dia de trabalho. Ontem, 65 militares trabalharam nas linhas de buscas sob sol entre nuvens e possibilidade de chuva de quase 40 mil�metros, com apoio de um drone, 113 m�quinas e 27 caminhonetes. S�o 14 frentes de trabalho atualmente e desde o in�cio foram mobilizadas 167 equipes, sendo tr�s especializadas.
O Comit� Independente de Assessoramento Extraordin�rio (CIAE-A), contratado pela Vale para investigar o rompimento da barragem, concluiu na semana passada o relat�rio e apresentou novos dados sobre as causas da trag�dia. O documento de 50 p�ginas apresenta as falhas da barragem e confirmou que o rompimento aconteceu por liquefa��o (transforma��o do s�lido em l�quido). H� 25 anos, desde 1995, “j� existiam registros de problemas de drenagem interna que resultavam em alto n�vel fre�tico na barragem”.
Naquele ano, a empresa Tecnosolo apresentou � Ferteco Minera��o, ent�o propriet�ria do barramento, “considera��es sobre condi��es desfavor�veis de seguran�a” da estrutura. Problemas parecidos foram encontrados tamb�m nos alteamentos a montante da estrutura. O relat�rio cita ainda perfura��o de 70 metros de profundidade e 10 cent�metros de di�metro na barragem. O buraco, segundo os t�cnicos, n�o tende a causar a liquefa��o, mas pode ter “causado perturba��es nas camadas de rejeitos”.
O comit� detectou tamb�m que “houve considera��o inadequada de quest�es relacionadas � estabilidade ao longo” da exist�ncia do barramento. A �ltima constata��o incluiu n�o apenas a Vale, mas tamb�m a Ferteco, que foi dona de C�rrego do Feij�o entre 1970 e 2001, quando a Vale comprou o complexo miner�rio. A Vale contratou duas empresas em 2003 para inspecionar a barragem – o Cons�rcio Dam DF e a Pimenta de �vila. Ambas confirmaram que os dados apurados estavam abaixo do m�nimo recomendado e a situa��o era “extremamente desconfort�vel”.
Entre 2010 e 2013, a Pimenta de �vila seguiu avaliando a estrutura e recomendou an�lises sobre liquefa��o. Esse estudo deveria ser feito anualmente, justamente pelos �ndices preocupantes. Antes, o teste havia sido executado em 2006 pela Geoconsultoria. Apesar dos avisos, o exame das condi��es da barragem foi feito apenas em 2014. O resultado, outra vez realizado pela Geoconsultoria, concluiu que havia possibilidade remota de liquefa��o, mas o procedimento foi realizado com base em dados apurados em 2005.