Todos os tempos em um mesmo dia. A duas semanas do outono, Belo Horizonte teve ontem um dia de “gangorra clim�tica”, com frio na madrugada, chuva de manh� seguida de sol forte e depois c�u nublado � tarde. Depois de uma semana que registrou a mais baixa temperatura para o m�s de mar�o em 27 anos na capital – 14,6 graus, na segunda-feira – a cidade teve m�xima de 25 graus ontem, com direito a calor�o em parte do dia e chuvisco ao entardecer, com m�nima de 18. Em quatro dias, j� choveu na cidade mais de 40% da m�dia hist�rica esperada para o m�s.
Com tanta varia��o, ontem foi comum ver pelas ruas da cidade gente vestindo moletom, executivos de guarda-chuva em punho e mulheres com botas, nos momentos em que a temperatura variava e deixa muita gente com cara de interroga��o. “Sa� cedo de casa e estou morrendo de calor. O que ser� que aconteceu?”, perguntava uma estudante no Centro da capital.
Em meio �s “�guas de mar�o fechando o ver�o”, como diz a m�sica de Tom Jobim, a explica��o para o “frio inesperado”, segundo o meteorologista Claudemir de Azevedo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), � que se trata do efeito dos dias seguidos de chuva, al�m de uma corrente de ar frio que veio do oceano. Ontem, por exemplo, Monte Verde, na Regi�o Sul de Minas, na Serra da Mantiqueira, registrou 11,3 graus.
A previs�o para Belo Horizonte � de que o tempo nublado impere at� s�bado, quando o c�u tende a voltar a se abrir. Al�m disso, a tend�ncia � de que a temperatura volte a cair, atingindo 15 graus no final de semana. A m�xima prevista � de 28 graus. “Normalmente, h� veranico (per�odo de seca durante 15 dias no ver�o), que d� uma equilibrada na chuva, mas este ano n�s n�o tivemos”, afirmou Claudemir de Azevedo.
Ontem, a temperatura na capital variou entre 18 graus e 25. A previs�o � de que hoje o tempo fique nublado, com varia��o entre uma m�nima de 17 graus e m�xima de 27. A previs�o � de que o per�odo da manh� seja de calor, com previs�o de pancadas � tarde.
CHUVAS Para aqueles que t�m a impress�o de que nunca choveu tanto em Minas como em janeiro, fevereiro e no in�cio deste m�s, � bom saber que a previs�o � de mais temporais ao longo da semana na maioria das regi�es do estado, conforme previs�o do Inmet. At� ontem, BH havia registrado em quatro dias de mar�o 84,1 mil�metros de chuva. O volume representa 42% da m�dia hist�rica registrada na capital (198 mm) em mar�o.
Ainda segundo o Inmet, a previs�o � de que cidades dos vales do Rio Doce, Mucuri e Jequitinhonha e da Regi�o Norte do estado tamb�m registrem grandes temporais ao longo da semana. J� na Zona da Mata, onde choveu muito na �ltima ter�a-feira, a tend�ncia � de que a chuva d� uma tr�gua.
*Estagi�rio sob supervis�o do editor Roney Garcia
Chuva provoca danos no interior
Gabriel Ronan, Cristiane Silva e Pedro Lovisi*
Um novo dia e mais cidades debaixo d'�gua por conta da chuva que atinge Minas Gerais neste in�cio de mar�o. Ontem, os danos ficaram concentrados, principalmente, na Zona da Mata. Um dos principais munic�pios da regi�o, Juiz de Fora j� alcan�ou, em quatro dias, o �ndice pluviom�trico esperado para todo o m�s. A Defesa Civil registrou ocorr�ncias por toda a cidade, que viu o Rio Paraibuna sair de sua calha e inundar casas. Em Rio Pomba, a prefeitura precisou cancelar as aulas em duas institui��es p�blicas de ensino devido ao transbordamento do manancial que d� nome � cidade. No Vale do Rio Doce, Governador Valadares ainda convive com a amea�a de inunda��o do Rio Doce, que pode chegar a tr�s metros de altura hoje.
Em Juiz de Fora, a Defesa Civil j� havia contabilizado 145 mil�metros de chuva em mar�o at� o meio da tarde de ontem. De acordo com o coordenador do �rg�o, Jefferson Rodrigues, s� nos �ltimos dois dias, a coordenadoria atendeu cerca de 200 ocorr�ncias por causa das chuvas. Entre elas, 60% a 70% foram relacionadas a queda de barreiras. S� na ter�a, o �ndice pluviom�trico atingiu 80mm em apenas seis horas na cidade.
Segundo o coordenador, os estragos foram consequ�ncia, principalmente, do transbordamento do Rio Paraibuna, no Bairro Industrial, que n�o aguentou o grande volume de chuva. “Esse transbordamento n�o ocorria havia 10 anos. S� por volta das 15h (de ontem) � que o rio entrou no estado normal”, informou.
Ainda segundo Jefferson Rodrigues, cerca de 20 im�veis j� foram interditados. Al�m disso, houve dois desabamentos de casas, sem v�timas, j� que as moradias tinham sido esvaziadas por recomenda��o da Defesa Civil. Uma das resid�ncias estava situada no Bairro Alto Graja�. Ainda em Juiz de Fora, um ve�culo ficou soterrado, ap�s um deslizamento de terra no Bairro Santa Cec�lia.
Em Rio Pomba, tamb�m na Zona da Mata, pelo menos 30 pessoas ficaram ilhadas, segundo o Corpo de Bombeiros de Juiz de Fora, que atende a regi�o. Cinco casas foram interditadas pela corpora��o e os moradores retirados em seguran�a. O total de desabrigados e desalojados ainda n�o havia sido contabilizado at� o fechamento desta edi��o. Por orienta��o da Defesa Civil, a Secretaria de Educa��o de Rio Pomba cancelou as aulas ontem nas escolas municipais Maria Marta Machado e Professora Ign�cia de Abreu.
J� em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, a popula��o convive com a amea�a de transbordamento do Rio Doce. A previs�o inicial era de que isso ocorreria ontem, mas, segundo a Pol�cia Militar, o curso d'�gua ainda estava em sua calha por volta das 19h. A previs�o � que o rio chegue a tr�s metros de profundidade, 70 cent�metros al�m de sua capacidade at� a manh� de hoje.
O Vale do Rio Doce e a Zona da Mata s�o, ao lado da Grande BH, as regi�es com mais cidades em situa��o de emerg�ncia devido �s chuvas. Governador Valadares e Rio Pomba est�o na lista. Apesar de atingida e de j� registrar uma morte no per�odo chuvoso, Juiz de Fora ainda n�o oficializou emerg�ncia.
*Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Rachel Botelho