(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas COVID-19

�ndios Patax� de S�o Joaquim de Bicas alegam desamparo e fecham tribo

Ind�genas dizem sofrer com a falta de informa��es sobre a pandemia de COVID-19 e se isolam para evitar a dissemina��o da doen�a


postado em 03/04/2020 06:00 / atualizado em 03/04/2020 07:44

Líderes dos hã-hã-hães, Tanara e Sucupira afirmam não ter recebido qualquer esclarecimento do poder público sobre o novo coronavírus. Para evitar o contágio, fecharam a tribo(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
L�deres dos h�-h�-h�es, Tanara e Sucupira afirmam n�o ter recebido qualquer esclarecimento do poder p�blico sobre o novo coronav�rus. Para evitar o cont�gio, fecharam a tribo (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
 
Brumadinho – Irm�os n�o se veem mais, tios n�o  cumprimentam sobrinhos, primos n�o se felicitam por anivers�rios. H� 15 dias, metade de uma tribo patax� foi separada em Minas Gerais pela pandemia do novo coronav�rus. Atingidos pelo rompimento da Barragem B1 da Mina C�rrego do Feij�o, que era operada pela mineradora Vale em Brumadinho, na Grande BH, os patax�s h�-h�-h�es da tribo Na� Xoh� de S�o Joaquim de Bicas tiveram de se isolar em suas terras, �s margens do Rio Paraopeba, temendo ser contaminados pela COVID-19. Quase uma senten�a de morte e fome para quem vive de expor e vender artesanatos. Cerca de 30 deles estavam na Bahia numa outra aldeia patax� e n�o podem voltar at� que a infec��o seja controlada. Uma hist�ria que remete ao passado, � coloniza��o europeia do Brasil, quando seus ancestrais quase foram dizimados por doen�as vindas do Velho Mundo.

O drama dos h�-h�-h�es come�ou quando a barragem da Mina C�rrego do Feij�o se rompeu, em 25 de janeiro de 2019, matando 270 pessoas e devastando o Rio Paraopeba com o despejo de mais de 9 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro. “O rompimento da barragem nos trouxe um luto sem fim. N�o tem repara��o, foi a perda do nosso rio. Era a nossa vida, o nosso lazer, o nosso sustento, a nossa cultura: era tudo para a gente. E morreu nossa cultura ali. Onde ensin�vamos nossos rituais para os mais jovens. A pesca era um ensinamento tradicional”, frisa o �ndio Sucupira, de 29 anos, uma das lideran�as da tribo.
 

"N�s mesmos fizemos essa quarentena por medo. Ningu�m entra e ningu�m sai. Isso nos preserva, mas tamb�m tira o sustento, pois � dos turistas para quem vendemos nosso artesanato que trazemos o p�o para nossas casas"

Tanara, uma das lideran�as da tribo Patax�

 

Agora, a tribo de 20 fam�lias, que ocupa a margem esquerda do Rio Paraopeba em S�o Joaquim de Bicas, se viu partida ao meio, isolada e sem amparo do poder p�blico, segundo suas lideran�as. ”Sa�ram 30 pessoas. S�o tios, primos e irm�os. Ficamos preocupados porque foram para a aldeia de Coroa Vermelha, na Bahia, e l� � aberto, recebe grande fluxo de turistas e pessoas de fora. Est�o mais vulner�veis a essa doen�a que nem sei dizer o nome (COVID-19) que n�s, que estamos no meio do mato”, afirma Tanara, de 37, outra lideran�a dos patax�s. “Perdemos tudo sem eles. Perdemos anivers�rios, comemora��es culturais. N�o podemos comemorar, n�o podemos abra�ar, s� falar pela internet, que est� muito ruim, j� que a gente n�o tem eletricidade, s� de gerador”, disse a �ndia.

Os patax�s de S�o Joaquim de Bicas ficam a cerca de 5 quil�metros do Centro de Brumadinho. Para se prevenir da pandemia, espalharam placas proibindo o acesso de estranhos e lacraram a aldeia, ficando a mais de 20 metros do Rio Paraopeba, que lhes � t�o importante. Receberam a reportagem do Estado de Minas de uma cerca de metal com port�es de madeira fechados a cadeados. “N�s mesmos fizemos essa quarentena por medo. A tribo foi fechada. Ningu�m entra e ningu�m sai. Isso nos preserva, mas tamb�m tira o sustento, pois � dos turistas para quem vendemos nosso artesanato que trazemos o p�o para nossas casas”, afirma Tanara.

As duas lideran�as dizem que n�o vendem mais o artesanato na aldeia, nem nas feiras e escolas, como era. Reclamam tamb�m de n�o ter recebido qualquer aux�lio ou esclarecimento do poder p�blico sobre o novo coronav�rus. “Ningu�m nos trouxe aux�lio com respeito a essa doen�a. N�o nos deram instru��o. Aqui sempre foi uma situa��o prec�ria. Quando nos atendem, ou atendem no ch�o ou na terra ou no terreiro, nunca em lugar apropriado. Agora nem isso. N�o aceitamos, queremos respeito”, reclama Tanara.

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Risco e tristeza

Para sobreviver, resta aos �ndios que recebem aux�lios da Vale se aventurar na cidade e trazer o que mais necessitam. “Temos que arriscar para conseguir comprar alimentos e rem�dios de que precisamos. N�o podemos deixar nossos filhos com fome nem os doentes morrerem. O pouco que temos ainda dividimos com aqueles que n�o t�m, que ainda n�o recebem aux�lio da Vale e de outros. Sai um e compra tudo que as fam�lias precisam no mercado. O mais r�pido que pode, depois volta. Quando volta, toma banho de �gua com sab�o para tirar tudo, porque n�o recebemos nem luvas nem m�scaras nem qualquer outro tipo de ajuda que possa prevenir de pegar doen�as“, conta Tanara.

Perguntados se havia pessoas com sintomas da COVID-19 – muito similares aos da influenza e do resfriado, por exemplo  –, demonstraram mesmo desconhecimento. “N�o. Aqui s� gente com a gripe normal mesmo. N�o isolamos ningu�m, nem mesmo os idosos”, disse Sucupira.

Uma das maiores tristezas � agora se verem ainda mais afastados de seu rio, desta vez pela quarentena. “O costume de pescar vem dos nossos antepassados. Primeiro, mataram o nosso rio. Agora, com esse coronav�rus, a gente n�o faz mais o ritual no rio, tudo tem de ser dentro do terreiro” reclama Sucupira.

Separados e sem a menor perspectiva de reencontro da tribo, os dois �ndios pediram para enviar uma mensagem aos parentes confinados na Bahia. “A vida � melhor que qualquer coisa. Ent�o, se cuidem, muito cuidado com as crian�as. N�o s� os parentes, como todos que est�o passando por este momento, com esta doen�a que nem sei como diz o nome”, disse Tanara.

Procurada, a Funai (Funda��o Nacional do �ndio) n�o se manifestou at� o fechamento desta edi��o.

O que � o coronav�rus?

Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 � transmitida?

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia


Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal

Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o coronav�rus � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

Especial: Tudo sobre o coronav�rus 

Coronav�rus: o que fazer com roupas, acess�rios e sapatos ao voltar para casa

Coronav�rus � pandemia. Entenda a origem desta palavra


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)