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Estado de Minas COVID-19

A lapida��o (remota) da not�cia: como editar um jornal em home office

A produ��o do jornal, impresso ou digital, exige dedica��o e atua��o de profissionais que, nos bastidores, embalam a not�cia para ser entregue ao leitor


postado em 20/04/2020 04:00 / atualizado em 20/04/2020 15:45

Um dos trabalhos feitos pelo infografista Paulinho Miranda em casa:
Um dos trabalhos feitos pelo infografista Paulinho Miranda em casa: "O quarto da minha filha virou escrit�rio" (foto: Paulo Miranda/EM/D.A Press)
 

O jornalismo � uma profiss�o, essencialmente, colaborativa. Ele existe a partir do outro. A produ��o de um jornal di�rio, seja impresso ou digital, demanda trabalho em equipe para que toda uma engrenagem, que envolve centenas de profissionais, funcione em sintonia para que a informa��o de qualidade e credibilidade chegue ao leitor de forma clara e atraente. Nos bastidores da reda��o do Estado de Minas e Portal UAI, editores, subeditores, infografistas, diagramadores, revisor e auxiliares de produ��o da fotografia s�o respons�veis por fases de um trabalho que, no fim, t�m como �nica raz�o a entrega de um produto maior, que � a not�cia, na sua melhor embalagem.

Em tempos de pandemia do novo coronav�rus, os processos de produ��o foram alterados e os profissionais t�m de lidar com desafios e ajustes para que a o compromisso com a informa��o continue intacto. Como bem descreve �lvaro Duarte, editor de artes e esportes, com 30 anos de empresa, “o papel da imprensa � fundamental, as pessoas precisam de informa��o de qualidade, j� que ela pode salvar uma vida. Nossos acessos no digital e a venda do jornal impresso aumentaram, o que confirma a busca por ve�culos s�rios. � o resgate do jornalismo, t�o atacado nos �ltimos tempos. Vejo que a popula��o est� percebendo a necessidade e a import�ncia dele para a sociedade”.

Um dos poucos profissionais presentes na reda��o do EM, �lvaro conta que a cobertura atual imp�s ajustes: “Pelo ineditismo da produ��o, flutuo por v�rias �reas. N�o h� mais editoria fixa. Quando necess�rio, nos deslocamos para a fun��o que demanda aten��o no momento. Cuido da arte, edito material do impresso, coordeno o site e assim tem funcionado. Como tenho ido � reda��o, o maior estranhamento, claro, � lidar com o ambiente quase vazio”.

Para �lvaro, diante do volume de informa��o e dados gerados a todo instante sobre a COVID-19, o grande desafio � lidar com “o estresse da comunica��o via aplicativos de mensagem. � uma loucura. O dia todo precisamos administrar v�rios grupos com demandas diferentes. Temos de ficar atentos, n�o deixar nada passar. Enfim, a aten��o tem de ser redobrada, o tempo todo. E ainda tem os e-mails. � desgastante. �s vezes, converso com tr�s, quatro pessoas ao mesmo tempo. Mas � o que a situa��o exige”.

Sentimentos vivos
H� 30 anos no jornal, a subeditora de economia, Marta Vieira, acredita que “manter a agilidade que a not�cia exige e alinhavar, no fechamento do jornal, a informa��o correta sem deixar escapar as marcas no texto dos olhares atentos e privilegiados do rep�rter e do fot�grafo t�m sido os maiores desafios dos subeditores neste tempo de isolamento social”.

Para Marta, o trabalho remoto, por mais que a tecnologia permita reproduzir a reda��o, cada um num ambiente diferente, requer tempo maior. “N�o estamos mais cara a cara, discutindo e avaliando, �s vezes em quest�o de minutos, o produto que vai chegar ao leitor. Continuamos fazendo isso � dist�ncia, mas tentando nos aproximar ainda mais por meio da tecnologia e com garra para n�o perdermos a capacidade de sentir indigna��o, emo��o e de relatar os fatos com a diferen�a que esses sentimentos fazem. � algo que nos imp�e lidar com as dificuldades do isolamento – num dia tristes, noutro esperan�osos, como qualquer pessoa – e de n�o poder ver e ouvir, como antes, a express�o e o tom de voz reais das fontes. � pensar que o jornalismo tem, ainda, import�ncia vital para a popula��o.”

Para a subeditora e colunista de esportes Kelen Cristina, o distanciamento social trouxe aos jornalistas duas implica��es. “Uma � a pessoal, que est� atingindo a todos de alguma forma, obrigando ao afastamento familiar, � priva��o de circula��o e encontros. O outro, mais particular, � o profissional, pela natureza da nossa atividade. O jornalismo tem a comunica��o como premissa, e praticamente todas as etapas do nosso trabalho exigem uma intera��o com pessoas das mais diversas fun��es. Desde a entrevista � finaliza��o das mat�rias, h� uma engrenagem que � coletiva. At� a not�cia ir ao ar no site, ou at� o leitor ter em m�os o jornal, h� uma cadeia que precisa funcionar muito bem, e muito desse funcionamento era obtido presencialmente. A situa��o exigiu uma adapta��o r�pida e dif�cil a uma nova realidade, e um esfor�o grande para que n�o houvesse queda na qualidade do produto nessa transi��o.”

Manter a agilidade que a not�cia exige alinhavar, no fechamento do jornal, a informa��o correta sem deixar escapar as marcas no texto dos olhares atentos e privilegiados do rep�rter e do fot�grafo t�m sido os maiores desafios”

Marta Vieira, subeditora, h� 30 anos no Estado de Minas


H� 20 anos no jornal, Kelen destaca que jornalismo �, por ess�ncia, vital, por�m, ainda mais em momentos como o que o mundo atravessa. “O volume de trabalho triplicou, pela dimens�o da pandemia, e o perfil do notici�rio mudou, muitas vezes centrado em hist�rias tristes, que n�o gostar�amos de noticiar, mas que s�o fatos. Nesse cen�rio, n�s, jornalistas, acabamos ficando numa roda viva emocional tamb�m, imersos 24 horas por dia no que est� acontecendo por aqui e no mundo, por mais mentalmente pesado e estressante que isso por vezes seja. Mas � nossa obriga��o profissional, com o leitor e com a carreira que abra�amos.”

Capa do jornal na tela do computador do subeditor Júlio Moreira(foto: Júlio Moreira/EM/D.A Press)
Capa do jornal na tela do computador do subeditor J�lio Moreira (foto: J�lio Moreira/EM/D.A Press)

Ansiedade

O ilustrador e infografista Paulinho Miranda, com 37 anos de empresa, est� em home office h� tr�s semanas e o isolamento social, confessa, � angustiante: “O quarto da minha filha virou escrit�rio. Tenho estipulado um hor�rio e cumprido com rigor. Como s� lido com uma chefia, tudo est� tranquilo. O trabalho aumentou, mas pela demanda centralizada, a organiza��o melhorou e o servi�o flui. A tecnologia � uma maravilha e me permite de casa acessar minha m�quina na reda��o, est� tudo indo bem. O lado negativo � que sou agregador, sinto falta dos meus amigos, da rotina de chegar e cumprimentar,  conversar um pouco com cada um”.

A comunica��o com v�rios setores ao mesmo tempo � outro desafio, j� que editor, rep�rter, diagrama��o, fotografia, arte e revis�o trabalham em conjunto (...)  Estamos todos conectados, durante todo o tempo de fechamento” 
Heliane Souza, diagramadora, 35 anos de profiss�o

Em casa, Paulinho conta que tudo tamb�m se encaixou: “Minha mulher, a Ju (Jussimara) � agente de sa�de comunit�ria e, como estava trabalhando at� esta semana – agora entrou em f�rias coletivas –, � quem assumia as demandas da rua. Eu fiquei com a responsabilidade de administrar a casa, refei��es, limpeza, junto com minhas filhas, Isabella e Beatriz. Ent�o, estar com a fam�lia � positivo, organizamos os hor�rios, dividimos as fun��es, todos participam. Como moro em casa, tenho a sorte de ter um quintal, onde posso tomar sol, cuidar dos cachorros, catar folhas, o que alivia o estresse da quarentena, mesmo tendo de encarar a ansiedade para isso acabar logo.”

Trabalho de edição de conteúdo envolve vários profissionais(foto: Kelen Cristina/EM/D.A Press)
Trabalho de edi��o de conte�do envolve v�rios profissionais (foto: Kelen Cristina/EM/D.A Press)


Comprometimento

A diagramadora Heliane Souza destaca que o desafio do home office � que “trabalhamos com mais de um programa, o sistema � mais carregado e, �s vezes, se torna lento. A comunica��o com v�rios setores ao mesmo tempo � outro desafio, j� que editor, rep�rter, diagrama��o, fotografia, arte e revis�o trabalham em conjunto. Nunca imaginei que seria poss�vel essa adapta��o de home office na diagrama��o, pois o envolvimento direto com toda reda��o � essencial. Mas, para minha surpresa, est� funcionando com certa tranquilidade. A conex�o f�sica di�ria passou a ser via WhatsApp. Estamos todos conectados, durante todo o tempo de fechamento dos cadernos. O comprometimento com o trabalho continua o mesmo. Requer um pouco mais de tempo nas horas trabalhadas devido � conex�o mais lenta, mas a dedica��o pelas p�ginas continua da mesma forma.”

O conv�vio com os colegas � a falta da maioria. Heliane destaca que “sinto falta da reda��o, s�o 35 anos de empresa e colegas de muito tempo, mas sinto que em casa estamos mais protegidos. E o trabalho em casa, mesmo no isolamento, preenche o tempo e ocupa a mente. Minhas filhas, sem as aulas na faculdade, me ajudam em tarefas como compras on-line e preparo das refei��es. Estamos mais pr�ximas, o que ajuda nessa rotina de quarentena.”

Para o tamb�m diagramador Roberto Fialho, h� 25 anos no jornal, “o trabalho remoto tem seus benef�cios. Embora os amplos impactos do trabalho remoto ainda n�o tenham sido medidos em todos os setores por longos per�odos de tempo, estudos iniciais descobriram que ele pode aumentar a produtividade e diminuir a rotatividade de funcion�rios. A cobertura est� sendo pautada pela responsabilidade. Temos que destacar a import�ncia de informa��es verdadeiras e de qualidade”.

Outro setor que tamb�m teve que se adaptar foi o de tratamento e cadastramento de imagens, ambos auxiliares da fotografia. Operadores de produ��o e bibliotec�rios est�o todos em home office. Segundo Evandro Cruz, coordenador da �rea que recebe todas as imagens que s�o publicadas no jornal impresso para tratamento e disponibiliza��o para a diagrama��o, o setor conseguiu se adaptar bem ao trabalho remoto. “Temos conseguido manter a agilidade na entrega das imagens. Durante o per�odo de trabalho, agora temos que ficar ligados no WhatsApp e no e-mail, mas conseguimos uma boa rotina com editores e diagramadores. E o fato de n�o estarmos na reda��o n�o influenciou na qualidade do tratamento das imagens. Continuamos com o mesmo padr�o de sempre.”

Qualidade do tratamento das imagens não sofreu alteração(foto: Humberto Venturi/EM/D.A Press)
Qualidade do tratamento das imagens n�o sofreu altera��o (foto: Humberto Venturi/EM/D.A Press)


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