M�dico que se vestiu de cachorro para ver a filha revela apreens�o nas UTI's com COVID-19

Os riscos de cont�gio da COVID-19 n�o afetam somente os profissionais que recebem os pacientes nas unidades hospitalares, mas tamb�m especialistas que atuam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Um dos integrantes deste grupo � o m�dico cirurgi�o Lucas Fragoso, de Divin�polis, na regi�o Centro-Oeste de Minas. Ele ganhou notoriedade na semana passada, quando vestiu uma fantasia de cachorro colocada sobre equipamentos de prote��o para poder abra�ar sua primeira filha, Lara, de 2 anos, sem oferecer riscos de transmiss�o a ela.

Lucas Fragoso, de 34 anos, � especialista em cirurgia de t�rax e trabalha em quatro hospitais de Divin�polis na linha de frente do combate � COVID-19. “Atuo no atendimento aos pacientes internados nas Unidades de Tratamento Intensivo que precisam de algum atendimento cir�rgico. Como cirurgi�o tor�cico, eu opero o pulm�o e manipulo vias a�reas tamb�m – fazendo procedimentos. E � l� (nas vias a�reas) que fica o v�rus. Por isso, temos uma exposi��o muito grande um risco de cont�gio”, relata o especialista.

O m�dico salienta que o “medo” do cont�gio da doen�a respirat�ria aflige todos os profissionais da sa�de. “Lidar com os pacientes com essa doen�a respirat�ria – a COVID-19 -  dentro de um CTI (Centro de Tratamento Intensivo) gera n�o s� em mim, mas acredito que na equipe em geral - m�dicos e enfermeiros -,  um sentimento de apreens�o muito grande, um grande medo de (algu�m) ser contaminado”, relata Fragoso.

“N�o d� conta de ver o pat�geno (o v�rus). Mas, ao mesmo tempo, (a apreens�o) gera uma rea��o de aten��o, de sobriedade muito grande, porque qualquer pequeno erro pode ser o suficiente para a gente se contaminar”, completa.

Lucas Fragoso disse que, na primeira vez que entrou numa unidade de terapia intensiva para o atendimento a um paciente com a COVID-19, ficou muito receoso de cont�gio da doen�a respirat�ria. “Parecia que eu n�o poderia nem respirar. Mesmo que tivesse duas m�scaras, capote, toda paramenta��o poss�vel, parecia que era inevit�vel pegar o v�rus”, descreve. “Ao longo das outras visitas e abordagens, fui ficando mais tranquilo em rela��o a isso”, assegura ele.

Por outro lado, o cirurgi�o comenta a satisfa��o de ter testemunhado pessoas curadas da COVID-19 depois de enfrentarem o agravamento da doen�a respirat�ria. “Gra�as a Deus, a gente presencia os pacientes que melhoram da infec��o, que conseguem sair do CTI e ir para a enfermaria e, posteriormente, (ir) para seus lares. Isso � muito gratificante”, comenta Fragoso.

O especialista de Divin�polis cita o caso de uma m�dica, colega de trabalho, que foi contaminada com o coronavirus, “ficou mal,  uma situa��o bastante delicada, em isolamento, durante tr�s semanas”, e se recuperou. “Hoje, ela conseguiu rever os filhos de forma segura. Isso d� esperan�a para n�s”, afirma o cirurgi�o.

Na semana passada, o m�dico Lucas Fragoso preparou uma surpresa para a filha Lara e para a mulher dele, gr�vida de oito meses. Ele apareceu na casa da sogra vestido uma fantasia de cachorro colocada em sobre equipamentos de prote��o.

Foi uma forma que o cirurgi�o encontrou para abra�ar a filha de maneira segura,  sem oferecer riscos de transmiss�o do coronav�rus. Havia duas semanas que ele estava afastado da mulher e da filha, trabalhando na linha de frente contra a COVID-19 em hospitais de Divin�polis.

“Pedi a Deus para que eu conseguisse abra��-la, que n�o ela n�o tivesse medo de mim. Dei a ela um boneco do Mickey e ela perdeu um pouco do medo. Foi  muito forte, um abra�o muito poderoso Me senti extremamente feliz”, lembra.

O cirurgi�o contou que, ao pegar a pequena Lara no colo, reviveu a emo��o do nascimento da filha. “Falei para algumas pessoas que foi muito similar quando ela nasceu. Peguei ela no colo e foi uma mistura de medo com um amor muito grande”, relata Fragoso, que tem oito anos de formado e � casado h� cinco anos.