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Estado de Minas SOLIDARIEDADE

Caso Cibelly: saiba como ajudar mulher trans que ficou parapl�gica ap�s ser agredida no carnaval

Vaquinha arrecada doa��es para tentar minimizar os danos na vida da jovem que ficou parapl�gica, perdeu parte do cr�nio, a fala e movimentos do lado direito em decorr�ncia das agress�es


postado em 10/06/2020 11:49 / atualizado em 10/06/2020 13:47

(foto: Redes sociais/Reprodução)
(foto: Redes sociais/Reprodu��o)
Um crime cruel, motivado pela intoler�ncia que, por pouco, n�o tirou a vida de Cibelly P�mela, espancada em plena rua, durante o carnaval de Belo Horizonte no dia 22 de fevereiro deste ano. Cibelly, que nasceu em Bel�m, precisa agora de ajuda financeira para voltar � terra natal, onde vive � fam�lia. O caso tem mobilizado as redes sociais e uma vaquinha neste site arrecada doa��es para tentar minimizar os danos na vida da jovem, que ficou parapl�gica e perdeu parte do cr�nio, a fala e os movimentos do lado direito em decorr�ncia das agress�es. A vaquinha � organizada pela Rede Trans Brasil.

Al�m do retorno para casa, a fam�lia t�m encontrado dificuldades para arcar com as despesas necess�rias para o tratamento e reabilita��o de Cibelly. A meta inicial de arrecada��o do financiamento coletivo � de R$ 10 mil, dinheiro que deve viabilizar a compra de insumos e garantir a estrutura adequada para a realiza��o dos tratamentos em Bel�m.

Para a psic�loga e militante LGBTI, Dalcira Ferr�o, que acompanha o caso de Cibelly desde a data do ocorrido, a arrecada��o do montante ser� um divisor de �guas no tratamento da jovem, j� que atualmente Cibelly e o pai — que n�o est� trabalhando e se dedica exclusivamente aos cuidados com a filha — est�o sem renda e morando de aluguel em BH. “Eu digo que ela � uma sobrevivente, porque, as chances dela ter resistido a cirurgia j� eram muito pequenas e ela conseguiu reverter essa situa��o, mas tudo indica que sequelas permanecer�o ao longo desse processo. A perspectiva da vaquinha � viabilizar esse tratamento dela e de possibilitar o retorno dela e do pai para Bel�m”.

O crime 

O Boletim de Ocorr�ncia foi registrado em 28 de fevereiro, seis dias ap�s o ocorrido, fato que dificultou a apura��o e a escuta de testemunhas. No documento, � informada uma tentativa de assassinato na Rua Esp�rito Santo, pr�ximo ao n�mero 320, no Centro da capital mineira. 

Na data, os policiais foram informados que havia uma pessoa hospitalizada no pronto-socorro v�tima de agress�o que ocorreu no dia 22. Uma amiga de Cibelly contou que recebeu uma uma mensagem vinda do telefone da v�tima dizendo que tinha sido agredida por desconhecidos. 

Relatos d�o conta de que era carnaval e Cibelly resolveu ir � um bloquinho de rua para encontrar as amigas. Por�m, por volta das 19h, cinco rapazes a abordaram, a agrediram brutalmente ao dizer “traveco do dem�nio vira homem". Os  transf�bicos agressores fugiram quando populares tentaram chamar a pol�cia.

Solidariedade  

Sandro L�cio, 49 anos, � pastor da Igreja Crist� Contempor�nea e respons�vel pela rede trans da igreja. Ele foi uma das primeiras pessoas a ajudar Cibelly logo ap�s a agress�o. “Eu conheci a Cibelly P�mela atrav�s de uma menina trans que frequenta o culto da minha igreja. Ela me ligou muito aflita dizendo sobre a agress�o. At� ent�o eu n�o a conhecia. Mas a menina foi muito insistente pedindo que eu fosse ao hospital visitar a Cibelly para fazer uma ora��o por ela. O estado era muito grave”, contou. Por volta das 15h do dia 23 de fevereiro, ele foi ao encontro de Cibele, internada no Hospital Jo�o XXIII. 

Ela estava em coma em um leito da unidade de tratamento intensivo (UTI). “Estava entubada, toda amarrada com sonda vesical e com uma les�o na cabe�a. Era um  corte de uma orelha a outra. Estava cheia de pontos e com afundamento no cr�nio”, relatou. Foi quando Sandro a chamou pelo nome, mas os batimentos card�acos dela desaceleraram. “Foi quando eu disse ‘meu Deus ela vai morrer’. Orei e pedi para que ela n�o morresse. Eu disse para ela n�o desistir da vida e disse que o pai dela estava vindo ao encontro dela”, relatou. O pai de Cibelly veio de �nibus de Bel�m do Par� para ter not�cias da filha v�tima de um crime t�o b�rbaro.  

Sandro disse que viu Cibelly pessoalmente uma �nica vez. Mas, se emocionou com a hist�ria dela e decidiu ajudar. “Eu e um grupo da igreja nos mobilizamos. Acompanhamos Cibelly com ora��o  e com assist�ncia social. Fizemos cestas b�sicas para ela”, disse. Ele relata que a vinda do pai dela fez toda diferen�a na recupera��o: “� um homem maravilhoso com um carinho enorme que acompanhou toda a interna��o.”

Impunidade


Na contram�o dos assassinatos em geral, que v�m diminuindo durante os anos, as den�ncias de assassinatos de l�sbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais triplicaram no territ�rio mineiro, entre 2016 e 2017, segundo dados do �ltimo Atlas da Viol�ncia, do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) e do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica (FBSP), divulgado no ano passado. 

A psic�loga e militante LGBTI, ressalta que casos de assassinatos de travestis ou transexuais motivadas por �dio e preconceito escancaram a realidade da vulnerabilidade vivida por essa popula��o. “Acompanho casos de viol�ncia de assassinatos de pessoas LGBTI, principalmente de travestis e trans e, de fato, o requinte de crueldade chama muita aten��o. Confesso, que eu ainda custo a acreditar que um ser humano toma a iniciativa de tirar a vida de outra pessoa, pelo simples fato da exist�ncia dela. A gente ainda precisa avan�ar muito na perspectiva dos direitos das pessoas LGBTI,das pessoas travestis e trans principalmente e, na garantia da cidadania dessa popula��o, que continua desguarnecida de pol�ticas p�blicas adequadas, do papel do estado garantindo esse cuidado e essa prote��o � essa pessoa”, lamenta.

A Pol�cia Civil de Minas Gerais informa que desde que tomou conhecimento, em 28 de fevereiro de 2020, seis dias ap�s a tentativa de homic�dio contra Cibelly, n�o poupa esfor�os para esclarecer o crime.  V�rias dilig�ncias foram realizadas para identificar e solicitar imagens de c�meras de seguran�a existentes ao redor do local dos fatos. “Infelizmente, nenhuma c�mera captou o momento das agress�es ou mesmo os agressores. Em uma delas, que se encontra com a per�cia policial, � poss�vel ver a multid�o que estava presente em um bloco de carnaval e a equipe do SAMU que chegou ao local para prestar socorro a Cibelly”, informou a Pol�cia Civil de Minas Gerais.

Diversas pessoas foram chamadas a prestar informa��es, no entanto, testemunhas do fato n�o compareceram. A Delegacia Especializada em Repress�o aos Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intoler�ncias Correlatas esclarece que este caso continua sendo investigado e se coloca a disposi��o para receber qualquer informa��o que possa auxiliar nos trabalhos investigativos e identificar os autores da tentativa de homic�dio contra Cibelly.

Al�m de dar mais qualidade de vida para Cibelly, a militante conta que a fam�lia luta por justi�a. “N�o vamos esquecer, n�o vamos deixar para l�. Eu estava conversando com o pai da Cibelly e � importante que a gente leve isso a diante primeiro para fazer justi�a por tudo que ela vem passando e ainda vai passar. E segundo para evitar que outras pessoas corram o risco de sofrer o que ela est� sofrendo”, afirma Dalcira Ferr�o.

A Rede Trans Brasil, al�m de criar a vaquinha, tamb�m est� cobrando as autoridades pertinentes provid�ncias para a apura��o do caso.


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