Medo da COVID-19 inibe doa��es de sangue; queda � de 30%

Para ser um her�i na vida n�o precisa praticar feitos espetaculares de super-homem ou mulher-maravilha. Atitudes simples s�o atos, muitas vezes, definidores. Neste domingo, 14 de junho, celebra-se o Dia Mundial do Doador de Sangue, um gesto simples e de amor em que um volunt�rio pode salvar outras quatro vidas. Hero�smo genu�no, de solidariedade, de olhar para o outro mesmo diante dos desafios impostos pela pandemia do novo coronav�rus. A data chama a aten��o para a import�ncia desse h�bito, que est� em baixa nos hemocentros de Minas Gerais. 

 

O medo da COVID-19 tem afastado os doadores. A queda foi de 30% nos hemocentros do Minas Gerais. O hematologista Gustavo Henrique Romani Magalh�es, do Hospital das Cl�nicas da UFMG e do Cetus Oncologia (hospital dia especializado em tratamentos oncol�gicos com sede em Betim e unidades em Belo Horizonte e Contagem), enfatiza que as doa��es precisam ser peri�dicas: “A redu��o no n�mero de doadores e de hemocomponentes nos bancos de sangue preocupa. � importante que as doa��es continuem para manter o tratamento de outras doen�as em atividade, que n�o respeitam a pandemia. Al�m das cirurgias de urg�ncias e tamb�m das eletivas, que tamb�m est�o retornando”.

Gustavo Magalh�es assegura que os volunt�rios n�o precisam ficar receosos de irem aos hemocentros: “Podem ir tranquilamente, mesmo na pandemia, porque h� seguran�a. Basta marcar o hor�rio. Existe todo um crit�rio e protocolo de higiene, de separa��o dos doadores, que controlam bem o risco. � fundamental que as pessoas entendam e se conscientizem que, a despeito da atual situa��o, outras doen�as continuam acontecendo”. Doen�as oncol�gicas, leucemias, transplantes, anemias cr�nicas, pacientes que precisam passar por procedimentos que dependem de transfus�es, al�m da urg�ncia e emerg�ncia.

O hematologista destaca que h� sempre uma triagem m�dica e caso o doador tenha qualquer sintoma de doen�a respirat�ria, ele ser� orientado a buscar um servi�o de sa�de ou ficar em isolamento social e retornar depois de 30 dias para fazer sua doa��o.

“Para doar, a pessoa precisa ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 50 quilos e estar bem de sa�de. J� aquelas com febre, gripe ou resfriado, diarreia recente, gr�vidas e mulheres no p�s-parto ficam proibidas temporariamente de fazer a a��o. A doa��o deveria ser ensinada na inf�ncia para que, a partir dos 16 anos, todos se propusessem a doar. Mulheres podem doar com 90 dias de intervalo entre uma e outra doa��o e no m�ximo tr�s vezes ao ano. J� os homens, com intervalo de 60 dias e no m�ximo quatro vezes ao ano”, explica Gustavo Magalh�es.

Por isso, a Associa��o Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) chama a aten��o para a divulga��o da tradicional campanha “Junho Vermelho”, que procura conscientizar a popula��o sobre a import�ncia deste gesto nobre, que nunca foi t�o fundamental. A escolha do m�s de junho n�o � aleat�ria: o sexto m�s do ano � considerada a �poca de maior escassez nos estoques, que registram uma diminui��o no n�mero de doadores no Brasil.

“H� ainda um aumento da incid�ncia de infec��es respirat�rias, propiciado pela queda das temperaturas. Com isso as pessoas se recolhem e ficam menos propensas a sair de casa. O fato de estarmos em isolamento social tamb�m acaba sendo outro dificultador”, destaca o hematologista.

A quantidade do sangue a ser doado para homens � 9ml/Kg e em mulheres 8ml/Kg. “Cada pessoa, ao doar, pode salvar outras quatro vidas. Isso porque o sangue coletado pode se transformar em diversos hemocomponentes: concentrado de hem�cias e unidades de plaquetas s�o alguns. O plasma tamb�m pode ser retirado na doa��o. Todos esses hemocomponentes podem ser direcionados para pessoas com problemas de sa�de distintos”, explica Gustavo Magalh�es.

Jo�o Paulo Guimar�es, respons�vel t�cnico pela Ag�ncia Transfusional do Hospital da Baleia Funda��o Benjamim Guimar�es, tamb�m faz um apelo: “Com este per�odo da pandemia, h� uma redu��o significativa do volume de doadores no Hemominas e, consequentemente, redu��o nos estoques dos hospitais que a institui��o serve. No momento, estamos conseguindo atender as principais demandas, como cirurgias oncol�gicas, pacientes de hemodi�lise e casos graves. Mas solicitamos a todos que, aptos a doar, procurem o Hemominas. Precisamos melhorar estes estoques”.

 

Gustavo Magalh�es alerta sobre a possibilidade de do��o de plasma de convalescente da COVID-19, feito pelo Hemominas desde o fim de maio. A institui��o recebeu autoriza��o do Conselho Nacional de �tica em Pesquisa (Conep) para iniciar o projeto de estudo “Imunoterapia passiva como alternativa terap�utica de tratamento de pacientes com a forma grave da COVID-19”. Para participar do estudo, � preciso ser do sexo masculino; ter entre 18 e 60 anos; ter um resultado de PCR positivo para SARS-Cov-2 (novo coronav�rus); n�o apresentar sintomas h�, pelo menos, 14 dias; j� ter sido liberado do isolamento obrigat�rio pelo m�dico; e estar apto segundo os demais crit�rios de doa��o regular de sangue.

CAMPANHA

J� para incentivar novas doa��es, o Minist�rio da Sa�de acaba de lan�ar a campanha “Seja solid�rio. Doe Sangue. Doar � um ato de amor”.  E informa que as bolsas de sangue coletadas no Brasil ca�ram 2,5% nos �ltimos quatro anos, apesar das transfus�es de sangue terem aumentado 4,8% no mesmo per�odo. Portanto, a iniciativa � para convocar doadores regulares e novos durante a pandemia da COVID-19. Para receber os volunt�rios, os os hemocentros refor�aram as medidas de higiene e distanciamento social garantindo que a doa��o ocorra de forma segura.

Em 2019, foram coletadas no Sistema �nico de Sa�de (SUS) cerca de 3,2 milh�es de bolsas de sangue contra aproximadamente 3,35 milh�es de bolsas em 2016. As transfus�es de sangue no pa�s aumentaram de 2016 para 2019, passando de 2,8 milh�es para 2,95 milh�es de transfus�es feitas.

O Brasil trabalha com margens de seguran�a para atender com prontid�o a aumentos bruscos da demanda ou quedas inesperadas das doa��es, como em casos de pandemias como a vivida com a COVID-19. Por�m, a redu��o desta dist�ncia entre uso e disponibilidade de sangue � um alerta para n�o correr o risco de falta.

Atualmente, 16 a cada mil habitantes s�o doadores de sangue, no Brasil. O percentual corresponde a 1,6% da popula��o brasileira e est� dentro dos par�metros preconizados pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). Do total de doadores de sangue em 2018, 60% s�o do sexo masculino e 40%, feminino. Em rela��o � faixa et�ria, s�o 63% de doadores maiores que 29 anos.

 

Usando a ferramenta, os hemocentros conseguem notificar pessoas pr�ximas que sejam cadastradas como doadoras de sangue no Facebook: hoje j� s�o cerca de 10 milh�es de doadores cadastrados no pa�s. O objetivo desse trabalho conjunto � colaborar para a manuten��o est�vel dos estoques de sangue nos bancos, que � um dos maiores desafios neste momento.

Para cadastrar-se como doador de sangue no Facebook, basta acessar o endere�o https://www.facebook.com/donateblood.

Usando seu dispositivo m�vel tamb�m � poss�vel acessar o menu do Facebook e ent�o clicar em “Doa��es de Sangue”.

J� para entrar em contato com o Hemominas, ter mais informa��es e tirar todas as d�vidas, basta ligar para 155 op��o 1. Ou acessar o site da institui��o:  https://www.hemominas.mg.gov.br/ .