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Estado de Minas LAZER PERIGOSO

Linhas cortantes j� feriram mais de 60 animais em BH neste ano

Capital j� registrou mais do que o dobro de animais silvestres feridos por linhas com cerol e chilena no semestre. Dos p�ssaros recebidos em unidades de socorro, a maioria morre


13/07/2020 06:00 - atualizado 13/07/2020 08:22

Papagaio com a asa enfaixada em centro de triagem na capital mineira: para especialistas, período de quarentena teria inflado ocorrências(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Papagaio com a asa enfaixada em centro de triagem na capital mineira: para especialistas, per�odo de quarentena teria inflado ocorr�ncias (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


O n�mero de animais silvestres feridos por linhas com cerol e linha chilena teve crescimento expressivo, alerta o Instituto Estadual de Florestas (IEF). Apenas nos seis primeiros meses deste ano, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Belo Horizonte recebeu mais de 60 p�ssaros com ferimentos causados por linhas cortantes, total que j� ultrapassou o dobro registrado no mesmo per�odo em 2019.

“E este n�mero � s� uma parte das aves que t�m a sorte de serem encontradas por algu�m disposto a traz�-las para c�. Hoje, n�s estamos com um gavi�o que n�o teve a asa muito comprometida pela linha e vamos tentar introduzi-lo de novo na natureza. Por�m, mais de 90% dessas aves que chegam aqui acabam morrendo. A maioria das que sobrevive, depois de recuperada, precisa viver em cativeiro”, explica �rika Proc�pio, m�dica-veterin�ria do Cetas de Belo Horizonte. 

Esse tipo de atendimento nos quatro unidades de Minas Gerais (as outras ficam em Juiz de Fora, Montes Claros e Patos de Minas) tende a aumentar a partir de junho, quando a maior ocorr�ncia de ventos estimula a pr�tica da atividade. 

Mas o que pode explicar esta eleva��o t�o expressiva � a falta de aulas escolares, interrompidas ou cumpridas remotamente devido ao isolamento social adotado para conter a dissemina��o do coronav�rus, o que teria potencializado e a presen�a maior de jovens soltando pipa como forma de lazer.“De um m�s para c�, temos recebido diariamente aves feridas por esses materiais, a maioria delas t�m sido gavi�es, corujas e maritacas. Na �ltima  semana, recebemos um urubu que teve at� o osso cortado pela linha e ele acabou morrendo”, conta �rika Proc�pio. 

Outros p�ssaros que frequentemente chegam ao local com ferimentos causados por linhas com cerol ou chilenas, desde leves escoria��es a mutila��es de membros, ou at� mesmo mortos, s�o periquitos, bem-te-vis e pardais. Segundo a veterin�ria, apesar de receberem tratamento intensivo, muitos n�o conseguem voltar ao seu habitat. “Elas n�o apenas s�o feridas durante o voo. Algumas aves utilizam essas linhas para fazer ninhos, onde os filhotes j� come�am a se desenvolver emaranhados nessas linhas, o que pode causar s�rios ferimentos e gangrenas que resultam na amputa��o de um de seus membros, podendo at� interromper suas vidas”, relata.

Soltura

As aves que conseguem ser reabilitadas s�o enviadas �s �reas de soltura do Projeto Asas (�reas de Soltura de Animais Silvestres), uma parceria entre o IEF, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) e as organiza��es n�o governamentais (ONGs) Waita Instituto de Pesquisa e Conserva��o e a �guas Vivas Socioambiental.
Em Minas Gerais existem 51 �reas cadastradas junto ao IEF e aptas para soltura, o que inclui outros tipos de ocorr�ncias al�m dos problemas com cerol e linha chilena e n�o se restringe a aves. De acordo com Liliana Adriana Nappi Mateus, diretora de prote��o � fauna do IEF, as a��es do instituto t�m propiciado a soltura de uma m�dia de 55% do total de animais recebidos. 

Ela explica tamb�m que algumas esp�cies necessitam de tempo maior de reabilita��o para serem soltas. Em 2019, 6.928 animais foram recebidos nos Cetas de Minas Gerais e 3.640 retornaram ao seu habitat, o que representa 52,5%. Neste ano, os Cetas j� receberam, at� maio, 2.421. Destes, 1.350 foram reintroduzidos em seu ambiente natural, equivalendo a 55,7%.

Em 2019, garoto sofreu amputa��o

Gabriel Nascimento, com o médico Fabrício Lima, implantou prótese na perna esquerda, atingida por linha chilena(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 11/9/19)
Gabriel Nascimento, com o m�dico Fabr�cio Lima, implantou pr�tese na perna esquerda, atingida por linha chilena (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 11/9/19)
Al�m dos animais silvestres, as linhas cortantes causam tamb�m a morte e ferimento de pessoas. At� junho de 2020, 16 v�timas receberam atendimento no Hospital Jo�o XXIII, em Belo Horizonte. Segundo a Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), apenas os pacientes em estado grave s�o levados para o HPS.

Um dos casos mais emblem�ticos das consequ�ncias do uso da linha chilena foi o acidente com Gabriel Nascimento, em 20 de julho do ano passado. Enquanto o garoto, ent�o com 15 anos, caminhava pela cal�ada em Betim, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, foi atingido por uma linha chilena presa a um �nibus. O corte foi t�o grave, que a perna esquerda de Gabriel precisou ser amputada. Uma a��o solid�ria ajudou na coloca��o de uma pr�tese. Seu sonho era ser jogador de futebol.

O IEF adverte a que o uso de linhas cortantes � proibido por lei estadual em Minas Gerais desde 2002, o que foi ampliado pela Lei 23.515, que veta a comercializa��o e o uso das linhas cortantes, punindo com multas pesadas. Uma lei federal de 1990 tamb�m define a venda ou exposi��o de linhas com cerol como crime, prevendo multa e deten��o de dois a cinco anos. Caso a linha apreendida esteja em poder de crian�a ou adolescente, seus pais ou respons�veis legais ser�o notificados pela infra��o. Esse tipo de den�ncia pode ser feito de forma an�nima pelo telefone 181 (Disque Den�ncia).


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