
Em um mundo cujas premissas da mobilidade e da sustentabilidade s�o amplamente debatidas, as bicicletas ganham cada vez mais espa�o, tanto nas vias urbanas quanto em trilhas e estradas. Diante do desafio do desemprego e da precariza��o do trabalho, elas est�o cada vez mais presentes nos servi�os informais de delivery e de "office boy". Os custos s�o inferiores em rela��o � manuten��o de motos. As motorizadas est�o por todas as ruas da cidade.
A bike motorizada utiliza como combust�vel uma mistura de gasolina e �leo e pode atingir at� 50 quil�metros por hora. J� a el�trica n�o � poluente e usa bateria recarreg�vel, mas sua velocidade m�xima n�o passa de 25 quil�metros. Em ambas, � poss�vel usar o pedal para exerc�cios f�sicos. Entretanto, os riscos como ferramenta de trabalho s�o altos, exigindo aten��o redobrada dos pedalantes. Elas j� contam com equipamentos incorporados, como o motor el�trico ou gasolina.
A bike motorizada utiliza como combust�vel uma mistura de gasolina e �leo e pode atingir at� 50 quil�metros por hora. J� a el�trica n�o � poluente e usa bateria recarreg�vel, mas sua velocidade m�xima n�o passa de 25 quil�metros. Em ambas, � poss�vel usar o pedal para exerc�cios f�sicos. Entretanto, os riscos como ferramenta de trabalho s�o altos, exigindo aten��o redobrada dos pedalantes. Elas j� contam com equipamentos incorporados, como o motor el�trico ou gasolina.
Apesar de apresentar uma certa estabilidade em n�mero de acidentes, entre janeiro e julho de 2020, em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado, a possibilidade de ocorr�ncias � preocupante, segundo o gerente assistencial do Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII, o cirurgi�o Rodrigo Muzzi. No HPS, foram atendidas 252 pessoas no primeiro semestre de 2019, contra 192 neste ano (motorizadas ou n�o). O trauma craniano � a les�o mais frequente, e geralmente leva ao coma ou deixa sequelas, explica o m�dico.
Essa rela��o aos n�meros nesses dois per�odos, o isolamento social deve ser levado em conta, quando foi registrada uma menor circula��o de pedestres, carros e �nibus pela cidade. Nos primeiros seis meses do ano passado, foram atendidas 2.280 v�timas de acidente de moto, contra 2.314 em 2020. Ao contr�rio das motocicletas, as bicicletas, mesmo as motorizadas, n�o contam com regulamenta��o efetiva. A Resolu��o 465/2013, do Conselho Nacional de Tr�nsito (Contran), determina que cabe aos �rg�os executivos e entidades de tr�nsito dos munic�pios regulamentar a circula��o da bicicleta el�trica.
O cirurgi�o Rodrigo Muzzi explica que o trauma craniano em um ciclista pode ser mais grave que em um motoqueiro . "O capacete n�o � t�o potente quanto de um condutor de motocicleta, que usa tamb�m joelheira, luvas mais grossas, cal�as compridas e blus�es. Um acidente com bicicleta motorizada, mais veloz, pode ser ainda mais grave, principalmente quando envolve um outro ve�culo motorizado."
Muzzi recomenda que o condutor de bicicletas tenha alguns cuidados, aten��o redobrada no tr�nsito, e, mesmo n�o sendo obrigat�rio, use cal�as compridas, "mesmo que n�o seja um tecido mais grosso como um jeans, porque incomoda no caso de pedalar", blusas mais grossas, utilizar apito para sinaliza��o sonora, �culos de prote��o e respeitar as normas de tr�nsito, bem como os pedestres. "A maioria de acidentes acontece por algum tipo de imprud�ncia, do motorista, do pedestre ou de um terceiro motorista." Ele lembra que nas trilhas tamb�m ocorrem acidentes graves e geralmente em locais de dif�cil acesso ao socorro. Para quem gosta dessa pr�tica, n�o � recomendado ir sozinho.
Desaten��o e desrespeito
Motorista de t�xi h� 31 anos, Julio Cezar Barbosa Borges, de 50 anos, reclama da desaten��o e desrespeito de alguns condutores de bikes motorizadas. "Muitos usam fone de ouvido, n�o respeitam as leis de tr�nsito, como sinais fechados, faixa de pedestres, andam na contram�o e atravessam cruzamentos sem respeitar prefer�ncias. � um risco constante e a gente que trabalha no tr�nsito v� isso acontecendo o tempo todo."
Depois de perder o emprego de repositor em supermercado, no come�o do ano, Erik Cristian Hlayzer, 20 anos, decidiu que "n�o queria mais ser empregado, queria me tornar aut�nomo". Resolveu seguir os passos de um amigo que j� trabalhava com servi�os de entrega. Ele reconhece os perigos de trabalhar em uma bicicleta enfrentando um tr�nsito ca�tico, mas diz respeitar as leis de tr�nsito e que se mant�m atento a ve�culos e pedestres. Enfrenta uma jornada di�ria em torno de dez horas. Mesmo sem direito a f�rias, plano de sa�de, e sem previd�ncia social, considera "n�o ser um trabalho cansativo e sem press�es f�sicas e psicol�gicas. Trabalho mais na regi�o centro-sul e nunca me envolvi em qualquer acidente". Erik gasta em torno de R$ 20 com combust�vel, e ainda n�o precisou de manuten��o, que considera "bem em conta."
Regras
A autoriza��o para conduzir ciclomotor (ACC) � exigida para as bicicletas motorizadas, cuja velocidade m�xima seja superior a 25 km/h, sendo que a circula��o s� � permitida em ciclovias e ciclofaixas, com uso obrigat�rio de capacete. Nesses casos, as bicicletas n�o podem dispor de acelerador ou de qualquer outro dispositivo de varia��o manual de pot�ncia, e devem ter retrovisores, indicador de velocidade, campainha, sinaliza��o noturna e pneus em condi��es m�nimas de seguran�a.
"A ACC n�o � obrigat�ria para conduzir as bicicletas motorizadas, que atingem velocidade m�xima de 6 km/h em �reas de circula��o de pedestres e velocidade m�xima de 20 km/h em ciclovias e ciclofaixas. No entanto, a norma determina que esses ve�culos devem ter indicador de velocidade, campainha e sinaliza��o noturna, dianteira, traseira e lateral, incorporados ao equipamento, al�m de retrovisores laterais", observa Fernando Pessoa, superintendente de opera��es da BHTRans.
Belo Horizonte conta com quase 90 quil�metros de ciclovias. A primeira estrutura exclusiva para as bicicletas foi implantada em 2003, na orla da Lagoa da Pampulha, com cerca de 12 quil�metros de faixas. A regi�o conta com aluguel do transporte. Em abril de 2018, a startup Growas anunciou que bicicletas, espalhadas por algumas regi�es da cidade, foram retiradas de circula��o para passar por "checagem e verifica��o das condi��es de opera��o e seguran�a". Em janeiro de 2020, a startup, controladora das empresas de compartilhamento de bicicletas e patinetes el�tricos Yellow e Grin, anunciou o encerramento das atividades em Belo Horizonte.