
Depois do "susto" na tarde de domingo, quando houve uma cis�o no casco do lend�rio vapor Benjamim Guimar�es ao ser retirado do Rio S�o Francisco, em Pirapora, na Regi�o Norte de Minas, a superintendente no estado do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), D�bora do Nascimento Fran�a, informou ontem que o ocorrido n�o trar� problemas ao retorno da embarca��o �s �guas do Velho Chico. "A Marinha n�o aceita que o vapor navegue sem condi��es, e � importante ressaltar que, pelo projeto, o casco ser� 100% restaurado", disse.
"Tomei um susto ao ver o v�deo sobre a retirada, mas o vapor j� est� no estaleiro para restauro imediato", contou a superintendente do Iphan a respeito de uma filmagem mostrando o exato momento da cis�o no casco. Embora a verba de R$ 3,7 milh�es para o servi�o seja federal, via Iphan, D�bora explicou que a execu��o da obra � de responsabilidade do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha), vinculado � Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult). "Fazemos a fiscaliza��o do contrato, da� n�o haver necessidade de mandar algu�m do Iphan a Pirapora. Estou em contato direto com o secret�rio Le�nidas Oliveira ( Secult) para saber do andamento do trabalho", afirmou.
De acordo o Iepha, a retirada da embarca��o da �gua foi feita por meio de rampa inclinada, necess�ria em fun��o do n�vel baixo do rio. A nota diz que segundo a empresa Ind�stria Naval Catarinense, contratada para os servi�os de restaura��o da embarca��o, a opera��o foi demorada e evoluiu com todos os cuidados necess�rios para evitar o comprometimento da integridade do Benjamim Guimar�es, datado de 1913 e tombado desde 1985 pelo Iepha. "A �gua que esteve em contato com a parte posterior do vapor n�o vai comprometer seu maquin�rio."
Os servi�os preveem a recupera��o e substitui��o da estrutura do casco, das estruturas em madeira, incluindo pisos, divis�rias, esquadrias e escadas. Al�m disso, ser�o feitas novas instala��es el�tricas, hidrossanit�rias e de preven��o e combate a inc�ndio e p�nico. O sistema de governo, tel�grafo e das m�quinas alternativas de propuls�o tamb�m ser�o recuperados.
A execu��o da obra est� prevista para ocorrer no prazo de seis a oito meses, conforme cronograma do conv�nio e do projeto executivo contratado pelo Iepha, contados a partir da conclus�o do processo licitat�rio e assinatura do contrato.
NAVEGA��O
Na noite de domingo (8), em entrevista ao Estado de Minas e ao portal UAI, Le�nidas explicou n�o ter havido dano � embarca��o durante o processo, "a n�o ser uma pequena cis�o no casco". E acrescentou: "De acordo com o projeto, todo o casco ser� substitu�do, condi��o inclusive para a libera��o da embarca��o para voltar a navegar, tudo previsto apesar das dificuldades inerentes a todo o processo". Le�nidas ressaltou que a empresa trouxe equipamentos e profissionais de Santa Catarina e "segue o cronograma de trabalho de um projeto complexo que levou dois anos para ser conclu�do".
HIST�RIA
A embarca��o foi constru�da em 1913, pelo estaleiro norte-americano James Rees & Sons e navegou alguns anos no rio Amazonas, sendo transferida para o rio S�o Francisco a partir de 1920. Transportou turistas pelo rio, sendo o �nico em funcionamento. Com capacidade para at� 140 pessoas, entre tripulantes e passageiros, ao vapor � permitido navegar em rio, lago e correnteza que n�o tenham ondas ou ventos fortes.
Como caracter�sticas construtivas, o bem cultural � uma embarca��o fluvial de popa quadrada, com m�quina a vapor de 60 cavalos de pot�ncia alimentada por lenha, e com uma capacidade m�xima de estocagem de 28 toneladas de combust�vel.
O sistema de propuls�o, localizado na popa, � o de roda de p�s, capaz de atingir at� 6,5 n�s de velocidade m�xima. O peso descarregado � de 243,42 toneladas, podendo ainda ser acrescido de mais 66 toneladas. O vapor tem 43,85 metros de comprimento total e 7,96 metros de largura.
O Benjamim Guimar�es � um dos �ltimos no mundo e tem sua hist�ria relacionada diretamente com o processo de implanta��o da navega��o comercial no rio S�o Francisco entre a segunda metade do s�culo 19 e meados do s�culo 20, participando como refer�ncia fundamental na paisagem do rio e na mem�ria cultural coletiva local, regional e nacional.
Por recomenda��o da Capitania dos Portos, teve suas atividades interrompidas em 2015, e desde ent�o aguarda recupera��o de sua estrutura para retomar sua atividade.