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Estado de Minas Cr�nica

Em BH, a saga para fugir da COVID-19

Rep�rter do Estado de Minas detalha sua saga pessoal para escapar do novo coronav�rus


08/01/2021 17:50 - atualizado 08/01/2021 18:16

'Tranquei-me no quarto, o resto do domingo e a segunda-feira'(foto: Adão de Souza PBH)
'Tranquei-me no quarto, o resto do domingo e a segunda-feira' (foto: Ad�o de Souza PBH)
Ningu�m me falou que seria assim. Ou melhor, ningu�m teve a preocupa��o de me falar as dificuldades desse per�odo. Desde o final de fevereiro que estou em home office. S� saio de casa em rar�ssimas situa��es, como para pagar contas ou ir � farm�cia. At� supermercado, na maioria das vezes, � pelo telefone. Mas os �ltimos dias foram terr�veis.

A hist�ria toda come�ou com a irm� da minha nora, Raquel. Ela � ex-jogadora de v�lei, do Minas e foi campe� sul-americana com a Sele��o Brasileira. Ela foi a primeira. Mar�lia, minha nora, � irm� dela e mulher do Felippe, meu filho. Foi lev�-la para fazer exame e teve contato, certo?

Pois o resultado desse exame deu positivo para COVID-19.

Bom, cabe a� uma explica��o. Meu filho, a mulher e tr�s das minhas cinco netas est�o morando na minha casa, enquanto reformam o apartamento deles. 

E a�? O que fazer? Mas ainda n�o era de alarmar tanto. S� que vem a informa��o, que os pais da nora, Luiz e Ang�lica, tamb�m est�o infectados. � motivo suficiente para minha primeira fuga.

Mudei-me para a casa da minha filha, Raphaela, que � dentista. Ela estava com o marido, as duas outras netas, mais a m�e dela, num s�tio, para passar o final de ano. A casa vazia era o ideal. E l� fui eu.

Compras, mais uma vez, s� pelo telefone, para n�o ter que sair de casa. Passo o r�veillon sozinho, vendo fogos de artif�cio pela janela. Chega o �ltimo domingo. Raphaela volta do s�tio, mas as not�cias n�o s�o boas. Meu genro, Bruno, tamb�m est� com COVID.

Fugi de novo. 

Voltei pra minha casa, apesar do risco. Tranquei-me no quarto, o resto do domingo e a segunda-feira. Minha filha foi com as netas para a casa da m�e dela.

E na sequ�ncia, a minha nora come�a a ter sintomas. N�o sente o gosto quando come ou bebe, mesmo suco. Meu filho diz que ela est� com nariz entupido e escorrendo e a garganta est� arranhando.

Tenho de tomar uma decis�o. A op��o � ir para a casa da minha m�e. S� que ela tem 89 anos, e � hipertensa. Al�m do mais, meu irm�o, que teve AVC, n�o fala mais, e � diab�tico, mora com ela. N�o d�, tenho de me preservar e, tamb�m, minha m�e e meu irm�o. Isso est� virando uma saga. 

Vem uma luz. Minha vizinha, Simone, que � amiga desde a adolesc�ncia, na Rua Piau� – onde minha m�e mora at� hoje. Nossas m�es eram melhores amigas. A dela, pena, morreu. Pois a Simone est� viajando a trabalho, junto com a filha, Catarina. S� voltar�o em fevereiro.

Liguei e pedi a casa emprestada. Ela emprestou. Estou aqui desde a �ltima ter�a-feira. No dia seguinte � segunda fuga, veio a confirma��o de que meu filho e minha nora est�o infectados.

Pois �. E pra completar, nesta sexta-feira (08/01), minha filha me liga e conta que o teste dela para COVID-19 tamb�m deu positivo.

Infectados, mas � dist�ncia. N�o tenho mais pra onde correr O que espero � que toda essa estrat�gia d� realmente certo e que daqui a 10 dias, eu possa voltar, em seguran�a, para casa, para minha cama. Eu jamais imaginei nada parecido com isso, esse v�rus. Nem nos filmes de fic��o cient�fica tinha visto nada igual. 

Um conselho a todos voc�s. Protejam-se. Fujam, pernas para que te quero. Tudo para escapar desse mal. Viver uma saga agora, para poder viver, no sentido amplo das palavras, depois.

E aprendendo a ser sozinho, n�o ter nem mesmo a fam�lia por perto. N�o brincar com as netas, n�o ter com quem conversar, por a�. Vivendo e aprendendo.


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