
O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que a efic�cia da vacina CoronaVac contra a COVID-19, desenvolvida pelo Instituto Butantan e a farmac�utica chinesa Sinovac, n�o est� comprovada cientificamente. “Eu n�o posso obrigar ningu�m a tomar a vacina, como um governador um tempo atr�s falou que ia obrigar. Eu n�o sou inconsequente a esse ponto. Ela tem que ser volunt�ria; afinal de contas, n�o est� nada comprovado cientificamente com essa vacina a�”, declarou o presidente a jornalistas na porta do Pal�cio da Alvorada, em Bras�lia. Enquanto isso, a COVID segue avan�ando no pa�s. Em 24 horas, foram 1.096 mortes e 56.552 casos confirmados em todo o Brasil. Com isso, o total de casos confirmados desde mar�o do ano passado chega a 8.753.920, com 215.246 �bitos. J� se recuperaram da doen�a 7.594.771 pessoas. E 943.906 est�o em acompanhamento, segundo o Minist�rio da Sa�de.
“O pessoal dizia que eu era contra a vacina. Eu era contra a vacina sem passar pela Anvisa. Passou pela Anvisa, eu n�o tenho mais o que discutir, eu tenho que distribuir a vacina”, disse tamb�m o presidente, mesmo falando que n�o h� efic�cia.
A declara��o de Bolsonaro contraria as autoridades de sa�de. A efic�cia da vacina � de 50,38%, acima do m�nimo de 50% recomendado pela Organiza��o Mundial da Sa�de e pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria.O uso emergencial do imunizante foi autorizado pela Anvisa no domingo passado. A CoronaVac, diversas vezes atacada por Jair Bolsonaro e seus apoiadores, se tornou a principal op��o de vacina dispon�vel no pa�s.
Apesar de toda a trajet�ria de tentativa de desacreditar o imunizante, ap�s a aprova��o pela Anvisa, e, sem outra op��o de produto, Jair Bolsonaro mudou o discurso. A at� ent�o “vacina chinesa de Doria” passou a ser “a vacina do Brasil”.
POPULARIDADE DESPENCA
Pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Ideia e publicada pela revista Exame aponta queda na aprova��o da gest�o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que caiu de 37% para 26%. O decl�nio representa a maior queda semanal desde o in�cio do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019. A avalia��o da gest�o de Bolsonaro voltou ao mesmo n�vel de junho de 2020, quando se revelou o mais cr�tico at� aqui da pandemia do novo coronav�rus. A desaprova��o do governo pulou para 45%+
O levantamento foi realizado depois do caos no atendimento �s v�timas da COVID em Manaus, com mortes por asfixia por falta de oxig�nio, e a aprova��o pela Anvisa do uso emergencial da vacina CoronaVac. A desaprova��o do presidente � maior entre a popula��o de maiores renda e escolaridade. Entre os que ganham mais de cinco sal�rios m�nimos, 58% n�o aprovam a gest�o do presidente.
No grupo dos que t�m ensino superior, 64% desaprovam o governo federal.
Em rela��o � aprova��o do presidente, ela segue maior entre os que moram no Centro-Oeste e os evang�licos. Entre os que moram no Centro-Oeste, 36% aprovam o governo Bolsonaro — nas outras regi�es do Brasil, esse �ndice varia de 22% a 27%. Entre os evang�licos, 38% apoiam o governo Bolsonaro, ante 20% dos cat�licos e 23% dos que declaram seguir outra religi�o.
A pesquisa foi realizada por telefone, em todas as regi�es do pa�s, entre 18 e 21 de janeiro. A margem de erro � de tr�s pontos percentuais, para mais ou para menos. “A din�mica dos s�rios problemas em Manaus junto � falta de perspectivas sobre um cronograma de vacina��o e o fim do aux�lio emergencial constituem os principais fatores que levam � queda de popularidade do presidente”, diz Maur�cio Moura, fundador do Ideia.
Os dados de avalia��o do governo mostram um desempenho similiar: o percentual de pessoas que consideram o governo �timo ou bom caiu de 38% para 27%. Do mesmo modo, o grupo que avalia a gest�o Bolsonaro como ruim ou p�ssima subiu de 34% para 45%.
A pesquisa tamb�m perguntou se a crise de sa�de p�blica em Manaus, que vive uma defici�ncia no fornecimento de oxig�nio para os hospitais e um aumento substancial de casos de COVID-19, poderia influenciar a avalia��o do governo. Para 60% dos entrevistados, o quadro atual na capital amazonense deve impactar o modo como analisam o trabalho do presidente. Para outros 22%, n�o deve fazer diferen�a.
Quando se observa o aspecto regional, 66% dos que moram no Nordeste dizem que a avalia��o do governo deve ser influenciada pela crise em Manaus, enquanto 57% dos que moram no Sudeste e no Norte – epicentro da atual crise – compartilham a mesma opini�o. O impacto dos acontecimentos em Manaus tamb�m repercute mais na popula��o de alta escolaridade e renda: 71% dos que t�m ensino superior dizem que a avalia��o do governo dever� ser impactada, assim como 67% das pessoas com rendimentos superiores a cinco sal�rios m�nimos t�m a mesma opini�o.
“As classes m�dia e alta, que poucas vezes usam o sistema p�blico de sa�de por ter plano particular, est�o insatisfeitas porque as vacinas, a cargo do governo, n�o chegam e n�o h�, at� agora, uma defini��o sobre o calend�rio da campanha de imuniza��o”, diz Moura. “Ao mesmo tempo, o fim do aux�lio � visto negativamente por boa parte da popula��o.”
VISITA
O presidente Jair Bolsonaro visitou ontem o time e a diretoria do Flamengo, no CT do Brasiliense, no Distrito Federal. O time carioca jogou na quinta-feira contra o Palmeiras, no Est�dio Man� Garrincha, pelo Campeonato Brasileiro, e hoje embarca para Curitiba. Bolsonaro abriu m�o dos compromissos oficiais do Pal�cio do Planalto para visitar a equipe do t�cnico Rog�rio Ceni. Torcedor declarado do Palmeiras e f� de futebol, Bolsonaro foi visto algumas vezes com a camisa do Flamengo. Em 2019, ele assistiu a uma partida do rubronegro carioca em Bras�lia, j� que � muito pr�ximo do presidente do clube, Rodolfo Landim.