
O objetivo foi ouvir e questionar a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) sobre o que est� sendo feito para que as escolas da cidade sejam reabertas de forma organizada e segura para estudantes, professores e demais profissionais da educa��o. A secret�ria municipal de Educa��o, �ngela Dalben n�o participou do debate.
Participaram do encontro: vereadores, m�dicos, representantes do Minist�rio P�blico de Minas Gerais, da UFMG, do Sindicato das Escolas Particulares. Nesta primeira reuni�o n�o participaram representantes dos trabalhadores da educa��o, estudantes ou pais de alunos.
Rodrigo Carneiro, neurologista infantil e presidente da regional mineira da Associa��o Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil, foi o primeiro a falar durante o encontro desta tarde. Ele destacou os impactos "irrevers�veis" na sa�de das crian�as fora das escolas.
"Considero uma emerg�ncia m�dica os pacientes que est�o em UTI e o c�rebro das crian�as. Principalmente, das crian�as da primeira inf�ncia - dos 2 aos 4 anos. Eles est�o em extremo sofrimento e n�o t�m uma voz ativa. Temos visto nos consult�rios o aumento dos trantornos de comportamento, de crian�as com quadros de regress�o neuropsicomotora", afirmou o m�dico. Ele defendeu um retorno seguro e gradual e priorizando os cuidados das crian�as.
Juliana Rocha, representante do F�rum de Diretores e Vice-diretores de BH, se posicionou a favor do retorno, mas questionou como fazer uma retomada com o grupo infantil que necessita do contato f�sico para a recrea��o.
"Como ser� feita essa volta. Como vamos acolher as crian�as pequenas nas escolas? Isso porque n�s precisamos ter muito contato com elas. � o acolhimento, o afeto, o carinho e o cuidado."
A presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG), Zuleica Reis �vila, reafirmou a import�ncia da retomada presencial das aulas. "A volta �s aulas � necess�ria. Os servi�os voltaram, os parques est�o abertos, estamos com bares com m�sica ao vivo", disse. Ela cobrou um discurso "coerente" da adminsitra��o municipal.
Nesta quinta-feira, pais e alunos levaram coroa de flores f�nebres e cartazes para pressionar o retorno das aulas presenciais na capital mineira. Professores classificaram o protesto como 'irrespons�vel'.
A vereadora Marcela Tr�pia, presidente da comiss�o, disse na audi�ncia que 332 pessoas enviaram perguntas para administra��o municipal que n�o puderam ser respondidas.
"Hoje, completa-se 11 meses do ciclo de elabora��o de politica p�blica segura para a reabertura das escolas. A sensa��o que temos � que as escolas ainda n�o est�o prontas", pontuou.
Na semana passada, a Comiss�o de Educa��o aprovou a realiza��o de visitas t�cnicas a 16 escolas municipais da Regi�o Leste para verificar os preparativos contra a propaga��o do novo coronav�rus.
Nessa quarta-feira (17/02), foi realizada a primeira visita e j� gerou pol�mica: enquanto vereadores veem a necessidade de mais ajustes para o retorno �s aulas presenciais, a subsecret�ria de Educa��o da capital, Nath�lia Araujo, afirma que os protocolos est�o sendo seguidos.
A vacina��o foi um dos pontos levantados na audi�ncia. Marcela Tr�pia afirmou que a contamina��o dos profissionais preocupa, mas pontuou que exig�ncia de vacina��o para todos os profissionais n�o � consenso entre os especialistas.
"Vamos aguardar todo o setor educacional ser vacinado? Se sim, a prefeitura poderia informar de qual universo estamos tratando? Quanto tempo ser� necess�rio?", questionou.
Vereadores ainda defenderam que as crian�as n�o s�o as mais vulner�veis ao COVID-19. Tamb�m foi argumentado diversas vezes que os adultos s�o os principais respons�veis por levar o v�rus ao grupo de risco.
Combate � viol�ncia contra crian�as
Marcela Dam�zio representante o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justi�a de Defesa da Sa�de do MP pontou a import�ncia da reabertura para o combate � viol�ncia contra as crian�as e adolescentes.
"A casa n�o � necessariamente um lugar de prote��o para as crian�as. Tem um grupo de crian�as que precisa de espa�o de mitiga��o � viol�ncia e que a gente nem fica sabendo. Eu acredito que as escolas possam identificar as mais vulner�veis entre os vulner�veis. Que esse espa�o de prote��o seja aberto imediatamente", afirmou.
A vereadora Duda Salabert (PDT) complementou, dizendo que a escola � uma ferramenta importante para o enfrentamento � viol�ncia sexual e � explora��o infantil.
"Escolas fechadas causam danos psicossociais imensur�veis para uma sociedade." Ela citou o levantamento do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada, o Ipea, que indica que a participa��o das mulheres no mercado de trabalho � a menor em 30 anos. "Isso porque mulheres, em sua maioria, t�m que ficar em casa e abandonar o mercado de trabalho", acrescentou.
Entretanto, ressaltou que n�o � poss�vel reabrir as escolas "� qualquer custo": "Temos que debater a possibilidade de fechar outros setores' assim como foi feito em outros pa�ses para garantir o m�nimo pros estudante e profissionais da educa��o".
Ela classificou como "irrespons�vel" a aus�ncia da administra��o municipal. Outras vereadoras tamb�m lamentaram a aus�ncia do executivo.
Posicionamento da PBH
O prefeito Alexandre Kalil (PSD) comentou sobre o assunto ap�s uma reuni�o no Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG) nesta tarde. Ele afirmou que o assunto deve ser tratado com a �rea da sa�de.
"Fortaleza fechou as escolas de novo. Vamos tomar exemplo e eu acho que a professora �ngela n�o est� nessa audi�ncia porque esse n�o � um assunto de pegadogia. Isso � um assunto da sa�de. Deveriam ter chamado o secret�rio de Sa�de e n�o a Secret�ria de Educa��o, porque quem manda na volta �s aulas n�o � a pedagogia e, sim, a �rea da sa�de", disse o prefeito.