Os temporais que atingem Minas Gerais nos �ltimos dias ainda n�o t�m previs�o para terminar e o estado segue em “alerta laranja” para o risco de mais chuvas intensas. Cidades ainda contam os estragos. Ontem, o governador Romeu Zema (Novo) visitou Carangola, na Zona da Mata, onde pontes e ruas foram destru�das devido �s tempestades. Santa Maria de Itabira, na Regi�o Central, por sua vez, passou o dia em trabalho para desobstruir ruas, atender desabrigados e chorar seis mortos nas enchentes e deslizamentos do fim de semana. Em todo o estado, j� s�o 21 vidas perdidas em ocorr�ncias relativas ao per�odo chuvoso (outubro a mar�o) e mais de 10 mil pessoas que tiveram de deixar suas casas, entre desabrigados e desalojados.
Na noite de ontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou uma medida provis�ria que garante ajuda de R$ 450 milh�es para cidades atingidas por chuvas. Mais cedo, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), j� havia adiantado que um socorro estava sendo preparado para auxiliar munic�pios castigados por temporais.
Os indicadores meteorol�gicos indicam que a chuva n�o vai cessar em Minas. O restante do m�s de fevereiro ainda deve ser de muita nebulosidade, e, pelo menos at� os pr�ximos dias, Minas segue sob alerta laranja, que significa a possibilidade de precipita��es de maior intensidade. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), pode ocorrer chuva entre 30 e 60 mil�metros por hora ou 50 e 100 mil�metros por dia. Os ventos tamb�m s�o intensos, podendo chegar a 100km/h. H� risco de raios, corte de energia el�trica, queda de galhos de �rvores e alagamentos em todas as regi�es do estado.
A explica��o para as tempestades no decorrer deste m�s � a atua��o das �reas de instabilidade atmosf�ricas associadas � Zona de Converg�ncia do Atl�ntico Sul (ZCAS). Esse fen�meno, considerado normal nesta �poca do ano, foi tamb�m respons�vel pelas fortes chuvas em janeiro do ano passado, que devastaram Belo Horizonte e cidades da regi�o metropolitana. Desta vez, ele assola mais concentradamente a Regi�o Leste do estado, mas, segundo o meteorologista do Inmet Lisandro Gemiacki, todo o territ�rio est� sujeito aos altos volumes de chuva.
“Geralmente ocorre a forma��o desses sistemas ao longo da esta��o chuvosa que vai at� mar�o, favorecendo a forma��o de nuvens de diferentes formas, tanto a garoa quanto tempestades de intensidade forte que podem causar mais transtornos. A composi��o desses dois tipos de chuvas favorece muito os deslizamentos”, alerta Lisandro. “Praticamente todo o estado est� sendo atingido por precipita��es fortes. Temos percebido volume de chuva acima dos 100 mil�metros em todas as regi�es do estado”, observou.
Especialmente na �rea Central, Zona da Mata e Vale do A�o, o volume de precipita��o pode provocar enxurradas e alagamentos, al�m de eleva��o do n�vel dos c�rregos e rios, o que pode causar transtornos � popula��o. “Na Zona da Mata, o relevo � mais acidentado, ent�o a resposta em termos de enchente � muito r�pida. Mas a chuva est� acontecendo em v�rias regi�es do estado”, explicou. No caso de Santa Rita de Itabira o relevo tamb�m contribuiu, j� que a cidade fica em um vale, cujas paredes registraram desmoronamento, contribuindo para o transbordamento do Rio Girau, que corta o munic�pio.
Lisandro ressalta que esse fen�meno durante o ver�o � vers�til. “A Zona de Converg�ncia do Atl�ntico Sul tem caracter�stica de, �s vezes, provocar chuva cont�nua e tamb�m d� condi��es de pancadas isoladas no fim da tarde e noite. Al�m de poder acontecer os dois juntos tamb�m”, explica. “A previs�o � manter essa mesma condi��o variando de chuvas mais intensas com chuvas cont�nuas por pelo menos os pr�ximos cinco dias, com muita chance de temporais isolados em praticamente todo o estado”.
ABAFAMENTO De acordo com o Inmet, hoje (23/2) ser� mais um dia de tempo inst�vel. Haver� muitas nuvens, principalmente no Centro-Norte, Leste e Zona da Mata, com momentos de abertura do c�u, favorecendo a ocorr�ncia de pancadas de chuva e trovoadas nesses setores. No restante do estado, as nuvens aumentam ao longo do dia e as pancadas de chuva tendem a ocorrer preferencialmente � tarde e � noite. As temperaturas seguem est�veis, mantendo a sensa��o de abafamento dos �ltimos dias.
A previs�o de pancadas de chuva segue em munic�pios afetados no fim de semana, como Manhua�u, Carangola e Santa Maria de Itabira. De acordo com o boletim divulgado pela Defesa Civil Estadual, desde outubro do ano passado at� ontem, Minas soma 9.807 desalojados – pessoas que precisaram sair de suas casas. Os desabrigados – pessoas que necessitaram de abrigo p�blico, como habita��o tempor�ria –, chegaram a 1.358.
Enquanto isso, o �rg�o tem realizado uma s�rie de a��es humanit�rias de assist�ncia aos atingidos para minimizar o sofrimento daqueles que tiveram que deixar suas casas. Foram distribu�dos 845 colch�es, 505 kits limpeza (detergente, sab�o em barra, esponja dupla face, �gua sanit�ria, l� de a�o, sab�o em p�, pano de ch�o), 715 kits de higiene (sabonete, papel higi�nico, absorvente, creme dental, escova de dentes) e outros 4.772 itens avulsos como �gua sanit�ria, vestu�rio, �gua mineral, �lcool em gel, m�scaras, face shield, lonas, kit dormit�rio e alimenta��o.
EM BH A capital mineira registra chuvas acima da m�dia hist�rica neste m�s. De 1º de fevereiro at� as 9h de ontem, choveu na capital 383,2 mil�metros, 111% acima da m�dia para o m�s, que � de 181,4 mil�metros. O recorde de fevereiro mais chuvoso ainda � o de 1978, quando as precipita��es alcan�aram 487,3 mil�metros na cidade. Para a meteorologista Anete Fernandes, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), este m�s pode n�o bater esse volume, mas � poss�vel que supere o total registrado em fevereiro do ano passado, quando choveu 392 mil�metros na capital.. A temperatura na capital apresentou uma ligeira eleva��o. Ontem, a m�nima foi de 16°C e a m�xima de 28°C. . Hoje, a previs�o � de m�nima de 17°C e m�xima de 28°C, com muitas nuvens e pancadas de chuvas ao longo do dia.
Promessa de recursos para Carangola
Fortemente atingida pelas chuvas dos �ltimos dias, Carangola, na Zona da Mata, recebeu na tarde de ontem a visita do governador Romeu Zema. Ele acompanhou as opera��es do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil na cidade, prestou solidariedade �s v�timas e afirmou que o governo vai oferecer recursos para a reconstru��o do que foi perdido.
“Lamento estar aqui numa situa��o n�o muito agrad�vel, mas, felizmente, n�o tivemos v�timas. Estamos agora acompanhando o que � necess�rio para reconstruirmos a cidade. O estado vai dar total apoio ao munic�pio”, declarou o governador.
Moradores da cidade perderam m�veis e ainda sofreram com diversas ruas obstru�das por lama e destro�os. Zema garantiu que “as estruturas afetadas ser�o reconstru�das o quanto antes”. O governador atribuiu os recentes estragos na regi�o � mudan�a clim�tica e � extens�o territorial do estado. “Um estado do tamanho de Minas Gerais est� sujeito a ter ocorr�ncias tristes”, avaliou.
“Eu disse ao prefeito (Silas Vieira, do Republicanos) que minha grande preocupa��o � com rela��o ao futuro. Carangola n�o pode conviver com esse tipo de risco todo ver�o. No ano passado, tivemos problema e, neste ano, ele foi intensificado. Sabemos que � uma situa��o que vai demandar estudos e obras no futuro, mas � o que precisamos fazer. Caso contr�rio, essa situa��o pode se repetir e ningu�m quer viver numa cidade que corre esse risco”, afirmou Zema.
De acordo com o governador, a prefeitura ainda deve apurar o tamanho dos estragos para que o governo do estado contabilize a ajuda financeira. “Esse valor vai depender do levantamento. A prefeitura vai fazer o levantamento de quantas pontes foram afetadas, quantas ruas foram destru�das e outros problemas. Com o tempo teremos esses dados e ser� p�blico. Vamos correr atr�s para que a prefeitura tenha condi��o de reconstruir o quanto antes”, reafirmou.
Danos e preju�zos
Setenta munic�pios em Minas registram danos humanos durante o per�odo chuvoso em curso, aponta Boletim da Defesa Civil do estado. Desses, 20 decretaram estado de emerg�ncia ou de calamidade p�blica por eventos adversos. Os danos materiais somam R$ 34, 18 milh�es, preju�zos econ�micos p�blicos R$ 506,1 mil e os do setor privado R$ 4,8 milh�es, ainda de acordo com a Defesa Civil.