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Estado de Minas MAUS-TRATOS

CRMV reconhece falta de �tica de veterin�rio em um caso e analisar� outro

Processo investiga a conduta de Marcelo Dayrell e Francielle dos Santos nos casos dos cachorros Rambo e Malu, em Nova Lima; ambos podem ter o registro cassado


17/05/2021 22:57 - atualizado 20/05/2021 17:58

A cadela Malu morreu após passar por três procedimentos na clínica Animed (foto: Arquivo Pessoal)
A cadela Malu morreu ap�s passar por tr�s procedimentos na cl�nica Animed (foto: Arquivo Pessoal)
O Conselho Regional de Medicina Veterin�ria de Minas Gerais (CRMV-MG) realizou audi�ncia nessa segunda-feira (17/5), e continuar� nesta ter�a-feira (18/5), a respeito dos casos dos c�es Malu e Rambo, poss�veis v�timas de crimes dos m�dicos veterin�rios Marcelo Sim�es Dayrell e Francielle Fernanda Quirino dos Santos. 

O casal era dono da cl�nica Animed, fechada pela pol�cia em dezembro de 2019, logo ap�s a pris�o de Marcelo. Francielle ficou foragida da Justi�a

O tutor de Malu, o m�dico David Barreto, ser� ouvido em audi�ncia on-line, nesta ter�a-feira (18/5), �s 11h. Nessa segunda, ocorreu a audi�ncia sobre o c�o Rambo, do policial civil Bruno Monteiro. 

Marcelo Sim�es Dayrell e Francielle Fernanda Quirino dos Santos s�o investigados por estelionato, maus tratos, crimes ambientais, amea�as, sonega��o fiscal, lavagem de dinheiro e forma��o de quadrilha, junto com o gerente da Animed, Daniel Gon�alves Ferreira, e o advogado Phelipe Pereira Cardoso. Ele ajudava nas coa��es e intimida��es de v�timas e testemunhas.

Rambo sofreu duas cirurgias desnecess�rias

Foram cinco meses de sofrimento em 2018. O cachorro tinha um problema simples, mas foi submetido a duas cirurgias desnecess�rias que o deixaram com a pata atrofiada. 

Seu tutor, Bruno Monteiro, conseguiu tir�-lo da cl�nica ap�s ter sido alertado que Dayrell poderia estar cometendo atrocidades e inventando procedimentos apenas para ganhar dinheiro.

O cachorro fazia tratamento para leishmaniose sem ter a doen�a. Rambo teve necrose na pata, perdeu um dedo e faz tratamento at� hoje. 

Na audi�ncia dessa segunda-feira (17/5), os membros do conselho analisara as provas e reconheceram as condutas anti-�ticas de Marcelo e Francielle. Ela sofreu uma puni��o mais leve, por ser s�cia e por se omitir, j� que quem atuou no caso foi Dayrell. 

Apesar de reconhecerem que o veterin�rio agiu com falta de �tica, ele levou uma advert�ncia e foi condenado a pagar uma multa de R$ 1.500. A pena � considerada leve, j� que Marcelo � r�u prim�rio.

As partes ainda podem recorrer para o Conselho Federal. O relator anunciou seu voto e foi acompanhado por outros 6 conselheiros e 3 diretores.

Al�m dos veterin�rios e do tutor do Rambo, tamb�m participaram da audi�ncia os vereadores Miltinho, Wilsinho da Tabu e Reinaldo, que conseguiram junto ao CRMV-MG o direito de acompanhar o caso. 

Malu n�o resisitiu e acabou morrendo

J� a audi�ncia do caso da cadela Malu est� marcada para �s 11h desta ter�a-feira (17/5). Antes, �s 10h, haver� uma manifesta��o organizada por protetores dos animais em frente ao CRMV-MG. 

Em 2019, Malu foi atropelada em Lagoa da Prata. Ap�s passar por duas cl�nicas, em Bom Despacho e Par� de Minas, David Barreto recebeu a indica��o de levar Malu at� a Animed.

Ela passou por tr�s procedimentos cir�rgicos. Depois do primeiro, David come�ou a perceber que Malu estava com anemia grave. 

“Depois das complica��es da primeira cirurgia, tudo come�ou a me parecer muito estranho. Comecei a desconfiar e ficar muito angustiado”, lembra David.

Depois da segunda cirurgia, os exames mostravam sinais de infec��o e Malu n�o tinha sensibilidade na pata operada. 

“Marcelo chegou a considerar a possibilidade de amputar a pata.” David conta que mencionou a vontade de contratar um neurologista, mas o veterin�rio tentou demov�-lo da ideia, alegando que ainda faltava uma �ltima cirurgia. 

No dia marcado para este procedimento, David recebeu uma liga��o de um n�mero desconhecido. Do outro lado da linha, uma mulher alertou que ele estava sendo v�tima de um estelionat�rio e sugeriu que ele tirasse a cadela da cl�nica.

“(...) E hoje, voc� n�o sabe, mas ele vai entrar para o bloco cir�rgico para corrigir erros cir�rgicos das outras duas cirurgias que ele fez.”

David proibiu que o procedimento fosse feito. Ele levou duas testemunhas e foi at� a cl�nica retirar Malu. Ela foi levada para uma outra cl�nica, na Pampulha. David se emociona ao lembrar do trajeto.

“O que essa cachorrinha chorou. Eu tentava incessantemente consol�-la. E ela rastejava do banco traseiro para tentar ir para o banco da frente. Ela chorava e foi uma hora de sofrimento imenso.”

Na cl�nica, ela foi medicada e submetida a novos exames. “Os resultados mostraram que ela tinha altera��es multisist�micas. O f�gado j� estava com problema de funcionamento. O exame de sangue mostrava consumo das c�lulas, ela estava com um quadro de sepse. O raio X tamb�m mostrou parafusos soltos e outra placa com parafusos maiores.” 

Os resultados comprovaram a den�ncia feita pelo telefone e que depois foi confirmada por um funcion�rio da cl�nica que participou do procedimento. O pr�prio Marcelo confessou que fez um mini procedimento durante audi�ncia em janeiro de 2020. 

Malu morreu depois de alguns dias. David levou o corpo para a Faculdade de Medicina Veterin�ria da UFMG, onde foi submetido a uma necropsia. O laudo descreve todas as les�es e conclui que a causa da morte foi infec��o generalizada. 

“Por gan�ncia e crueldade. � assim a pr�tica desse cidad�o e da quadrilha. Ele aplica v�rios golpes.” David conta que quando foi retirar Malu da cl�nica, a secret�ria queria que ele assinasse uma nota promiss�ria em branco.

A primeira audi�ncia foi realizada ano passado. David e suas testemunhas prestaram depoimento, assim como Marcelo e as testemunhas de defesa. 

“O relator do processo � um m�dico veterin�rio que foi indicado para acompanhar o caso. Ele colhe todos os depoimentos. Eu elaborei um dossi� com a den�ncia, ele apresentou a defesa e depois isso foi para aprecia��o. E desde janeiro estamos esperando o parecer final.” 

Na audi�ncia desta ter�a-feira (18/5) vai ocorrer, al�m dos depoimentos, o julgamento do caso. E David espera que o veterin�rio seja condenado

“De acordo com o que prev� o C�digo de �tica M�dica Veterin�ria, em fun��o dos m�ltiplos crimes e infra��es �ticas grav�ssimas que ele cometeu, eu espero veementemente que ele seja cassado. Porque o caso do Marcelo Dayrell n�o tem precedentes na medicina veterin�ria brasileira. Uma pessoa dessa est� manchando, est� tornando indigna a profiss�o, est� causando desconfian�a e desconforto. Espero, de fato, que ele seja cassado”, concluiu. 


Marcelo e Francielle continuam trabalhando

Marcelo e Francielle Fernanda foram soltos em novembro de 2019 e continuam trabalhando. Segundo den�ncias, os veterin�rios continuam cometendo crimes contra animais e seus tutores desde dezembro de 2020 no S�o Bento Hospital Veterin�rio, localizado na rua Kepler, no Bairro Santa L�cia, Regi�o Centro-Sul de BH. 

Ap�s negativa da ju�za do caso e do Minist�rio P�blico, eles recorreram ao desembargador Eduardo Brum, que deu decis�o provis�ria para que voltassem a trabalhar at� a conclus�o do inqu�rito.

O S�o Bento Hospital Veterin�rio est� em nome de um amigo – que n�o � do ramo da veterin�ria – de Marcelo Sim�es Dayrell. Antes, ele se apresentava como Marcelo Dayrell e agora usa Marcelo Sim�es e cabelo grande. Francielle agora se identifica apenas como Fernanda. 

O processo aberto contra eles tem dezenas de provas e testemunhos de crimes b�rbaros contra animais de seus clientes, num total de mais de mil p�ginas, divididas em sete pastas e mais de 50 depoimentos. A per�cia conseguiu resgatar mensagens de celulares e filmagens apagadas e muitos documentos foram apreendidos.
 
*Estagi�ria sob supervis�o do editor �lvaro Duarte


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