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Estado de Minas TERCEIRA ONDA

Infectologista: ''Em BH, a Sa�de est� se preparando para um cen�rio pior''

Volunt�rio da Prefeitura de BH afirma que cidade compra insumos compat�veis com uma crise ainda mais grave em poss�vel terceira onda da COVID-19


22/05/2021 04:00 - atualizado 22/05/2021 07:40

''Estamos muito preocupados com essa flexibilização das atividades, e também com a chegada do outono e inverno, que facilitam a propagação de viroses''(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 11/9/20)
''Estamos muito preocupados com essa flexibiliza��o das atividades, e tamb�m com a chegada do outono e inverno, que facilitam a propaga��o de viroses'' (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 11/9/20)

Volunt�rio no comit� de enfrentamento � COVID-19 da Prefeitura de BH, o m�dico Una� Tupinamb�s v� com apreens�o a amea�a de uma terceira onda, situa��o que, mais do que poss�vel, considera prov�vel. E teme que ela seja ainda mais grave que as anteriores.


Segundo o infectologista, os profissionais do SUS na capital est�o se preparando para o pior cen�rio, embora tor�am para que ele n�o ocorra, comprando insumos como medicamentos para intuba��o e remanejando estoque de EPIs. Em entrevista ao EM, ele relata preocupa��o com a falta de coordena��o federal para o enfrentamento � pandemia e faz outros alertas.

Como o senhor avalia a probabilidade de uma terceira onda de incid�ncia de casos de COVID-19 em Minas?
Temos visto um aumento sistem�tico, com a incid�ncia de novos casos subindo no Brasil inteiro. A m�dia m�vel est� aumentando. Infelizmente, aumentou tamb�m o n�mero de �bitos nos �ltimos dias. Estamos muito preocupados com essa flexibiliza��o das atividades, e tamb�m com a chegada do outono e inverno, que facilitam a propaga��o de viroses transmitidas por via a�rea, tanto a COVID-19 quanto outras.

Ent�o, realmente h� chance de que tenhamos aumento de casos. Temos de torcer para que a vacina��o se amplie ainda mais, para poder fazer frente a essa terceira onda que tem probabilidade muito grande de acontecer, e t�o grave quanto foi a de abril.

Qual a import�ncia de se preparar para essa possibilidade?
Em Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Sa�de est� se preparando para um cen�rio pior, mais catastr�fico, comprando insumos e medicamentos. A gente se prepara para o pior cen�rio, na torcida para que aconte�a uma coisa mais branda. Mas temos um receio muito grande de que venha uma onda importante. As pessoas est�o muito cansadas, achando que j� tomaram vacina e j� pode flexibilizar, enfim, um cen�rio ainda muito preocupante.

O que o poder p�blico pode fazer para impedir a alta de casos?
Muita coisa. Na esfera municipal, BH tem feito muitas a��es de enfrentamento, j� prop�s o fechamento da cidade quatro vezes, ficamos em isolamento social durante v�rios meses.

Mas o mais importante � o poder federal implantar medidas de controle. Infelizmente, vimos no �ltimo domingo o presidente promovendo aglomera��o, sem m�scara. Por outro lado, o aux�lio emergencial � muito pouco para (permitir que a popula��o carente fique em casa e) poder abrandar a fome. Vimos que o poder municipal tem um limite de a��o. � preciso comprar mais vacinas, fazer negocia��o, ir atr�s; coisas que n�o vimos no ano passado.

Este ano continua havendo atitudes beligerantes contra a China, contra a �ndia, dificultando a importa��o de insumos. A situa��o � realmente muito complicada. Poder�amos ter tido 70 milh�es de doses da Pfizer ano passado, 35 milh�es de pessoas vacinadas... Quantas vidas ter�amos salvo? O governo federal tem que come�ar a acertar.

Como o poder p�blico pode se preparar para uma eventual terceira onda?  
O poder p�blico municipal tem comprado insumos, seja para medica��o e intuba��o, seja EPIs. Tem uma dificuldade de compras de teste para COVID-19, que � uma limita��o do poder p�blico municipal. Mas acho que o mais importante seria uma a��o conjunta, federal, estadual e municipal, coordenada pelo Minist�rio da Sa�de.

Tenho dito que essa pandemia foi municipalizada. BH faz de um jeito, Contagem de outro, Betim de outro... Sem uma centralidade nas a��es, fica muito dif�cil. Infelizmente, estamos colhendo os frutos disso no Brasil. Chegamos a essa calamidade de 435 mil pessoas mortas (444.094, segundo balan�o mais recente) e, em breve, infelizmente, vamos bater meio milh�o, muito por conta dos erros do Minist�rio da Sa�de e do governo federal.

Qual o papel da popula��o neste momento?
A popula��o tem sido v�tima. Se tem um presidente que favorece a aglomera��o, estimula o n�o uso da m�scara, a popula��o fica confusa. � muito poderosa essa imagem do presidente. A popula��o que est� na d�vida se sente um pouco legitimada em sair sem medo.

Ainda divulgando essa quest�o do tratamento precoce, isso elevou a trag�dia brasileira. Uma parte da popula��o n�o est� informada adequadamente, e quando busca informa��o ela v� as a��es do presidente da Rep�blica e fica em d�vida.

O papel da autoridade sanit�ria � informar cada vez mais a popula��o sobre a necessidade de manter o uso da m�scara facial, duas m�scaras bem posicionadas, lavar as m�os, evitar aglomera��o. Mas � uma guerra de informa��o. Eu acho que este ano de 2021 ainda ser� muito dif�cil. 

Fila zerada, mas vagas tamb�m


A possibilidade de uma terceira onda da pandemia preocupa gestores dos maiores hospitais do Leste de Minas. Governador Valadares, cidade-polo da regi�o, tem 54 leitos de UTI para COVID-19 na rede p�blica e, ap�s enfrentar colapso no auge da procura, conseguiu zerar a fila de espera por vaga, mas continua com ocupa��o de 100% nos leitos para casos graves. N�o h� condi��es nem previs�o para amplia��o de leitos por falta de m�o de obra para atuar na linha de frente.

“Hoje temos apenas a possibilidade de articula��o de leitos cl�nicos, de acordo com a demanda, que � vari�vel”, informou a Secretaria Municipal de Sa�de. A pasta acrescenta que monitora o abastecimento de medicamentos e insumos do kit intuba��o. Rotineiramente, o munic�pio tem oficiado ao governo do estado com pedidos de apoio e suporte.

Para diminuir o impacto de uma eventual terceira onda, a Sa�de municipal diz ter ampliado a vacina��o contra a COVID-19 seguindo diretrizes do Programa Nacional de Imuniza��o (PNI) e conforme disponibilidade de doses. Equipes t�m trabalhado inclusive em fins de semana para aumentar a cobertura vacinal.


Caratinga 


O alerta para eventual eleva��o de casos se repete em Caratinga, no Vale do A�o, mas os gestores da sa�de se dizem preparados para atender os pacientes. A dire��o do Casu-Hospital Irm� Denise, que tem 125 UTIs adulto, cinco pedi�tricos e 20 cl�nicos, informou que n�o houve desmobiliza��o dos leitos em funcionamento, mas reconhece que a unidade j� atingiu a estrutura m�xima, sem possibilidade de novas amplia��es.

“Ressaltamos que durante o pico da segunda onda a ocupa��o m�xima de leitos de UTI foi de 105 pacientes. Sendo assim, n�o atingimos a utiliza��o m�xima dos leitos dispon�veis. E em todo o per�odo da pandemia n�o deixamos nenhum paciente sem assist�ncia. Caso aconte�a a terceira onda, o hospital est� preparado”, informou a dire��o, em nota.

O Casu sustenta que os insumos cuja falta foi preocupa��o meses atr�s n�o s�o mais problema, j� que o hospital tem conseguido adquiri-los, inclusive para complementar a quantidade recebida do Minist�rio da Sa�de. Tamb�m informa ter recebido bloqueadores musculares da Secretaria do Estado de Sa�de. E, com a queda no n�mero de casos de COVID-19 na regi�o, acrescenta que conseguiu fazer um bom estoque para atendimento imediato em caso de eventual terceira onda.

Al�m disso, a unidade diz ter estabelecido protocolos de substitui��o de drogas que permitiram trabalhar no pico da segunda onda. “Se for preciso, eles ser�o adotados novamente.” 

Menos de 10% de leitos para casos graves

A pandemia avan�a novamente em Po�os de Caldas, no Sul de Minas. Apesar de estar com mais de 91,8% dos leitos de UTI COVID-19 ocupados, a prefeitura diz que est� preparada para atender pacientes da regi�o. A cidade soma 8.831 pessoas infectadas e  292 �bitos confirmados pela doen�a. Em 20 dias, o salto foi de mais de mil registros positivos e 44 mortes.

De acordo com a prefeitura, uma ala do Hospital Margarita Morales est� dispon�vel caso haja necessidade. A cidade atende pacientes infectados nos hospitais de Campanha, Santa Casa, Santa L�cia e em dois particulares. Ao todo, s�o 73 leitos de UTI para a regi�o.

“Estamos preparados, como sempre estivemos em toda a pandemia, para atender pacientes da cidade e da regi�o. Para a aquisi��o dos medicamentos do chamado kit intuba��o, j� entramos em contato com o governo de Minas”, afirma o secret�rio municipal de Sa�de, Carlos Mosconi.

Do total de leitos, 30 s�o da Santa Casa, atualmente com 100% de ocupa��o. No come�o da pandemia, o hospital tinha apenas 10 vagas de UTI para atender a todas as demandas. Agora, s�o 20 s� para COVID-19.

Morte sem leito


 No come�o do m�s passado, uma idosa morreu em decorr�ncia da COVID-19 aguardando vaga na UTI da Santa Casa. A mulher, de 76 anos, com doen�as associadas, estava na aten��o semi-intensiva na unidade de pronto-atendimento (UPA). 

Na �poca, a prefeitura informou que, devido � lota��o, pacientes precisaram ser atendidos nos 10 leitos de UTI do Hospital de Campanha, que tamb�m estava com 100% de ocupa��o, e nos semi-intensivos da UPA. “Os n�meros s�o preocupantes, principalmente pelo longo tempo que os pacientes permanecem nas UTIs se recuperando”, explicou a assessoria de imprensa.

(Com Camilla Dourado - Especial para o EM e Tim Filho - Especial para o EM)
 


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