
As impress�es digitais deixadas nas telhas constru�das por algu�m que veio do outro lado do oceano para morar na primeira cidade de Minas Gerais, no per�odo colonial, mostram uma identidade pouco revelada e que agora poder� ser visitada no Museu Minas Gog�, em Mariana, Regi�o Central de Minas, que ser� inaugurado nesta sexta-feira (16/7), �s 19h.
O museu de of�cios e artefatos do cotidiano das pessoas, a maioria escravizadas, que viveram no Morro Santana, no s�culo 17, foi criado a partir da uni�o de moradores da cidade que decidiram contar uma outra hist�ria e apresent�-la ao p�blico no dia em que � comemorada a chegada dos bandeirantes na regi�o: Dia de Minas, celebrado em 16 de julho.
Segundo o criador do museu, o artista pl�stico e professor Eduardo Campos, o acervo � composto de 201 pe�as que foram doadas por amigos e moradores da regi�o durante cinco anos. Ele explica que ao junt�-las foi percebida uma riqueza hist�rica pouco retratada.
“Com o aux�lio de um historiador, decidimos contar parte do outro lado da hist�ria e apresentar esse povo que viveu e contribuiu com a for�a do trabalho e dos costumes para a constru��o de Minas Gerais e do pa�s. J� vimos muito nos livros a celebra��o de reis, militares e pol�ticos. Agora, queremos ver e contar outras hist�rias".

Campos conta que o visitante poder� ver artefatos da minera��o, como ferramentas que os escravizados usaram para extrair o ouro, tamb�m tem uma cole��o de cachimbos, colheres, utens�lios de cozinha, materiais usados nas constru��es de casas e frascos usados para colocar rem�dios para combater o resfriado, provocado pelo frio que sentiam � noite.
O historiador Leandro Santos conta que os artefatos foram encontrados em quintais e hortas de vizinhos e pessoas amigas de Eduardo Campos, que o presentearam com essas pe�as, algumas rel�quias de fam�lia e outras encontradas na regi�o conhecida como parque arqueol�gico do Gog�, localizado nos morros de Santo Ant�nio e Santana, onde viveram mais de 20 mil escravos que se trabalhavam na explora��o do ouro nos s�culos 18 e 19, segundo dados da C�ria de Mariana.
“H� uma cidade perdida em Mariana, com dezenas de ru�nas, algumas pequenas, outras gigantes, que apontam o come�o da civiliza��o em Minas Gerais. Foi feita por Eduardo uma r�plica do parque arqueol�gico que tamb�m poder� ser vista no museu”.
O artista pl�stico e restaurador afirma que quis manter a originalidade das pe�as encontradas e, por isso, foi feita apenas uma limpeza com uso de pinc�is para n�o retirar o que o tempo agregou no passar dos anos de esquecimento.
“Nesses mais de 300 anos, queremos dizer que falta ainda um olhar para essa regi�o de riqu�ssimo contexto hist�rico e cultural, com segredos do nosso passsado ainda n�o descobertos e que merecem ser preservados e comemorados tamb�m nos dias de Minas".
As visitas ao museu ser�o gratuitas e abertas ao p�blico a partir de s�bado (17/07). A inaugura��o, que ser� de forma virtual por meio de uma live, �s 19h, far� um city tour explicativo dentro do museu com a presen�a do historiador e do idealizador.
Conhe�a algumas pe�as

Cachimbo com anjo revela sincretismo religioso
O museu exp�e cerca de 30 cachimbos que eram usados de acordo com costumes dos povos africanos, muitas vezes em rituais ou recrea��o. Os cachimbos e seu uso foram trazidos pelos escravos.
Por�m um �nico cachimbo revela o sincretismo religioso, mistura a figura de um anjo a um objeto que podia ser usado para rituais de religi�es de matriz africana. Foram encontrados nas imedia��es do parque do Gog�.
Brunidores: tecnologia da minera��o

Eles eram utilizados para triturar as pedras retiradas das minas para minerar. � a primeira tecnologia da minera��o de moagem, de forma rudimentar, onde ao esfregar uma pedra na outra ela liberava o min�rio para ser garimpado, e da� separava-se o ouro que seria comercializado.
Pregos e cravos

Revela a necessidade de fundi��o, todos os pregos e cravos foram feitos um a um, de forma artesanal pelos escravizados. Uma ou mais oficinas de fundi��o funcionava, n�o s� para fundir o ouro, mas para fazer o ferro, que vinha de Portugal em barras, e aqui, nas m�os dos fundidores, viravam ferrolhos, correntes, pregos. No Parque do Gog� existem partes de cadinho e h� ru�nas de uma fundi��o.