Um pa�s dentro de Minas: a hist�ria da Rep�blica de Manhuassu
A derrota pol�tica pela Prefeitura de Manhua�u que levou a uma invas�o armada e � cria��o de um pa�s que teve at� moeda pr�pria, o bor�
10 de maio a 03 de junho: os 123 anos da Rep�blica Manhuassu
(foto: Secretaria de Comunica��o Social de Manhua�u/Divulga��o
)
Voc� sabia que j� existiu um pa�s dentro de Minas Gerais? Essa hist�ria ocorreu em Manhua�u, na Zona da Mata. Em 1896, o coronel Serafim Tib�rcio da Costa liderou um grupo de aproximadamente 800 homens armados na invas�o da cidade. O bando decretou a regi�o como um pa�s independente: a Rep�blica de Manhuassu. O pa�s durou 22 dias, tempo que decorreu entre ocupa��o e a retomada da cidade mineira pelo Ex�rcito, e teve at� moeda pr�pria, o bor�.
Al�m de delegado, o coronel era famoso na cidade por sua atividade de coletor de impostos. De acordo com pesquisa da Secretaria de Comunica��o Social de Manhua�u, durante o per�odo em que morou l�, Serafim tamb�m acumulou den�ncias de assassinato e outros crimes. Mesmo assim, chegou a ser prefeito, no fim do s�culo 19.
A reviravolta ocorreu quando ele tentou se reeleger, mas foi derrotado. Serafim Tib�rcio n�o se conformou com o resultado e partiu para a capital mineira para falar com o Governador do Estado, Crispim Jaques Bias Fortes, que n�o deu ouvidos � reclama��o do derrotado.
Ao retornar, Serafim encontrou a regi�o do Bairro Coqueiro completamente desabitada pelo ent�o Coronel Nicolau da Costa Matos (Ex-chefe do Executivo, o 3º Prefeito), nomeado delegado de pol�cia pelo novo prefeito, o Vig�rio Odorico Dolabela. Os moradores do bairro seguiram Serafim Tib�rcio para fora do munic�pio, em entendimento que o coronel se mudaria para Caratinga de vez, dando t�rmino � sua vida pol�tica.
10 de maio a 03 de junho: os 123 anos da Rep�blica Manhuassu
(foto: Secretaria de Comunica��o Social de Manhua�u/Divulga��o
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O coronel ficou fora de Manhuassu – na �poca o nome era escrito com "ss" – por mais de um ano, at� retornar em fevereiro de 1896, acompanhado de mais de 20 cavaleiros.
C�dula de 1.000 bor�s, a moeda criada nos 22 dias de exist�ncia da Rep�blica de Manhuassu (foto: Reprodu��o)
“Ele se apresentou � pris�o a fim de ser submetido a julgamento em processo que contra ele tinha sido instaurado e em que fora pronunciado por crime de morte. Submetido o processo a julgamento, foi absolvido e relaxado da pris�o. Permaneceu ent�o na cidade, com os indiv�duos que tinham vindo em sua companhia e fez entrar na cidade avultado n�mero de capangas recrutados nas matas de Caratinga e Pe�anha. Com este s�quito, amea�ou e afrontou as autoridades da comarca fazendo passear armados de carabina e garrucha seus companheiros e amigos”, diz um texto da prefeitura da �poca.
Controle das "fronteiras"
Com a cidade sob dom�nio do coronel, as fronteiras foram fechadas e o territ�rio tomado por capangas. O Governador do Estado, Crispim Jaques Bias Fortes, “enviou for�a policial de 25 pra�as que n�o chegaram a alcan�ar a regi�o de Rio Casca, pois foi recha�ada. Mais tarde, novo contingente de cem homens foi enviado. Estes tamb�m n�o conseguiram penetrar, e, acabaram se deslocando para Carangola, onde tiveram a not�cia de que Serafim Tib�rcio havia dominado a cidade e feito se aclamar governador ou presidente", relatou o texto da prefeitura.
Coronel Serafim Tib�rcio teria retornado raras vezes a Manhua�u, aparecendo de vez em quando, por ocasi�o das elei��es municipais (foto: Secretaria de Comunica��o Social de Manhua�u/Divulga��o)
O governador ent�o pediu ao Presidente da Rep�blica, Prudente de Moraes, o aux�lio para derrotar as for�as do Coronel Serafim. O presidente enviou soldados do Ex�rcito e houve mortes nos conflitos.
Ciente de que o n�mero de soldados das tropas federais era bem maior que o de pessoas envolvidas com sua causa, “o coronel desiste de lutar e ordena aos revoltosos que partam em dire��o ao Estado do Esp�rito Santo”. Com isso, a Rep�blica Manhuassu terminou em 3 de junho de 1896.
A morte de Serafim
O coronel Serafim Tib�rcio da Costa faleceu em 19 de novembro de 1919, de causas naturais, aos 68 anos, em Espera Feliz, a cerca de 70 quil�metros de Manua�u. O caix�o foi transportado por trem de ferro e, jornais da �poca, registram que o cortejo foi acompanhado por um grande n�mero de pessoas.
Em 1977, ano do centen�rio de Manhua�u, foi esculpido um busto em homenagem � mem�ria do coronel, mas a obra ficou guardada durante muito tempo aos cuidados da Casa de Cultura.
Busto do coronel Serafim foi instalado na Pra�a Carlos Alberto de Castro (foto: Secretaria de Comunica��o Social de Manhua�u/Divulga��o)
H� alguns anos, o busto foi instalado na Pra�a Carlos Alberto de Castro, entre a Avenida Salime Nacif e a Rua Capit�o Luiz Quintino de Souza, pr�ximo ao Pal�cio da Cultura e � EE Ant�nio Wellerson, e l� permanece.
Atualmente, a Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura de Manhua�u, juntamente com o Conselho Municipal do Patrim�nio Cultural, prepara o invent�rio para tombar como patrim�nio hist�rico o busto do ex-chefe do Executivo Municipal. Tamb�m no Bairro Coqueiro, est� situado a rua que recebeu o nome do coronel, segundo informa��es da Secretaria de Comunica��o Social de Manhua�u.
Sabia N�o, Uai!
O Sabia N�o, Uai! mostra de um jeito descontra�do hist�rias e curiosidades relacionadas � cultura mineira. A produ��o e apresenta��o s�o feitas pela rep�rter D�borah Lima, que conta com o apoio do vasto material dispon�vel no arquivo de imagens do Estado de Minas, que inclui ainda as publica��es dos extintos Di�rio da Tarde e revista O Cruzeiro.
O conte�do oferece um olhar �nico e com propriedade sobre a hist�ria de Belo Horizonte e de Minas Gerais desde a d�cada de 1920.
*Estagi�rio sob supervis�o do subeditor Rafael Alves
