
Os poucos carros das linhas alimentadoras que circularam nas primeiras horas da manh� desta quinta-feira (2/12), desembarcavam os passageiros, que ficaram horas nas plataformas sem conseguir seguir viagem para outras regi�es da capital.
O movimento de pessoas � procura de algum tipo de transporte ou carona era grande no entorno do terminal. O telefone celular e o WhatsApp eram as ferramentas para avisar aos patr�es e empregadores sobre o atraso ou mesmo a falta do servi�o devido � situa��o de aus�ncia de condu��o.
Alguns desistiram e voltaram pra casa. Eva das Merc�s, diarista, ia pra Savassi. Chegou �s 6h e n�o tinha �nibus. Depois de duas horas de espera, resolveu retornar para sua resid�ncia, no Bairro Durval de Barros. "Vou aproveitar que essa linha ainda tem alguns carros circulando. Minha preocupa��o � descer para BH e depois n�o ter como voltar", disse.

Cl�udia Silva Santos, 49 anos, funcion�ria do Hospital Paulo de Tarso, no Estoril, regi�o Oeste de Belo Horizonte, mora no pr�prio Bairro Diamante. Foi a p� at� o terminal onde chegou �s 5h30, mas n�o encontrou a condu��o. Chegou a voltar pra casa, mas foi informada por por sua equipe que o hospital disponibilizaria um meio de transporte para leva-la ao trabalho. Retornou � esta��o e �s 7h30 ela aguardava no lado externo da esta��o.

Adair Motorista, como � conhecido entre os colegas, trabalha na linha 3052, Diamante - BH Shopping e estava de bra�os cruzados em apoio � categoria 'que j� passou do limite de paci�ncia'. Segundo o condutor do transporte coletivo, 'tem empresas nas quais motoristas n�o receberam nem o sal�rio do m�s de novembro e nem a primeira parcela do 13º', que dveria ter sido quitada no dia 30 de novembro, segundo a legisla��o trabalhista.
Adair reclama ainda do excesso de trabalho. "Dirigimos, cobramos passagem, temos que acionar o elevador de cadeirantes. J� vai para t�s anos sem qualquer reajuste de sal�rio. Enfrentamos �nibus com excesso de passageiro, um tr�nsito intenso. Empresas n�o valorizam o profissional e quando terminamos o dia ficamos com dor de cabe�a. Pego �s 4h da manh� e vou at� �s 14h. Temos muitos colegam que trabalham doentes, com medo de entregar atestado e serem mandados embora."
Morador do Bairro Diamante, Luiz Fl�vio, empres�rio de 49 anos, tentava ir para outra regi�o no Barreiro. "Vi da minha casa alguns �nibus circulando e desci, mas j� espero h� uma hora. O problema aqui n�o � s� em dias de greve. � uma constante esta esta��o super lotada, gente esperando e carros mau conservados, principalmente aqueles que ligam a esta��o aos bairros."
A bab� Cleide Fernandes, de 41 anos, moradora do Mangueiras, aguardava condu��o para o Buritis. Ela concorda com Luiz Fl�vio. "Todos os dias est� muito cheio, a lota��o desconfort�vel, motorista cobrando passagem atrasa a viagem, n�o h� cumprimento de hor�rios, principalmente nas linhas alimentadoras", reclama.
Cleide diz considerar a greve 'justa e � uma forma de protestar para pressionar e melhorar o sistema de transporte. Mas tem a parte tamb�m dos demais trabalhadores que precisam defender o seu p�o de cada dia.' Ela aguardava a patroa, que ficou de busca-la na esta��o.

Carolina Rocha C�ndida de Oliveira, de 35 anos, supervisora comercial, chegou de Contagem e ia depois para al�m da via do Min�rio. "Estou pensando o que vou fazer. Pelo visto tem muita gente esperando. Todo os dias vou em �nibus lotado. Pensado em ir ao trabalho, mas tamb�m na volta para casa que terei que pensar outo tipo de transporte."
Entenda a greve
Os rodovi�rios alegam estar sem aumento h� dois anos e reivindicam reajuste de 9%, mais corre��o dos vencimentos pelo �ndice Nacional de Pre�o ao Consumidor (INPC).
A categoria chegou a cruzar os bra�os em 22 de novembro, mas suspendeu a greve 24 horas depois, ap�s a sinaliza��o de um acordo pelo Sindicato das Empresas de Transporte P�blico de Belo Horizonte (Setra-BH).
A proposta apresentada pelo Setra-BH, no entanto, n�o agradou aos motoristas, j� que contempla o aumento de 9%, mas exclui a reposi��o salarial pela infla��o, principal bandeira do movimento grevista.