
Joaquim Aleixo Sabino Junior deixa dois filhos, de 2 e 3 anos. "As crian�as eram o xod� dele. Ele sa�a todo fim de semana com elas, uma tristeza enorme. Ele tinha acabado de assumir um cargo de chefia na empresa, onde trabalhava anteriormente como soldador. N�o tinha v�cio, n�o fumava, n�o bebia", lamenta � reportagem um parente da v�tima, que prefere n�o se identificar (veja mais sobre a vers�o da fam�lia e de testemunhas abaixo).
Segundo o registro da PM, o policial militar Wanderson de Oliveira Pedroso, 37, deixou o carro para um servi�o de enceramento na Rua Marita, em um lava r�pido, onde tamb�m existe uma casa. Ele teria combinado o servi�o com o poss�vel propriet�rio do estabelecimento e o prazo de entrega era a tarde de s�bado. Por�m, ao chegar ao local, o policial n�o encontrou o ve�culo.
Ao bater no estabelecimento, foi atendido por Joaquim Aleixo Sabino Junior, 30, que disse n�o saber onde o homem com quem o policial havia combinado o servi�o estava. Ele teria dito que o carro, provavelmente, "devia estar na rua".
Em depoimento � Pol�cia Civil, Pedroso afirmou que Junior n�o 'gostou' do tom em que a pergunta foi feita, e teria come�ado uma discuss�o. Nisso, segundo o policial, ele ligou para o 190 pedindo uma viatura da PM para solucionar o 'desacordo comercial', quando o jovem teria se exaltado e come�ado a empurr�-lo e amea�ado rasgar a camisa.
A� o PM, que estava de folga, pegou o rev�lver e atirou contra o rapaz. Ele confirmou, em depoimento, que n�o havia se identificado como policial durante a discuss�o. O disparo acertou a testa de Junior, que foi socorrido por vizinhos. Levado para a Unidade de Pronto Atendimento do pr�prio bairro, foi transferido pouco tempo depois ao Hospital Jo�o XXIII, em estado muito grave.
A Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), respons�vel pela administra��o do Hospital Jo�o XXIII, diz ter como pol�tica "n�o divulgar estado de sa�de de pacientes, exceto em casos de de grandes propor��es", por�m familiares confirmaram � reportagem que a morte cerebral foi confirmada na manh� de hoje.
"Os m�dicos j� haviam dito que o estado era irrevers�vel. Um tiro na cabe�a, n�o tinha como", lamentou um dos familiares de Junior.

Outras vers�es
O primeiro relato trazido pela reportagem foi do pr�prio policial, mas os policiais ouviram outras duas pessoas.
Um sobrinho de Junior informou que o tio havia perguntado ao policial se o carro n�o estava na rua. O policial teria respondido de maneira r�spida. Junior questionou a educa��o e a forma da resposta, e pediu para que o PM sa�sse da casa (ele estaria dentro do local, segundo o relato).
Quando estava prestes a fechar a porta da garagem, o jovem teria sido empurrado pelo PM, quando come�ou a troca de socos. O PM teria amea�ado e atirou em seguida.
O relato de uma outra testemunha, vizinho do local onde o crime aconteceu, aponta que o policial estava de fato procurando o carro dele, e, alterado, perguntou a Junior porque n�o o encontrou. Nisso, Pedroso tentou entrar � for�a no estabelecimento, sendo empurrado pelo jovem, quando as agress�es e o tiro aconteceram.
O vizinho disse que foi ele quem resgatou o jovem � UPA.
O que se sabe � que toda a confus�o foi ouvida pelos atendentes do telefone 190. � reportagem, o familiar de Junior disse que o policial tentou simular as agress�es e que a roupa dele seria rasgada.
"Ele estava muito alterado. Ou drogado, ou b�bado. Ele n�o estava normal. Quando me aproximei para tentar resgatar Junior, ele [o policial] ainda fez sinal de que iria atirar em mim tamb�m", disse.
O homem confirmou que o policial n�o havia se identificado como PM - e que s� foram saber ap�s o registro da ocorr�ncia - e que o servi�o de polimento do ve�culo dele havia sido confirmada pelo dono do lava r�pido, tamb�m parente dele, e que o ve�culo seria deixado em um com�rcio no pr�prio bairro.
O carro foi localizado no endere�o combinado e devolvido � fam�lia, intacto.
O que acontece agora?
A Corregedoria da Pol�cia Militar esteve em Santa Luzia para acompanhar o registro da ocorr�ncia. Uma c�pia da grava��o feita por Pedroso ao 190 j� est� com a Pol�cia Civil.
A Pol�cia Militar de Minas Gerais n�o informou se um processo administrativo interno foi aberto contra o policial, e o que pode acontecer agora que a morte cerebral do jovem foi confirmada. A corpora��o encaminhou a seguinte nota oficial:
"A Pol�cia Militar de Minas Gerais (PMMG) esclarece que o policial militar estava de folga e � paisana e que o evento foi registrado pelo 35º BPM, com acompanhamento da Corregedoria da institui��o. O policial militar foi preso em flagrante delito e conduzido � delegacia de plant�o da Pol�cia Civil para ado��o de provid�ncias cab�veis e apura��o dos fatos".
Wanderson de Oliveira Pedroso foi preso em flagrante por homic�dio.
A reportagem apurou que advogados representando o policial acompanharam o registro da ocorr�ncia na delegacia, por�m n�o conseguiu contato com eles at� o fechamento deste texto. T�o logo tenha sucesso ou os defensores se manifestem, esta reportagem ser� atualizada.