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Estado de Minas HIST�RIA

Pra�a Raul Soares: c�rculo de vida no cora��o de BH

Pra�a carregada de hist�ria abriga �cones da arquitetura da capital e tem se transformado em galeria de arte a c�u aberto


25/09/2022 04:00 - atualizado 26/09/2022 17:01

Praça Raul Soares vista do alto
Pra�a Raul Soares (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Uma hora dessas, nessa primavera, vale a pena caminhar, sem pressa, pela Pra�a Raul Soares e no seu entorno, no Bairro Barro Preto, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Com certeza, ser� um universo de (re) descobertas, muitas surpresas, algumas cenas urbanas inesperadas, mas nada que deixe o belo-horizontino ou visitante indiferente. Se do alto dos pr�dios o espa�o p�blico � �nico, com seu piso homenageando a cultura marajoara, de perto traz novidades, a exemplo da s�tima edi��o do Circuito Urbano de Arte (Cura), que termina hoje, e novos bares no peda�o. Assim, � luz solar ou da Lua, o passeio, bem no cora��o de BH, tem seu lugar para curtir o encontro de jardins floridos, cultura, arquitetura e lazer.

Acreditando no potencial desse cen�rio como polo de divers�o e neg�cios, h� empreendedores cheios de �nimo para ocupar seu espa�o. � o caso do chef Jaime Solares, que inaugurou na �ltima quinta-feira, primeiro dia da primavera, o Bar Pirex, na Galeria S�o Vicente, na esquina da pra�a com a Avenida Amazonas. Tendo como s�cios a mulher Michelle Matos e Vitor Velloso, do Restaurante Pacato, no Bairro de Lourdes, Jaime Solares s� tem elogios � regi�o.

“Estamos no Hipercentro, cora��o da cidade, pr�ximos do Mercado Novo, diante do Conjunto JK, cujo projeto � de Oscar Niemeyer (1907-2012), perto de ‘tudo’. A localiza��o � �tima”, diz Jaime Solares, na varanda que circunda a galeria e de onde se tem boa vis�o do espa�o p�blico e das �rvores, entre elas uma sibipiruna florida.

Clientes admiram a vista noturna da praça no Bar Palito, localizado na Galeria São Vicente
Clientes admiram a vista noturna da pra�a no Bar Palito, localizado na Galeria S�o Vicente (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


Com card�pio de 50 petiscos, drinques e convite � integra��o, o estabelecimento comunga do esp�rito da Raul Soares, diz Michelle Matos: “Temos aqui, nesta �rea, a reuni�o das tribos urbanas, e queremos fortalecer a ‘cultura de boteco’, de beber no balc�o, uma caracter�stica de Belo Horizonte”.

Debru�ado sobre o parapeito da varanda, o casal destaca a beleza do espa�o p�blico e o belo p�r do sol. “N�o queremos ver a pra�a como problema urbano, mas encontrar sua ressignifica��o e levar as pessoas a fazerem descobertas”, acrescenta Michelle, que, entusiasmada, informa que outros bares est�o chegando � Galeria S�o Vicente, entre eles o Bolacha. “Aqui, a pessoa n�o se sente aprisionada, pois tem toda a pra�a diante dos olhos”, afirma.

Nova experi�ncia

F� confesso do Centro da cidade, o dono do Bar Palito, T�lio D’Angelo, que tem como s�cio Thiago Ceccotti, est� satisfeito com o movimento na casa, inaugurada no primeiro semestre. “� um bar singelo, n�o comporta muita gente, mas estamos criando uma experi�ncia boa nesta regi�o de tantos contrastes”, diz T�lio.

Jaime Solares, chef (na foto, ao lado da esposa e sócia, Michelle), que abriu bar na esquina da praça
Jaime Solares, chef (na foto, ao lado da esposa e s�cia, Michelle), que abriu bar na esquina da pra�a (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


Para chegar ao bar, que oferece uma carta com sete coquet�is cl�ssicos, e mais o rabo de galo (cacha�a e vermute), o cliente sobe uma escada, entra num corredor e depois se depara com a Raul Soares. “Trata-se de um lugar muito especial, com jardins bem cuidados, que representa um divisor. De um lado, temos o Bairro de Lourdes; do outro, o viaduto (Dona Helena Greco); no meio, �reas muito pobres, popula��o em situa��o de rua, enfim, um retrato da cidade com suas camadas sociais”, afirma T�lio, que j� morou no Centro da cidade e hoje reside no Bairro Floresta. Ele v� como um tesouro de BH o vizinho Mercado Central.

Ocupa��o

Inaugurado em 1936 e tombado, em 1988, pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), e em 2008, pelo munic�pio, como patrim�nio cultural de BH e integrante do Conjunto Urbano Pra�a Raul Soares – Avenida Oleg�rio Maciel, o espa�o p�blico, na opini�o de moradores do entorno e de quem passa por l� diariamente, tem uma s�rie de problemas, sendo o mais grave o n�mero de moradores em situa��o de rua.

“Lugar t�o bonito, com pr�dios de outros tempos, e nessa situa��o! Poderia ser um polo de entretenimento, como ocorre em outras cidades do mundo que requalificaram a �rea central”, afirma uma mulher que pede para n�o ser identificada.

Realmente, h� muitos edif�cios que chamam a aten��o, datados da primeira metade do s�culo passado, alguns com abrigo antia�reo. Vale destacar que o objetivo do c�modo, no subsolo, era garantir prote��o caso a Alemanha resolvesse bombardear BH durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Hist�rias que passam de boca em boca e deixam muita gente incr�dula. Com aten��o, o belo-horizontino pode descobrir fachadas e entradas de pr�dios cheias de charme. 

Praça Raul Soares
Alguns edif�cios s�o datados da primeira metade do s�culo passado (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Problemas n�o escondem encantos e potencial

O aposentado Tarc�sio Miranda reside no Barro Preto h� 35 anos e j� curtiu muito a regi�o, que tinha cinema, muitos restaurantes e bares. “Hoje, n�o saio mais � noite, mas basta olhar para ver que a Raul Soares tem potencial para ser polo de divers�o”, afirma.

Dando uma parada na sua caminhada, a servidora p�blica Rita Bambirra chama a aten��o para as polui��es sonora  e visual, e v� urg�ncia para solu��o de outras mazelas. “Precisamos de mais seguran�a. Para atrair investidores, � necess�rio tamb�m ter estacionamento.”

Fotografando as interven��es do Cura, a costureira Denise Teixeira de Freitas, que trabalha num shopping, pede mais ilumina��o. “Passo direto pela pra�a, vindo e voltando de casa, ent�o quanto mais seguran�a, melhor”, avisa. 

A Raul Soares serve de refúgio para pessoas em situação de rua, que usam a fonte para se banhar
A Raul Soares serve de ref�gio para pessoas em situa��o de rua, que usam a fonte para se banhar (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


Enquanto a reportagem do EM esteve na pra�a, havia equipe da Guarda Municipal, incluindo ve�culo, e jardineiros cuidando dos canteiros – por�m, em total desrespeito ao bem p�blico, uma moradora das proximidades estava colocando seu cachorrinho para tomar banho na fonte.

Marajoara

Inicialmente denominada Quatorze de Setembro, de acordo com informa��es do Iepha, a Pra�a Raul Soares tem tra�ado de autoria do arquiteto �rico de Paula, que usou elementos geom�tricos nas cal�adas portuguesas, em refer�ncia � cultura marajoara, e estilo art d�co. A constru��o foi iniciada em 1929 e inscrita, em 1988, no Livro do Tombo Arqueol�gico, Etnogr�fico e Paisag�stico do Iepha. O nome da pra�a homenageia o ex-governador de Minas Raul Soares (1877-1924), que tomou posse em 1922. Al�m de pol�tico, era advogado, escritor e professor. 

Situada na intersec��o das avenidas Amazonas, Oleg�rio Maciel, Bias Fortes e Augusto de Lima, a pra�a  tem dimens�es que a tornam um amplo referencial no tra�ado ortogonal da cidade.

Denise Teixeira de Freitas fotografa intervenção do Cura e pede mais iluminação para o local: %u201CQuanto mais segurança, melhor%u201D
Denise Teixeira de Freitas fotografa interven��o do Cura e pede mais ilumina��o para o local: %u201CQuanto mais seguran�a, melhor%u201D (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
 

Segundo o estudo do Iepha, “a concep��o original do paisagismo, de autoria desconhecida, caracteriza-se pela r�gida distribui��o axial, centralizada em uma fonte luminosa, pela simetria enfatizada pelas moitas esf�ricas de topiaria e pelas perspectivas grandiosas”.

Cura em a��o

Em sua s�tima edi��o, o Circuito Urbano de Arte (Cura) retoma suas origens e promove uma intensa programa��o cultural com a pintura de mais duas empenas (fachada sem janela) e arte digital, al�m da instala��o, na pra�a, da artista baiana Selma Calheira. Durante o festival, o Cura mant�m uma base provis�ria na Galeria S�o Vicente.

Como em toda edi��o, um artista da cidade se torna o anfitri�o de todos e, desta vez, Pedro Neves assume o papel – � dele a empena do Edif�cio Copacabana, no numero 89 da pra�a. J� Sueli Maxakali, lideran�a do povo ind�gena maxakali ou tikmu�n, � a artista convidada para pintar a empena do Edif�cio Roma, enquanto Willand Cabal, vencedora da convocat�ria Cura, tem sua obra em NFT impressa em formato lambe para estampar a fachada do Hotel Sorrento.

Tarcísio Miranda, morador do Barro Preto
Tarc�sio Miranda, morador do Barro Preto (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Manuten��o e trabalho social 

A Prefeitura de Belo Horizonte informa que mant�m no local “a��es de zeladoria do espa�o”. Em nota, as autoridades explicam que a manuten��o de rotina � feita diariamente durante a semana, de segunda a sexta-feira. “Em um contrato de manuten��o continuada, a administra��o municipal tem atuado por meio de a��es intersetoriais na busca de fazer da Pra�a Raul Soares um local adequado para utiliza��o de conviv�ncia e tr�nsito de pessoas. Para isso, rotineiramente, s�o executados servi�os de jardinagem, irriga��o, manuten��o de pisos e topiaria, acabamentos de canteiros, controle fitossanit�rio de pragas, aduba��o mineral e org�nica, entre outras manuten��es.” 

A PBH esclarece que realiza intenso trabalho em locais onde h� grande incid�ncia de pessoas em situa��o de rua, como � o caso da Pra�a Raul Soares. “Por meio das equipes do Servi�o Especializado de Abordagem Social, o munic�pio realiza o acompanhamento, identifica��o de demandas e orienta��es dessas pessoas a servi�os p�blicos (sa�de, educa��o, documenta��o civil), inclusive para acolhimento (abrigo), tendo como foco a constru��o da autonomia e de processos que incentivem a supera��o da vida nas ruas. Todo o trabalho � pautado na legisla��o vigente no Sistema �nico de Assist�ncia Social e considera sempre o desejo do cidad�o, a prote��o e a garantia de sua dignidade.” J� a Guarda Municipal atua de forma a garantir a seguran�a dos cidad�os nos espa�os p�blicos de conviv�ncia comunit�ria, como pra�as, parques, unidades de sa�de, escolas municipais, entre outros, situados em todas as regi�es da capital.

Efígie de Otacílio Negrão de Lima (1897-1960), na Praça Raul Soares
Ef�gie de Otac�lio Negr�o de Lima (1897-1960), na Pra�a Raul Soares (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Quem sou eu?

Um monumento na Pra�a Raul Soares, cercado de fita zebrada, parece perguntar: Quem sou eu?. � que n�o h� identifica��o, e o rosto do homenageado sumiu. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), via Funda��o Municipal de Cultura, d� a resposta: “� a ef�gie de Otac�lio Negr�o de Lima (1897-1960). A pe�a, em granito, foi erguida em homenagem ao ex-prefeito de BH (de 1935 a 1938 e de 1947 a 1951), por iniciativa do Di�rio de Minas, e inaugurada em 14 de julho de 1969”. A Prefeitura de Belo Horizonte informa que ainda n�o h� uma previs�o de restauro, mas ser� feito estudo para futuro diagn�stico.



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