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Estado de Minas FIM DE ANO

Fam�lias deixam portas abertas para mostrar pres�pios na Grande BH

Muitas fam�lias de BH e do interior abrem suas casas para mostrar os pres�pios. Em Santa Luzia, tem at� circuito com 35 locais de visita��o


23/12/2022 04:00 - atualizado 23/12/2022 07:19

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L�cia Garcia, moradora do Bairro Cidade Nova, em BH, mostra o pres�pio, que ocupa boa parte da sala de sua casa: "� o tesouro da fam�lia", diz a professora aposentada (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)

Entre, fique � vontade, contemple. Depois chegue mais perto para admirar o trabalho esmerado de mineiros de todas as idades, que, nesta �poca do ano, abrem a porta para receber amigos e mostrar um tesouro da fam�lia: o pres�pio. “A sala � o lugar mais importante da casa, ent�o arrumamos esse espa�o, com carinho, para esperar a chegada do Menino Jesus”, conta a professora aposentada L�cia Garcia, moradora do Bairro Cidade Nova, na Regi�o Nordeste de Belo Horizonte.
 
 
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Arlei Giovani de Souza, da comunidade de Pinh�es: m�e pediu para que ele n�o abandonasse a tradi��o dos pres�pios (foto: Fotos: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press )
 
O costume de mostrar o pres�pio virou tradi��o em alguns bairros da capital, e mais ainda no interior de Minas, motivando circuitos de visita��o. Em Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), h� 35 pontos � disposi��o dos interessados, entre igrejas e resid�ncias, na sede do munic�pio e na zona rural. Como novidade, foi criado um passaporte e oferecido aos visitantes o transporte gratuito.
 
 
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Maria Ilda Torres Lima, de Taquara�u de Baixo, em Santa Luzia,lembra que aprendeu com a m�e a montar o pres�pio
 
Mesmo mantendo a estrutura original, os respons�veis por recriar a gruta da sagrada fam�lia – Jesus, Maria e Jos� – com os anjos, pastores, animais e demais figuras sempre surpreendem pela imagina��o, respeitando, claro, as passagens b�blicas. Desta vez, dona L�cia, casada com o m�dico Jos� Estanislau de Moraes, comp�s a “narrativa” com cenas anteriores ao nascimento de Jesus, e chega � atualidade destacando Minas e Belo Horizonte.
 
“Tudo hoje � bem diferente. Come�amos com um pres�pio pequenininho, quase do tamanho de uma caixinha de f�sforo”, recorda-se, ao lado do marido, a m�e de Jos� Liberato, L�cio Estanislau, Geraldo e Eug�nio, que deram ao casal 11 netos e quatro bisnetos. Satisfeita, dona L�cia olha o pres�pio e reflete: “� o tesouro da fam�lia. Na noite de Natal, n�s nos reunimos, rezamos e s� depois participamos da ceia”.

SALA DE VISITAS

Ministra da eucaristia na Igreja Santa Luzia, localizada ao lado de sua casa, no Bairro Cidade Nova, L�cia Garcia sempre convida os amigos da par�quia e tem prazer em acolh�-los na sala de visitas, quase totalmente ocupada pela estrutura com ilumina��o, fontes, rios, �rvores de papel, que ela fez desde fevereiro, pr�dios do tempo do Imp�rio Romano, reluzentes em c�pulas douradas e recriados em papel�o por um amigo restaurador, e outras pe�as no espa�o revigorado ap�s a pandemia. “Fiquei dois anos sem fazer o pres�pio, agora voltamos com f� e vontade”, avisa a professora, inspirada por viagens a Israel “e tamb�m ao Egito, onde Jesus viveu at� os dois anos e meio”.
 
Na parte nova do pres�pio, est�o o templo de Jerusal�m, aqueduto, o pal�cio do Herodes (rei da Judeia que mandou matar as crian�as com at� 2 anos), o estandarte do Imp�rio Romano, o altar de sacrif�cios com a ovelha feita de massa de modelar, uma bandeja com 12 p�es simbolizando as 12 tribos de Israel e a “Tor�” (livro sagrado dos judeus). Contando parte da hist�ria da sagrada fam�lia, dona L�cia aponta uma imagem pouco conhecida: S�o Jos� Dormindo, enquanto o anjo anuncia a Maria que ela ser� m�e do filho de Deus.
 
Na sequ�ncia, o visitante v� a gruta onde nasceu o Menino Jesus, a fuga para o Egito, e um lugar que L�cia visitou e gostou muito: o Vale dos Reis, no Egito, com o Rio Nilo serpenteando pela areia feita de serragem. Mais adiante, podem ser vistas as famosas pir�mides Qu�ops, Qu�fren e Miquerinos. Molhando a ponta dos dedos na �gua que corre, ela explica: “Deus � a fonte; Jesus, o rio; e a �gua o Esp�rito Santo, que mata nossa sede de viver, enquanto Maria � a ponte, que nos une neste mundo”.
Depois de um caf� bem mineiro com p�o de queijo, bolo e biscoitinho, dona L�cia Garcia apresenta a parte mineira. L� est�o igrejas barrocas de Minas, casario colonial, a pra�a, e, num canto, a Igrejinha da Pampulha. “Ficamos felizes com a visita. Quem chega para ver o pres�pio � sempre bem-vindo. Muito obrigada!”, agradece na hora da despedida.

PEDIDO DE M�E

Desde crian�a, Arlei Giovani de Souza, morador da comunidade de Pinh�es, a 12 quil�metros do Centro de Santa Luzia (RMBH), via a m�e fazendo o pres�pio. E foi assim que aprendeu. Pouco antes de L�cia Batista de Souza morrer, h� sete anos, pediu ao filho que mantivesse a tradi��o e nunca deixasse de montar o pres�pio para esperar o nascimento de Jesus. E assim tem sido na casa de Arlei, solteiro, que mora com a irm�, e na noite de Natal re�ne familiares e amigos.
 
Quando a equipe do Estado de Minas chegou � casa de Arlei, que faz parte do Circuito de Pres�pios de Santa Luzia, ele colocou as figuras na gruta modelada pelos panos cobertos de pedrinhas coloridas. Como novidade, est� um areal representando o deserto, com um p� de assa-peixe, seco, atr�s do qual Nossa Senhora teria se escondido na fuga para o Egito, e outro de alecrim, que se manteve verde e a protegeu dos soldados de Herodes. A singela hist�ria narrada pelo morador de Pinh�es agu�a a curiosidade de quem v�, e que, certamente, buscar� mais explica��es sobre o cen�rio.
 
Como n�o pode faltar, Arlei fez uma gruta para S�o Francisco, respons�vel pela montagem do primeiro pres�pio de que se tem not�cia. E ajeitando a imagem do santo, concorda que tem diante dos olhos uma preciosidade familiar. “Mas teve uma vez que, durante a enchente do Rio das Velhas, a �gua subiu muito. Era dezembro, o pres�pio estava pronto, e perdemos algumas pe�as”, recorda-se.
 
Gera��es e gera��es se sucedem nos preparativos natalinos. “Minha m�e aprendeu a fazer com minha av�, e sempre falava que maio e dezembro eram seus meses preferidos. Maio, porque era devota de Nossa Senhora de F�tima, e dezembro, pelo Natal. Gosto desta �poca, e quero manter o costume”, conta Arlei, certo de que passar� a tradi��o para os futuros filhos.

DOCES HIST�RIAS

Ainda em Santa Luzia, desta vez na comunidade rural de Taquara�u de Baixo, Maria Ilda Torres Lima mexe delicadamente a colher no tacho de doce de leite, del�cia artesanal � venda na sua mercearia, ao lado de casa. Quase no final da tarefa, ela abaixa o fogo e mostra o pres�pio, montado na sala de casa.
 
A tradi��o de montar o cen�rio do nascimento de Jesus vem de longa data, passou dos pais aos filhos at� chegar a Joselina de Ara�jo Lima, m�e de Maria Ilda. “Lembro-me de que tinha tr�s anos e ficava olhando minha m�e montar a gruta, colocar as figuras. A gente morava em fazenda, em Taquara�u de Minas (RMBH). Mas as imagens que temos hoje n�o s�o daqueles tempos, n�o, pois algumas eram de barro e se quebraram.”
 
As lembran�as de Natais da inf�ncia, passados na fazenda, ado�am a prosa. “N�s, as crian�as, deix�vamos o sapato debaixo da cama esperando Papai Noel passar. Havia muita pobreza, os pais tinham terra, mas n�o tinham dinheiro. Mas a gente sempre achava ‘uma coisinha qualquer’ dentro do sapato, podia ser um sabonete, um joguinho de ch�, Papai Noel nunca faltava”, conta Maria Ilda, que, junto com o marido, os dois filhos, Sheila e �der, e o netinho Felipe, de sete meses, re�ne a fam�lia, incluindo a sogra, dona Anuncia��o Soares Lima, de 101 anos.

CIRCUITO DE VISITA��O

Em Santa Luzia (RMBH), est� � disposi��o de moradores e visitantes, at� 6 de janeiro, o Circuito de Pres�pios, com 35 pontos de visita��o em quatro regi�es do munic�pio. De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, a novidade, desta vez, est� no �nibus do turismo, gratuito, dispon�vel para agendamentos sempre �s segundas, quartas e sextas-feiras. O transporte sai de pontos fixos, para levar as pessoas �s casas participantes.
 
A fim de promover o circuito, foram impressos 5 mil passaportes, dos quais constam todos os pres�pios. Assim, ao chegar �s casas, o visitante ter� o passaporte carimbado na respectiva p�gina do ponto onde est�. Cada pres�pio receber� um carimbo espec�fico, com a numera��o da sua localiza��o em rela��o � rota. Ao final, aqueles que comprovarem a visita��o a todos os pres�pios, por meio dos respectivos carimbos, ganhar�o uma ecobag personalizada com uma surpresa dentro. Para agendamentos e informa��es, ligar para: (31) 99187-6464.

EIS O SIGNIFICADO

A palavra pres�pio vem do latim e significa "est�bulo", "curral", 
"redil". J� em hebraico, manjedoura dos animais. O primeiro cen�rio do nascimento de Jesus teria sido montado em 1223, por S�o Francisco de Assis, que usou animais vivos, numa gruta. A pr�tica logo foi difundida por toda a Europa, principalmente pelas fam�lias nobres, e, a partir do s�culo 15, chegou a um maior n�mero de lares.
 


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