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Estado de Minas VIOL�NCIA NO TR�NSITO

Samu atende 33 acidentes com moto por dia em BH

Nos tr�s primeiros meses de 2023, a Sejusp registrou 15 mortes de motociclistas no tr�nsito da capital mineira


16/05/2023 14:23 - atualizado 16/05/2023 15:15
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Na foto, acidente de trânsito entre ônibus Move e uma motocicleta, que deixou dois feridos em janeiro de 2022.
Motociclistas relataram inseguran�a de pilotar motocicletas em Belo Horizonte; tr�nsito intenso e imprud�ncia foram apontados como raz�o dos riscos (foto: Edesio Ferreira/EM/DA. Press)
Em 2023, o Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) atendeu, em m�dia, 33 v�timas de acidentes de moto por dia em Belo Horizonte. O n�mero de mortes, por sua vez, ficou em 15, cinco por m�s. Os dados do Samu, divulgados pela Prefeitura Municipal (PBH), compreendem os quatro primeiros meses do ano. Os de �bitos, da Sejusp/MG, s�o de janeiro a mar�o.

De acordo com a PBH, entre janeiro e abril, foram 3.956 acidentes. A m�dia di�ria fica pr�xima aos dos anos anteriores. Em 2020, foram 9.839 atendimentos, o que representa 26,9 por dia. Em 2021, o n�mero caiu para 9.089, sendo 25 a cada 24 horas. No ano passado, a quantidade voltou a subir, ficando em 10.390, com m�dia di�ria de 28,4.

Entre janeiro e mar�o 2023, 15 motociclistas morreram em acidentes de tr�nsito, dois a menos do que nos tr�s primeiros meses de 2022. Em todo o ano passado foram 81 mortes, uma m�dia de quase sete por m�s. Isso significa que morre uma pessoa em acidentes de moto a cada quatro dias e meio na capital mineira. De acordo com a Sejusp/MG, o n�mero pode ser maior, j� que h� situa��es em que a v�tima pode morrer ap�s o registro da ocorr�ncia.

O Corpo de Bombeiros (CBMMG), por sua vez, atendeu 157 ocorr�ncias de acidentes de moto em BH, nos dois primeiros meses de 2023, ou seja, 78,5 a cada 30 dias. Em 2022, foram 771 atendimentos, m�dia de 64 por m�s.

� importante ressaltar que diferentes �rg�os atuam em acidentes de tr�nsito, portanto cada um deles possui um banco de dados independente em rela��o �s ocorr�ncias.

Casos recorrentes

Tais n�meros s�o ilustrados por acidentes que ocorrem sistematicamente, tirando a vida de pessoas nas estradas. Neste m�s de maio, um motociclista morreu ap�s cair da moto e ser atropelado por uma carreta logo depois, na altura do km 503 da BR-381, em Betim, na Grande BH.

Em abril, duas mulheres morreram em acidente envolvendo uma moto e uma carreta, no Km 8 da BR-040, no sentido BH, no Bairro Guanabara, em Contagem. No m�s de fevereiro, dois homens morreram em um acidente de moto na Avenida Cristiano Machado, bairro Planalto, Regi�o Norte de Belo Horizonte.
 

Minas Gerais

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a corpora��o atendeu, nos dois primeiros meses de 2023, 1.766 ocorr�ncias do tipo, 30 por dia, em Minas Gerais. O n�mero de �bitos ficou em 39. Ou seja, a cada um dia e meio uma pessoa morreu em decorr�ncia de acidente de moto no estado.

Em 2022, o CBMMG registrou 12.843 acidentes envolvendo motocicletas no ano de 2022 em Minas, uma m�dia di�ria de 37. Foram 201 mortes, o que significa um �bito a cada dois dias. 

J� a Sejusp registrou 161 mortes em acidentes de moto nos tr�s primeiros meses de 2023, em Minas Gerais. S�o 1,7 mortes por dia. Em 2022, foram 855 �bitos durante o ano, uma m�dia de 2,3 a cada 24 horas.

Vulnerabilidade

Edson Ribeiro, de 28 anos, � morador do bairro Baronesa, em Santa Luzia, Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, e trabalha como motoboy h� dois anos, desde que foi demitido de seu �ltimo emprego. Ele j� sofreu tr�s acidentes de moto. Duas vezes foi acertado por um carro, e na terceira bateu em uma mureta. “Eu j� quebrei o tornozelo direito, onde tive que fazer cirurgia, o dedo polegar da m�o direita, e na �ltima eu lesionei o joelho direito, mas n�o quebrei nem precisei de cirurgia, s� um tempo sem movimentar a perna”.
 
Na foto, o Motoboy Edson Ribeiro, que ja sofreu acidentes com sua moto
Edson afirma que apesar de sentir inseguran�a no tr�nsito, n�o tem a op��o abandonar seu ganha p�o (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA. Press)

Ele contou que os acidentes impactaram financeiramente em sua vida. “Eu n�o tinha INSS, ou seguro de vida, nada para me amparar. Nas tr�s vezes as d�vidas se acumularam, meu nome foi para o SPC, virou um bolo que dura at� hoje. Fora isso, s� as marcas, cicatrizes, mas nenhuma sequela f�sica grave”.

Ap�s os acidentes, Edson afirmou que passou a ter receio no tr�nsito e prestar “o triplo de aten��o”. “Sinto que a moto � muito vulner�vel, e que os motoristas de carro, na grande maioria, n�o s�o bem instru�dos sobre procedimentos obrigat�rios que fazem a diferen�a para a seguran�a nas estradas. BH tem um tr�nsito muito ca�tico, principalmente nos hor�rios de pico e nos fins de semanas”.

Por fim, apesar de afirmar entender os riscos, o motoboy afirmou que n�o tem condi��es de adotar outro meio de transporte e trabalho. “Principalmente por quest�o financeira. � complicado conseguir um emprego que remunere de forma parecida como o de motoboy”.
 
Edson Ribeiro, que trabalha de motoboy na Grande BH, mostra cicatriz após acidente
Edson mostra cicatriz no p�; ferimento foi resultado de um acidente de moto sofrido pelo motoboy (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA. Press)
 
 

Preven��o

O Hospital Jo�o XXIII atendeu, nos dois primeiros meses de 2023, 828 feridos em acidentes de moto, 14 por dia. A m�dia se mant�m pr�xima dos atendimentos em todo o ano de 2022, que foram de 4.715, o que representa 13 motociclistas hospitalizados diariamente.

“A maioria dos acidentes de moto, em qualquer lugar, s�o leves, mas no Jo�o XXIII, a propor��o � um pouco diferente, porque os feridos mais leves costumam ir para as UPAs”, explicou Rodrigo Muzzi, gerente m�dico do Complexo de Urg�ncia e Emerg�ncia da Fhemig, do qual o Jo�o XXIII faz parte.

Rodrigo explicou que os acidentes de moto s�o classificados em leves, moderados ou graves, e que, normalmente, o primeiro tipo � muito mais comum nas unidades de sa�de. S� que no Jo�o XXIII, os de gravidade m�dia t�m a mesma incid�ncia do que os mais simples.

O uso do capacete tamb�m foi citado por Muzzi. O item de seguran�a obrigat�rio muitas vezes � ignorado pelos motociclistas. Em janeiro, um casal morreu num acidente entre uma motocicleta e um carro de passeio, na MG-010, trevo de Jaboticatubas, na RMBH. Elas estavam sem o equipamento.

“Os graves que chegam no Jo�o XXIII s�o mais comuns em motos do que em outros meios de transporte, por causa da pr�pria estrutura da motocicleta, que n�o tem prote��o. Num acidente em alta velocidade de moto, a energia vai toda ou quase toda no motociclista, o que resulta em les�es mais graves. De les�es de t�rax e abd�mem graves at� les�es cranianas, que podem levar o paciente a falecer ou ter sequelas graves a longo prazo, principalmente se n�o usar capacete”, disse Rodrigo.
 
Na foto, o medico Rodrigo Muzzi, do Hospital de Pronto Socorro Joao XXIII
Rodrigo Muzzi destacou a import�ncia dos motociclistas utilizarem equipamentos de seguran�a (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA. Press)
 

Recursos

Rodrigo Muzzi explicou que os acidentes de motocicleta s�o a segunda causa mais comum de atendimentos de traumas no Jo�o XXIII, perdendo apenas para quedas. Segundo ele, esse tipo de ocorr�ncia demanda muitos recursos, de trabalho e financeiros. O m�dico explicou que a preven��o � a melhor amiga do motociclista.

“O motociclista tem que ter consci�ncia que a gravidade do acidente dele � maior que com outros ve�culos. Uma colis�o entre uma moto e um carro, o motociclista vai sair perdendo, sempre. Mesmo que ele esteja com todos os cuidados poss�veis, acontece. O motociclista tem que andar sempre em velocidade permitida ou at� um pouco mais devagar, tomando mais cuidado. N�o pode praticar nenhum tipo de imprud�ncia”, alertou Muzzi.

“Se dirigir embriagado � proibido, o motociclista ent�o n�o pode nem sentar na moto se tiver, porque ela pode cair sozinha e causar uma fratura. E usar o m�ximo de prote��o poss�vel. Capacete, blusa comprida de couro ou de algum material resistente e cal�a, para evitar les�es mais leves”, orientou o m�dico.

Trauma

Bruno Augusto Rocha, de 30 anos, � coordenador de cl�nica e morador do bairro Floren�a, em Ribeir�o das Neves, na RMBH. Ele conta que � motociclista h� mais de dez anos e que sofreu alguns acidentes, em sua maioria simples, mas dois deles foram graves. “Isso � corriqueiro na vida do motociclista”, afirma.

De acordo com o motociclista, seus dois acidentes mais graves aconteceram no Anel Rodovi�rio. “Num deles quase perdi minha vida. Bati na traseira de um carro que parou bruscamente, voei e fui parar debaixo de um caminh�o. O cara que provocou o acidente simplesmente foi embora”, contou. “No outro bati numa pedra e quebrei a bacia, machuquei a coluna, o f�mur. Me deixou de cadeira de rodas por 20 dias, fui para a UTI”, acrescentou Bruno.

Ele conta que os acidentes impactaram muito a sua vida, profissionalmente, pessoalmente e psicologicamente, mas que hoje voltou a pilotar. “Tenho sequelas, d�i at� hoje onde foi quebrado. Foi um grande trauma na minha vida”.

Bruno ressaltou que um dos problemas enfrentados pelo motociclista � que por mais que se tome precau��es, a imprud�ncia de outros motoristas pode ser fatal. “Eu tenho medo de andar de moto, sou muito mais receoso e cuidadoso. Ainda assim tenho muita inseguran�a de ficar andando. Os motoristas n�o olham no retrovisor, n�o esperam para entrar ap�s dar seta. As pessoas deveriam ter esse cuidado”.

Por fim, Rocha afirmou que o tr�nsito em Belo Horizonte � muito perigoso para os motociclistas e destacou que, apesar de tudo, a moto tem um papel positivo em sua vida. “� muito cheio, pessoas sempre com pressa, estressadas. N�o � um lugar seguro. Ainda assim eu continuo andando porque me deixa feliz, d� uma liberdade emocional. Espero que nunca ocorra nenhum acidente novamente, porque eu amo andar de moto, me fascina, sem contar que � econ�mico, confort�vel e r�pido”. 


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