Diz um trecho da letra do Hino de C�ssia: “comprida como uma fita...”, mas isso foi no s�culo passado. Hoje, C�ssia, no Sudoeste Mineiro, vive novos tempos de progresso impulsionado em grande parte pelo Santu�rio Diocesano de Santa Rita de C�ssia, o maior dedicado � santa no mundo, que, nesta segunda-feira (22/5), completa um ano de sua inaugura��o. A cidade cresceu para os lados e agora � “comprida como uma fita...” s� no seu hino.

C�ssia ganhou novas constru��es, mais modernas, sem perder a sua caracter�stica arquitet�nica. O crescimento econ�mico � latente. Desde o in�cio da constru��o do santu�rio, foram lan�ados quatro loteamentos. Ainda h� dois a serem lan�ados no final do ano ou ano que vem, a depender dos andamento dos procedimentos administrativos dos empreendimentos.

“Todo crescimento de um munic�pio � bom, pois traz novas oportunidades, tanto para os cidad�os que querem investir quanto para os que anseiam pela casa pr�pria. E atrai investidores de outras cidades”, conta Jos� Augusto Tambini Pinto, dono da �nica imobili�ria da cidade.

C�ssia j� era um importante p�lo religioso tur�stico por causa de Santa Rita, sua padroeira. Todo 22 de maio, 16 mil pessoas – o mesmo n�mero de habitantes da cidade, distante 392 quil�metros de Belo Horizonte –, participam da festa em louvor � padroeira.

As comemora��es eram na Pra�a Bar�o de Cambu�, onde fica a Igreja Matriz de C�ssia. O lugar, por�m, ficou pequeno para receber tantos turistas e peregrinos. Foi da� que partiu a abnega��o de um empres�rio de C�ssia, dono de uma ind�stria de embalagens para viagem, que doou todo o terreno e os recursos para a constru��o do Santu�rio de Santa Rita de C�ssia � cidade.

Paulo Fl�vio de Mello Carvalho doou o santu�rio � Diocese de Guaxup�. Depois de quase quatro anos de obra, mais de 100 empresas e cerca de 500 pessoas envolvidas, o novo Santu�rio de Santa Rita de C�ssia entrou em opera��o em 22 de maio de 2022.

O templo gigante ocupa uma �rea de 180 mil metros quadrados, sendo 100 mil de edifica��o. Abriga um Centro Comercial, a Casa para o Clero, um Vel�rio e a r�plica da casa em que Santa Rita de C�ssia viveu na It�lia.

Com capacidade para at� 5 mil pessoas sentadas, 2 mil em p�, o templo conta ainda com sanit�rios, vesti�rios, frald�rio, pra�a de alimenta��o, heliponto e estacionamento para 200 �nibus e at� mil carros.

A cidade ganhou mais de 50 placas de sinaliza��o tur�stica em ingl�s e portugu�s. “A gente tem uma demanda de constru��o de hot�is e v�rios empres�rios do segmento nos procuraram para investir”, conta Diego Borges, ex-secret�rio de Turismo de C�ssia.

Ele deixou o cargo em mar�o deste ano e acompanhou de perto todo o processo de constru��o do Santu�rio. A pasta ainda n�o tem um novo titular.

Diego conta que, durante sua gest�o � frente da secretaria, buscou fazer parceria com o Estado, com o Sebrae e outros �rg�os, tanto da iniciativa privada quanto p�blica, para fazer investimentos em marketing tanto no Brasil quanto no exterior.

"C�ssia j� tem fama de cidade religiosa, mas � preciso um marketing mais forte para que o turista passe a nos visitar sempre”, avalia.

Ele destaca, por�m, que C�ssia enfrenta a falta de m�o de obra especializada por se tratar de um novo turismo de grande potencial. “Precisamos de aprimoramento na receptividade, no acolhimento desse turista, um plano de desenvolvimento tur�stico, na quest�o de infraestrutura”, aponta Diego. 

Restaurantes e pousadas comemoram crescimento

Com o novo Santu�rio, o setor de alimenta��o tamb�m se expandiu rapidamente. Frank Arantes de Souza tem um restaurante self service no centro da cidade, que, de um ano para c�, cresceu 20%. Antes do complexo religiosos, ele servia 120 refei��es por m�s. Agora, serve 170. “Falta s� uma divulga��o mais forte, mas estou feliz com o meu crescimento”, diz.

A cidade tem 300 leitos para receber turistas, entre formais e informais, na cidade e na zona rural. Kelly Cristina trabalha em um desses hot�is, que fica na entrada da cidade, com capacidade para at� 40 pessoas, cuja di�ria custa R$ 110. O forte do hotel nem s�o os peregrinos, mas gente que trabalha na cidade por um dia e tem que pernoitar. Depois do santu�rio, no entanto, ela viu o movimento crescer 15%.

“As excurs�es de fieis garantem um bom movimento. Hoje mesmo eu estou com uma excurs�o de uma van de Bras�lia”, conta, no dia da entrevista.

Thiago Vivaldo de Oliveira abriu uma pousada h� dois anos na Rua Paulo Gama para receber h�spedes convencionais e peregrinos. N�o se arrependeu. Ele cobra uma maior divulga��o da cidade para atrair mais turistas, mas n�o reclama do movimento que as oito su�tes da pousada tem. “Falta divulga��o e C�ssia precisa ter mais atrativos para o turista voltar”, d� a dica.

O gestor aponta que o santu�rio j� contribui com a economia local e da regi�o, por�m, segundo ele, por ser um produto novo deve-se trabalhar muito a quest�o de planejamento e de marketing tur�stico para que o potencial existente no Santu�rio possa se consolidar e atrair ainda mais fi�is ao munic�pio durante todo o ano, n�o somente no m�s em que se comemora o Dia de Santa Rita.

Lu�sa Helena Cintra, secret�ria de Turismo de Claraval e presidente do Circuito Nascentes das Gerais e Canastra, destaca que al�m do novo Santu�rio, a regi�o tem no seu calend�rio da f� o Caminho de Rosas, que sai de Franca (SP), com os peregrinos a p�. Eles se hospedam no primeiro dia no Mosteiro de Claraval, no segundo em Ibiraci e no terceiro dia chegam ao santu�rio de C�ssia. Esse Caminho das Rosas acontece tr�s vezes ao ano.

“A gente come�a a ver alguns frutos por a�. A gente precisa trabalhar mais essa quest�o regional, na divulga��o dos atrativos religiosos e naturais da regi�o. Um grupo de Bras�lia me ligou interessado em conhecer o Santu�rio e o mosteiro”, comemora.

“C�ssia, Claraval e Ibiraci est�o trabalhando juntas para criar esse roteiro”, antecipa. A intera��o, na avalia��o de Luisa, � bastante positiva. “A gente sabe que o hotel em  C�ssia, sempre que recebe grupos, indica Claraval para que eles conhe�am o mosteiro. E n�s devolvemos a gratid�o indicando para grupos o Santu�rio de Santa Rita de C�ssia”, complementa.

Luisa Cintra conta que o Circuito Nascentes das Gerais fez uma roteiriza��o do Caminho dos Devotos, em que participam C�ssia, Ibiraci, Claraval e outras cidades.

Paulo Lopes, secret�rio de Cultura, Turismo e Patrim�nio Hist�rico de Ibiraci, diz que toda a regi�o ganha com o Santu�rio cassiense. Ibiraci faz parte da Rota da F�, que contempla Franca/Claraval/Ibiraci/C�ssia, dando � cidade maior visibilidade pela proximidade do "entorno" do Santu�rio.

"Com possibilidade do crescimento da Rota da F� e da visita��o ao Santu�rio de Santa Rita, toda a regi�o em torno se beneficiar�, seja pelo com�rcio, investimento em hot�is e pousadas. Alem disso, nossa regi�o � riqu�ssima em recursos naturais, o que pode alavancar com mais for�a o turismo. Toda a regi�o de uma forma ou de outra passar� por esse processo, ainda que no m�dio prazo, j� que o tempo para o Santu�rio se firmar como sede de romeiros e ser autossuficiente gira em torno de sete anos. At� l�, as cidades pr�ximas poder�o se estruturar aos poucos”, explica Paulo Lopes.

Enquanto isso, o Santu�rio 60 mil pessoas para os festejos do primeiro ano do Santu�rio e para as homenagens � santa.

“Com alegria, o Santu�rio de Santa Rita de C�ssia, a Santa dos Imposs�veis, se prepara para viver a festa da padroeira. Neste primeiro ano de inaugura��o, nosso sentimento � de gratid�o a Deus por tantas b�n��os derramadas sobre os fi�is que aqui passaram. S�o muitas hist�rias de milagres e gra�as alcan�ados pela intercess�o da Santa dos Imposs�veis!  A Vida de Santa Rita � exemplo para as fam�lias e para todos os fi�is que sofrem tribula��es. Ela nunca perdeu a esperan�a e combateu o bom combate firme na f�”, disse o padre Michel Pires, reitor do Santu�rio.

Entre os dias 13 e 21 de maio aconteceu a novena com a presen�a dos padres de nossa Diocese de Guaxup� e dos bispos de nossa regi�o. E, nesta segunda-feira (22/5), dia da Padroeira, os fi�is participar�o das celebra��es das missas e ora��es no Santu�rio. "Ser� a primeira festa de Santa Rita depois da inaugura��o e estamos felizes e com os cora��es abertos para acolher todos os fi�is”, complementou o sacerdote.

Disposi��o e f� n�o faltam. A dona de casa Dulce Maria Tambini Miguel vai � missa todos os dias no santu�rio. Se n�o pode ir ao meio-dia, vai �s 18h rezar pelas gra�as alcan�adas por interm�dio de Santa Rita de C�ssia e pedir prote��o. “Venho todos os dias � missa. O Santu�rio foi um presente de Deus”, diz.

� espera da pr�pria rel�quia de primeiro grau