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Estado de Minas entrevista/Gueitiro Genso - Presidente do PicPay

"Vivemos uma revolu��o no sistema financeiro"

Carteira digital por aplicativo no smartphone para pagamentos j� � op��o avan�ada no Brasil


10/02/2020 04:00

(foto: pic pay/divulga��o)


S�o Paulo - O uso da chamada carteira digital ainda � novo no pa�s, mas seu potencial atraiu Gueitiro Genso, de 48 anos. O executivo deixou para tr�s 33 anos de carreira no Banco do Brasil – onde come�ou aos 13 anos – para “pivotar”, como se costuma dizer na linguagem das startups. Trocou o v�nculo com a centen�ria institui��o financeira por uma fintech. Atualmente, ele � o CEO do PicPay. “Vi que estava acontecendo uma revolu��o”, conta o executivo. Fundado h� oito anos, em Vit�ria (ES), o PicPay � uma fintech que opera como carteira digital e � utilizada por meio do aplicativo nos smartphones. O usu�rio cadastra seu cart�o de cr�dito ou os dados banc�rios e passa a usar o celular nos pagamentos. At� agora, o app já foi baixado por 14 milh�es de pessoas. A previs�o � chegar a 20 milh�es at� o fim do ano e atingir 100 milh�es dentro de oito anos, sendo 40 milh�es de usu�rios ativos, com opera��es di�rias.
 
O maior acionista do PicPay � a J&F, mesma dona da JBS. Mas o controle est� nas m�os do Banco Original, tamb�m pertencente � holding dos irm�os Batista. Apesar da rela��o com uma institui��o financeira, Genso n�o quer saber de exclusividade e vem negociando parcerias com outros bancos para ampliar a oferta de produtos em sua plataforma e, consequentemente, as fontes de receita. Uma das novas frentes de trabalho do PicPay ser�, em breve, a pessoa jur�dica. O app vai passar a oferecer produtos financeiros para esse p�blico, principalmente para os pequenos empreendedores, como os que aderiram ao MEI (Microempreendedor Individual). Na entrevista a seguir, o paranaense Genso detalha os planos da empresa para o pa�s.
 
A carteira digital pegou no Brasil ou ainda est� longe de seu potencial?
Sim, pegou muito. N�o digo isso como opini�o, mas com exemplos. Temos 14 milh�es de usu�rios. Come�amos em uma �poca em que nem se falava em QR Code como m�todo de pagamento. Nos �ltimos 12 meses, esse movimento tem se intensificado com a chegada de v�rios concorrentes, como o Ita�, que lan�ou o Iti. O s cinco maiores bancos foram nessa dire��o da carteira digital. Al�m deles, tamb�m h� a oferta crescente feita pelo mercado de adquir�ncia, como a Cielo Pay. Tamb�m est�o nesse segmento as redes de varejo, como Magazine Luiza, e aplicativos que nasceram com outros prop�sitos de servi�os, como log�stica e alimenta��o.

O que explica esse crescimento?
Estamos vivendo uma grande revolu��o no sistema financeiro e a carteira digital � a grande fronteira que est� se abrindo. � uma forma de levar cidadania para o brasileiro. Entre 40 milh�es e 50 milh�es de brasileiros n�o t�m conta corrente. Com esse tipo de produto, eles come�am a ter oportunidade de serem inclu�dos no sistema financeiro e terem a sua cidadania.

O que influenciou essa mudan�a de comportamento?
S�o tr�s fatores. O primeiro � o acesso � tecnologia. Quando o smartphone chega �s m�os de mais brasileiros, isso come�a a destravar um monte de coisa. Al�m disso, o consumidor est� mais empoderado e mostra isso quando decide onde comprar e que marca escolher. Tamb�m influencia o que o Banco Central tem feito ao patrocinar uma s�rie de medidas para o aumento da competi��o no sistema financeiro. Essa combina��o tem provocado uma revolu��o no sistema financeiro brasileiro.

Os jovens devem aderir rapidamente � carteira digital. Mas como atrair os mais velhos?
A popula��o como um todo acaba aderindo, � s� uma quest�o de tempo e de educa��o para que se compreenda a facilidade que est� no uso do smartphone na resolu��o de uma s�rie de problemas. J� percebemos pessoas de todas as idades, n�o apenas universit�rios, usando nosso aplicativo. 

Esse � o tipo de recurso que tem como p�blico-alvo os desbancarizados?
Oferecemos solu��es financeiras. Hoje h� mais de 500 mil usu�rios que s�o MEIs ou que n�o t�m CNPJ e utilizam a conta de pagamento para empreender. Uma manicure, por exemplo, pode n�o ter uma conta no banco, e, ao fazer o trabalho na casa de uma senhora, ela tem como receber o pagamento por meio de um cr�dito no PicPay. Para isso, ambas precisam ter o app. N�o precisa ter maquininha na opera��o. Esse cr�dito fica rendendo 100% do CDI naquele dia. Da mesma forma, temos hoje o app para quem quer pagar Uber, boleto ou carregar o bilhete �nico. Fomos adaptando o nosso app para levar solu��es a esse p�blico. No fim do ano passado, inclu�mos uma fun��o a mais, que � a possibilidade de sacar no banco 24 horas por meio da op��o do saque digital, que l� o QR Code do smartphone. Esse � um exemplo de como estamos levando todos os servi�os financeiros que a manicure, que estava � margem, precisa. Chegamos a esse p�blico de uma forma barata e inclusiva, al�m de atrairmos os insatisfeitos com a experi�ncia no seu banco.

A falta de profissionais no setor de tecnologia chegou a ser um problema?
� um desafio. O setor de tecnologia est� muito aquecido e vive o pleno emprego. Obviamente, os bons profissionais t�m v�rias propostas de trabalho. A� vem a for�a da marca empregadora. Essa nova gera��o � atra�da por um prop�sito. O que estamos fazendo na pr�tica � ajudar os brasileiros a terem cidadania. Nosso crescimento confirma isso. Em janeiro de 2019, t�nhamos 240 pessoas na empresa. Atualmente, s�o 1,2 mil vamos chegar a 1,9 mil at� dezembro deste ano.

Algum servi�o � cobrado?
N�o cobramos nenhum servi�o do usu�rio. Oferecemos a ele a possibilidade de parcelar o pagamento de boletos em at� 12 vezes, a� sim tem uma cobran�a. No mais, n�o cobramos nada. Nossa l�gica � ter um marketplace aberto, com diferentes parceiros e servi�os. Temos 14 milh�es de usu�rios e uma audi�ncia de 4 milh�es de usu�rios do aplicativo por dia. Esses n�meros abrem possibilidades enormes no ecossistema, de conex�o com os varejistas

.Quando voc� chegou � empresa, disse que era preciso ter escala. Isso j� aconteceu?
O Brasil n�o vai repetir o que existe na China, onde h� dois players, o Alipay e o WeChat. Somos um pa�s mais din�mico. Daqui a tr�s ou cinco anos, acredito que teremos uns seis ecossistemas, porque nesse neg�cio � preciso ter escala. Calculo que teremos 40 milh�es de usu�rios numa audi�ncia di�ria e chegar a uma carteira total de 100 milh�es nos pr�ximos oito anos, � medida em que essa consolida��o avan�ar para cinco ou seis empresas. Esses n�meros far�o com que nosso ecossistema fique robusto.

Como voc�s pretendem acelerar o crescimento?
Agora, no primeiro trimestre, vamos lan�ar a conta de pagamento PJ. Pequenas empresas e MEIs v�o ter acesso ao servi�o financeiro do banco pela plataforma. Com a audi�ncia que temos, � algo relevante para levar valor �s empresas. Existe uma estimativa de 28 milh�es de empresas e MEIs no Brasil. Trata-se, portanto, de um mar azul de oportunidades. Com o novo produto, o empreendedor vai poder pagar boleto e tomar um empr�stimo, por exemplo. Agora, isso vai acontecer por meio do Original. Mas somos uma plataforma aberta e agn�stica. Vamos conectar o PicPay com qualquer banco. Nossas APIs v�o se conectar com todo mundo que queira ofertar servi�os. Por isso, estamos em conversa com v�rios bancos. Temos audi�ncia para isso. Lan�amos o PicPay Card, nosso cart�o de cr�dito (linha de cr�dito pessoal para utiliza��o dentro do pr�prio app e um cart�o f�sico sem anuidades e tarifas), e vamos acrescentar ainda produtos como seguros, previd�ncia privada e tudo que o usu�rio precisar em termos de servi�os financeiros.

Mas a concorr�ncia est� em crescimento tamb�m, n�o �?
Nosso grande diferencial � a experi�ncia. Conseguimos entregar o produto com a menor fric��o poss�vel. Estamos vivendo uma economia futura colaborativa e de relacionamento com o cliente. N�o vamos tomar risco de cr�dito, n�o somos bons disso. Por outro lado, tem muita gente boa nisso. Por isso, acredito que grandes ecossistemas ser�o constru�dos. Aquela �poca em que uma loja tinha tudo n�o ter� espa�o na nova economia. Os pagamentos ser�o instant�neos e todos v�o ganhar um QR Code do Banco Central (que anunciou o plano de lan�ar em novembro um sistema de pagamentos instant�neos). Isso vai universalizar o QR Code e o usu�rio vai decidir pelo app que preferir. Com o aumento do volume de usu�rios, essas transa��es v�o custar centavos. Imagina a revolu��o que essa tecnologia vai permitir.

Que tipo de intera��o ainda � poss�vel conseguir entre o PicPay e o Banco Original?
Ter um banco ajuda muito, mas nossa orienta��o � ser agn�stico e nos conectarmos com todos os bancos. N�o h� exclusividade, � uma rela��o aberta. Se o Original for bom eu vou continuar com ele, se n�o for vou procurar outro parceiro. Assim todos ganham.

Qual � a principal diferen�a entre o trabalho em um banco centen�rio e uma fintech?
Foi uma transi��o muito bacana. Por ter trabalhado muito tempo e conhecer o sistema financeiro tradicional, posso contribuir ao lado dos tr�s fundadores. At� porque temos n�meros de gente grande. Em 2020, devemos chegar a R$ 31 bilh�es em volume transacionados, indo de 14 milh�es para 20 milh�es de clientes. Meu desafio � manter a energia das startups, daquela desorganiza��o criativa, e ter governan�a de uma empresa grande. Trabalhar e encontrar prop�sito � muito bacana. Ao levar cidadania por meio do servi�o financeiro, encontro um significado.

H� planos para a internacionaliza��o?
Nos meios de pagamentos, � dif�cil ter opera��o 100% adapt�vel a outros pa�ses. � preciso entender muito o mercado local para a opera��o, at� porque h� regula��es diferentes. Queremos dominar o Brasil e, para isso, queremos construir um ecossistema forte. A internacionaliza��o faz parte dos planos, mas n�o no primeiro momento. Este � o ano em que estamos muito concentrados na consolida��o do nosso ecossistema e na amplia��o de produtos e servi�os. Mas em 2021 e 2022 podemos olhar para essa expans�o fora do Brasil. 


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