Miguel Krigsner
Fundador e presidente do Conselho Curador da Funda��o Grupo Botic�rio de Prote��o � Natureza
Falar em meio ambiente n�o � algo abstrato. Se traduz no ar puro que respiramos, na �gua que bebemos e na fauna e flora que nos cercam. Somos dependentes desses recursos para sobrevivermos e desenvolvermos nossas atividades cotidianas e, mesmo assim, temos dificuldade para reconhecer e valorizar nosso patrim�nio natural. Quando come�amos a falar sobre a tem�tica, h� quase 30 anos, parecia loucura. Por�m, conservar a natureza � uma causa que vale a pena - e vai continuar valendo, sempre. � uma mudan�a essencial no presente, que torna poss�vel o nosso futuro.
O territ�rio brasileiro abriga a maior biodiversidade do planeta, distribu�da em v�rios biomas que preenchem de beleza os nossos 8,5 milh�es de km² de extens�o. � um pa�s rico, com zonas clim�ticas que geram varia��es ecol�gicas adapt�veis �s mais diversas esp�cies de seres vivos. Abrigamos florestas, plan�cies inund�veis, savanas, regi�es semi-�ridas e tropicais, al�m de uma exuberante costa marinha.
Reunimos 20% do total de esp�cies da Terra e garantir a sobreviv�ncia desses seres n�o pode ser uma quest�o restrita � ci�ncia. Acreditamos que a uni�o de pesquisadores, organiza��es, poder p�blico, empresas e sociedade � a ess�ncia de um trabalho dedicado � prote��o da vida. � assim que devemos atuar nas �reas da sa�de e da educa��o. Na quest�o ambiental n�o deve ser diferente.
Quando criamos reservas naturais, contribu�mos com a qualidade do ar, com a diversidade de esp�cies e com o desenvolvimento das comunidades locais. � uma iniciativa que pode partir do setor p�blico ou privado, desde que haja o compromisso com a conserva��o. Quando reavaliamos o uso de recursos naturais ou a forma como os dejetos industriais s�o descartados, podemos poupar matas, c�rregos, rios e bosques para um desenvolvimento mais sustent�vel.
Ao propormos e executarmos pol�ticas p�blicas voltadas � prote��o e � restaura��o ambiental, temos ferramentas para exigir a preserva��o de �reas naturais e embasamento legal para punir quem n�o o fizer. Ao incentivarmos e financiarmos pesquisas cient�ficas, ampliamos nosso conhecimento sobre a biodiversidade, al�m de identificarmos formas de reverter os impactos ambientais j� gerados. Quando preservamos uma �rea dentro de um terreno privado, damos exemplo aos nossos familiares, vizinhos e � comunidade de que a preserva��o da natureza � uma quest�o que deve ser levada a s�rio.
N�o devemos esquecer que a prote��o ambiental tamb�m � uma forma de gerar riqueza. Trabalhar com a natureza abre portas para o ecoturismo e para a produ��o de servi�os ecossist�micos. Se preservarmos as �reas verdes pr�ximas a um rio, podemos assegurar uma melhor qualidade e seguran�a h�drica, al�m de obtermos a reten��o de �gua em per�odos de estiagem.
Ao conservarmos mares e oceanos, garantimos a perenidade de recursos essenciais para a economia e que, tamb�m, aumentam a resili�ncia da costa. Prezar pela sobreviv�ncia de insetos polinizadores assegura a produ��o de alimentos. Considerando que o desmatamento � o principal emissor de gases de efeito estufa, ao deixarmos de arrancar �rvores, colaboramos com a redu��o dos impactos das mudan�as clim�ticas e do aquecimento global.
A uni�o de diversos parceiros - e principalmente de n�s cidad�os - potencializa resultados consistentes. Quando somamos for�as e vontade de acontecer, vamos al�m. Precisamos encontrar um equil�brio que beneficie todos os setores - agricultura, pecu�ria, ind�stria, com�rcio, turismo, servi�os - de forma sustent�vel, sem gerar preju�zos para as pr�ximas gera��es. Mas, sim, garantir um futuro.