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Estado de Minas

Gravidez na adolesc�ncia: um problema de sa�de p�blica


06/02/2021 04:00

Claudia Rubin
M�dica ginecologista e obstetra do Vera Cruz Hospital

O dia 1º de fevereiro marca o in�cio da Semana Nacional da Preven��o da Gravidez na Adolesc�ncia. Por cinco dias consecutivos, autoridades e institui��es trouxeram o tema � luz do debate para mostrar algo que pouca gente sabe: trata-se de um problema de sa�de p�blica, pois se apresenta como uma condi��o de alta preval�ncia; e de impactos individual (uma das principais causas de morte entre jovens e adolescentes) e social (causa evas�o escolar, diminui oportunidades de trabalho e limita as jovens mulheres de suas vidas p�blica e pol�tica).
 
Estima-se que 400 mil crian�as nascidas anualmente no Brasil sejam de m�es adolescentes, segundo estudo da Associa��o M�dica Brasileira (AMB). Ou seja, quase 20% das gesta��es ocorrem em mulheres entre 12 e 19 anos. Mesmo em queda, os n�meros ainda s�o superiores �s m�dias dos pa�ses desenvolvidos. E muitas raz�es podem ser apontadas: baixa escolaridade; o in�cio de atividade sexual antes dos 15 anos; hist�ria materna de gravidez na adolesc�ncia; e falta de conhecimento e acesso a m�todos contraceptivos, por exemplo.

A maioria dessas gesta��es n�o � planejada e afeta de forma profunda – e muitas vezes irrevers�vel – a sa�de das meninas no curso da vida, n�o apenas dificultando o desenvolvimento psicossocial, mas tamb�m elevando os riscos de morte materna e deixando os filhos mais vulner�veis a problemas de sa�de e pobreza. S� para se ter uma ideia, em n�vel global, segundo dados da Organiza��o Pan-Americana da Sa�de/Organiza��o Mundial da Sa�de (OPAS/OMS), do Fundo das Na��es Unidas para a Inf�ncia (Unicef) e do Fundo de Popula��o das Na��es Unidas (UNFPA), o risco de morte materna � duplicado em m�es com menos de 15 anos em pa�ses em desenvolvimento. J� as mortes perinatais s�o 50% maiores entre beb�s nascidos de m�es adolescentes.

Gesta��es em adolescentes s�o consideradas, portanto, de alto risco, e � importante salientar que patologias obst�tricas, tais como pr�-ecl�mpsia, restri��es de crescimento intrauterino, anemia, complica��es referentes ao parto, por exemplo, est�o mais comumente presentes nos extremos da vida reprodutiva. �, portanto, mandat�rio que se siga um programa especial de acompanhamento de todo o ciclo grav�dico puerperal dessas meninas.

No que tange ao enfrentamento para uma dr�stica mudan�a neste cen�rio, � preciso come�ar pela educa��o. N�o apenas apresentando e orientando quanto aos diversos m�todos contraceptivos e dando aos adolescentes a autonomia para escolh�-los, mas, ainda, promovendo a educa��o sexual em n�veis individual e comunit�rio, coibindo casamento infantil e empoderando as meninas para exercerem seus direitos reprodutivos em ambiente de igualdade de g�nero. Tamb�m � necess�rio permitirmos o acesso a servi�os de sa�de capacitados, que respeitem os direitos sexuais dessas garotas, sem julgamentos de car�ter moral, social ou religioso, disponibilizando os m�todos contraceptivos de forma atualizada e desmistificada, incentivando o uso de m�todos revers�veis de longa dura��o pela seguran�a, facilidade de uso e efic�cia.

Em geral, adolescentes n�o t�m contraindica��es de nenhum m�todo anticoncepcional. A apresenta��o de todos, contrapondo os pontos positivos e negativos de cada um, gera mais seguran�a na escolha. Uma escolha consciente e assertiva, por sua vez, tem mais possibilidade de ades�o e de continuidade do uso.

Hoje em dia, h� uma tend�ncia das sociedades de ginecologia e de pediatria em incentivar o uso de m�todos contraceptivos revers�veis de longa dura��o (LARCS), como DIU de cobre, DIU hormonal e implante de etonogestrel, por exemplo, por se apresentarem com alt�ssima taxa de aprova��o ao uso, com nenhum ou pouqu�ssimos efeitos colaterais. S�o pr�ticos, seguros e n�o exigem tomadas di�rias ou mensais. Cabe a n�s, profissionais da sa�de, esclarecer a a��o (n�o s�o abortivos, ao contr�rio do que se pode pensar) e efic�cia desses m�todos, encorajando nossa popula��o-alvo a utiliz�-los sem medo.

Que a Semana Nacional de Preven��o da Gravidez na Adolesc�ncia de 2021 marque mudan�as e quebras de paradigmas no aconselhamento e planeamento familiar das nossas adolescentes mais expostas a situa��es de vulnerabilidade e viol�ncia. E que esse ciclo de repeti��es de padr�es de pobreza e exclus�o social seja, enfim, quebrado.


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