N�o cabe mais a glamouriza��o de ser workaholic

Esse tema � pol�mico, pois, nos �ltimos anos, houve, de uma forma quase que natural, um processo de glamouriza��o do excesso de trabalho. Foi se tornando cada dia mais comum, aceit�vel e, na verdade, desej�vel, ser um profissional que ostenta o t�tulo de 24x7, que pode ser acionado a qualquer momento, que “d� conta” de tudo. Mas acho que � hora de questionar essa vis�o.

O problema � que por tr�s de toda essa pretens�o existe um ser humano. E, claro, a m�dio e longo prazos, al�m de ser insustent�vel, tal cren�a pode causar um efeito contr�rio destrut�vel.

Sabe aquela m�xima de que “quem se dedica exclusivamente ao trabalho deixa de viver e desejar em outras coisas”? Ela � verdadeira e o principal resultado � este: pais ausentes, maridos e esposas que n�o se dedicam com o mesmo afinco aos seus relacionamentos, e assim por diante.

A longo prazo, essa conta � cobrada da pessoa de forma negativa. Em minha opini�o e experi�ncia � frente de uma empresa, a busca pelo equil�brio entre vida pessoal e profissional nunca foi t�o necess�ria e consciente. Podemos, sim, ser profissionais not�veis, autoridades e refer�ncia no mercado, mas desde que isso n�o nos custe o resto de nossa vida. � um pre�o alto demais a se pagar.

Um debate que se intensificou nos �ltimos anos � sobre a ades�o e escolha dos profissionais pelo home office. Mesmo que motivadas inicialmente pela obriga��o da pandemia, algumas pessoas descobriram a liberdade de poder trabalhar de casa, de passar mais tempo com a fam�lia, evitar tr�nsito, entre outras descobertas irrevers�veis.

Sabe por que irrevers�vel? Agora, no atual momento, em que as medidas est�o cada vez mais flex�veis e tudo est� voltando � rotina “normal”, est� em curso o que eu e outras pessoas j� hav�amos apontado l� atr�s: as empresas e profissionais que tiverem a oportunidade de se manter em casa v�o faz�-lo.

E, com isso, o que vivemos hoje � justamente o contr�rio do que prega os chamados workaholics. Olha que sintom�tico: os Estados Unidos registraram, do ano passado para 2022, recorde de pedidos de demiss�o. O movimento, que recebeu o nome de “A grande ren�ncia”, fez com que atualmente mais de 10 milh�es de vagas estejam dispon�veis no pa�s.

N�o � dif�cil imaginar o porqu� desse movimento. Segundo especialistas, os pedidos de demiss�o em massa est�o relacionados com a pandemia e pelo fato de as pessoas terem come�ado a colocar mais as coisas na balan�a.

Portanto, j� n�o era de hoje, mas agora est� latente o fato de que n�o � apenas o sal�rio que leva a pessoa a escolher o emprego, mas tamb�m flexibilidade, benef�cios e, agora, mais do que nunca, a qualidade de vida. Definitivamente, n�o cabe mais a glamouriza��o de ser workaholic.