Cristiane Martins
Coordenadora m�dica da cardiologia pedi�trica
do Biocor Instituto/Rede D'Or e presidente do
Departamento de Cardiopatias Cong�nitas e Cardiologia Pedi�trica da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)
O n�mero de pacientes com cardiopatias cong�nitas � alarmante. Quase 90% dos mais de 1 milh�o de pacientes no mundo com cardiopatias cong�nitas recebem cuidado aqu�m do necess�rio ou n�o chegam a receber cuidado. Dados divulgados por �rg�os de cardiopatia cong�nita confirmam severa escassez de hospitais de alta complexidade cardiovascular, que prestam atendimento ao Sistema �nico de Sa�de no Brasil, para o tratamento das crian�as com Cardiopatia Cong�nita (CC), fator respons�vel pelo alto �ndice de mortes destas crian�as.
Ap�s anos de in�meras discuss�es com o Minist�rio da Sa�de, por parte da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, do Departamento de Cirurgia Cardiovascular Pedi�trica, do Departamento de Cardiologia Pedi�trica, da Sociedade Brasileira de Cardiologia e diversos cirurgi�es engajados, o Minist�rio finalmente iniciou o plano nacional de assist�ncia a crian�as com cardiopatia cong�nita do qual a meta amplia a aten��o a esses pacientes atrav�s do SUS. A portaria nº 1.727/17 estabelece a��es que favore�am o acesso ao diagn�stico, tratamento e reabilita��o da crian�a e adolescente com a doen�a.
Pesquisas do Minist�rio da Sa�de apontaram que um a cada 100 rec�m-nascidos possuem cardiopatia cong�nita, sendo que a mortalidade desses beb�s com menos de 1 ano de vida � devido � doen�a que chega a 20%. Infelizmente, cerca de 29 mil crian�as nascem com o problema no cora��o todo ano, das quais 80% necessitam de cirurgia card�aca.
Vale enfatizar que o diagn�stico r�pido � a chave para o tratamento. O ideal � que o rec�m-nascido seja diagnosticado com a doen�a at� o s�timo dia de vida e inicie o tratamento o mais r�pido poss�vel. Como n�o � considerada uma doen�a evit�vel, o diagn�stico pr�-sintom�tico dos defeitos card�acos que amea�am a sobreviv�ncia do rec�m-nascido � primordial para que haja um atendimento correto no tempo necess�rio.
O que precisamos de imediato � chamar a aten��o sobre a import�ncia de assegurar aos pacientes com diagn�stico de CC acesso a centros de tratamentos especializados. O atendimento dos pacientes com cardiopatia cong�nita � uma quest�o que merece muita aten��o. Atualmente no Brasil, somente 63 centros s�o especializados no tratamento de cardiopatia cong�nita, e 60% deles est�o concentrados na regi�o Sudeste.
A car�ncia de centros de diagn�stico e tratamento; a lentid�o no encaminhamento do beb� para um centro de cardiologia neonatal (o ideal � at� o s�timo dia de vida); o baixo n�mero de UTIs dedicadas � cardiologia pedi�trica; o d�ficit de recursos humanos e de material, principalmente na �rea card�aca; e a triagem ineficaz s�o alguns dos maiores desafios dos �rg�os de Sistema de Sa�de. Fica o alerta!