Adriana do Carmo
Doutora em administra��o pela PUC Minas.
Gerente de investimento social da Funda��o ArcelorMittal
O acesso � arte e � cultura no Brasil ainda � desigual. Essa afirma��o � reflexo de uma realidade que existe no nosso pa�s h� anos, e que tem muito a avan�ar. Desde sempre, a condi��o de vulnerabilidade social das pessoas pode ser medida pelo acesso que elas t�m aos servi�os no seu dia a dia, inclusive � cultura. A discuss�o � extensa e n�o h� aqui a pretens�o de esgotar o assunto, mas colocar em pauta os motivos para o cen�rio perdurar h� tanto tempo.
O primeiro deles � a dist�ncia. Por todo o pa�s, s�o nos centros urbanos que se localizam a maioria dos bens e servi�os p�blicos de melhor qualidade. Isso em qualquer �rea, especialmente naquelas que s�o objetos da nossa discuss�o. Habitualmente, nos centros urbanos se concentram a maioria dos espa�os e equipamentos culturais.
Outro motivo est� na gest�o. Educa��o, sa�de, assist�ncia social e infraestrutura ocupam o topo dos investimentos, enquanto a pauta cultural tem menos prioridade na agenda pol�tica. Como resultado, geralmente, assuntos dessa pasta s�o compartilhados com setores, como de educa��o, ou turismo, por exemplo, e poucas administra��es destinam uma secretaria para a cultura. E n�o deveria ser assim, j� que a cultura representa um ativo econ�mico importante. Outros pa�ses j� entenderam isso: na Alemanha, a ind�stria criativa faz parte do PIB; nos Estados Unidos, a segunda maior ind�stria � a audiovisual. Aqui no Brasil, desde 2008, a ind�stria criativa emprega mais pessoas que o setor de automobilismo.
A dist�ncia f�sica entre os equipamentos culturais e as regi�es perif�ricas, combinada com as poucas pol�ticas p�blicas para encurtar essas dist�ncias, torna o problema ainda mais dif�cil de ser resolvido. � neste momento que se faz necess�rio lembrar que o direito � cultura est� entre os direitos sociais b�sicos. Al�m de fazer parte do exerc�cio da cidadania, tamb�m contribui para o desenvolvimento de uma comunidade.
O investimento na cultura pode operar em duas vias para o desenvolvimento de uma comunidade. Primeiramente, pela democratiza��o de acesso da popula��o mais vulner�vel a espa�os culturais localizados nos centros p�blicos, mas tamb�m pelo incentivo dado a projetos que s�o feitos longe desses grandes centros. Grupos culturais, que precisam acessar recursos p�blicos para fomento �s suas a��es, tamb�m precisam estar inclu�dos nas pol�ticas p�blicas, como forma de fortalecer a democracia cultural. Nesse sentido, a Funda��o ArcelorMittal busca direcionar seus investimentos, contemplando em sua pol�tica de investimentos a��es de democratiza��o do acesso �s artes, mas tamb�m de valoriza��o e desenvolvimento da cultura local.
� por meio da cultura e da arte que novos h�bitos podem ser criados. O capital cultural traz mudan�as que se traduzem em comportamentos, como a melhoria da autoconfian�a e da autoestima, que podem contribuir diretamente para a mobilidade social, e a redu��o da pobreza. Os projetos sociais s�o os protagonistas nestes movimentos de ascens�o social. O esporte tamb�m � importante agente desse processo.
As comunidades j� entenderam estes benef�cios. Hoje, o que se v� de manifesta��es culturais e esportivas, geralmente, s�o projetos que nascem ali mesmo e buscam transforma��o social vinda de dentro. A Funda��o ArcelorMittal, por meio de recursos incentivados e pr�prios, fomenta diversas dessas a��es e incentiva a manuten��o a longo prazo. Atuando em parceria com o poder p�blico e empreendedores culturais, as iniciativas buscam transformar realidades por meio da arte e da cultura. O processo todo come�a por ouvir e entender o que � mais pertinente em cada localidade e identificar como diminuir lacunas de acesso a esses bens e servi�os. As iniciativas buscam fortalecer indiv�duos para que as comunidades sejam multiplicadores e apropriem-se das suas hist�rias e culturas e avancem no processo de acesso � arte e � cultura no nosso pa�s.
