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Estado de Minas editorial

A secular desigualdade social

Teorias higienistas foram recha�adas, mas permanece a mesma iniquidade social, onde o racismo estrutural � instrumento de manuten��o de preconceitos


13/05/2023 04:00

Pr�-modernista, "Os Sert�es", de Euclides da Cunha (LPM), talvez seja a primeira grande reportagem sobre a iniquidade social no Brasil. Segunda parte do livro, “O homem” descreve o sertanejo como fruto da miscigena��o e da adapta��o ao meio, ao mesmo tempo em que mostra a g�nese do jagun�o, que viria a protagonizar a Guerra de Canudos (1896-1897), sob a lideran�a do messi�nico Ant�nio Conselheiro. Com base em teorias naturalistas falsamente cient�ficas, que o levaram a conclus�es racistas, Euclides da Cunha fez uma distin��o preconceituosa entre o caboclo sertanejo e os mesti�os do litoral do Norte. Segundo ele, “o sertanejo �, antes de tudo, um forte”, n�o teria o “raquitismo exaustivo dos mesti�os neurast�nicos do litoral”.
 
Mais de um s�culo depois, por�m, as teorias higienistas foram recha�adas, mas permanece a mesma iniquidade social, principalmente nos grandes centros urbanos, onde o racismo estrutural � um instrumento de manuten��o dos mesmos preconceitos e das mesmas desigualdades em rela��o a Canudos. Por ironia, a primeira favela do Rio de Janeiro ganhou esse nome dos soldados que lutaram no sert�o da Bahia. E a viol�ncia t�pica dos jagun�os derivou para as nossas cidades, sobretudo nos morros e nas periferias, territ�rios onde � traduzida pelo banditismo de traficantes e milicianos.
 
Essa � a face mais perversa das desigualdades no Brasil. Mas existem outras. H� pessoas que n�o t�m condi��es para comer o m�nimo necess�rio. Muitos passam fome, decorrendo da� quadros de desnutri��o e muitos casos de mortalidade infantil. A falta de esgoto sanit�rio e distribui��o de �gua tratada ainda faz parte do cotidiano de milh�es de brasileiros. O acesso �s escolas p�blicas � destinado aos pobres, que arcam com as consequ�ncias da m� qualidade do ensino, da baixa remunera��o e valoriza��o de professores e da precariedade de suas condi��es materiais.
 
Os cursos de aperfei�oamento, bem como as experi�ncias no exterior, s�o privil�gios das elites do pa�s. Raramente os estudantes pobres t�m a oportunidade de aprender uma segunda l�ngua. As defici�ncias de forma��o repercutem no acesso ao emprego, porque as melhores vagas de trabalho acabam ocupadas pelos que est�o mais acima na hierarquia social. A menor remunera��o tamb�m aprofunda o fosso de segrega��o social.
 
Situa��o semelhante ocorre na sa�de, apesar dos esfor�os do SUS, cuja import�ncia foi demonstrada cabalmente durante a pandemia de COVID-19. A falta de materiais e medicamentos, a baixa remunera��o dos profissionais de sa�de e a redu��o progressiva das coberturas vacinais, nos �ltimos anos, est�o facilitando a volta de endemias que haviam sido erradicadas e impactam a taxa de mortalidade, que poderia ser bem menor. Os meios de transporte tamb�m fazem a diferen�a na vida das pessoas, pois o transporte p�blico � caro e muitas vezes prec�rio. Soma-se a isso o d�ficit habitacional, que obriga as pessoas morarem em habita��es prec�rias. H� 40 mil moradores de rua em S�o Paulo, a cidade mais rica do pa�s.
 
N�o � � toa, a concentra��o da renda no Brasil continua sendo uma das mais altas do mundo, segundo o World Inequality Lab (Laborat�rio das Desigualdades Mundiais), que integra a Escola de Economia de Paris. A renda m�dia nacional da popula��o adulta, em termos de paridade de poder de compra (PPP, na sigla em ingl�s), � de 14 mil euros, o equivalente a R$ 43,7 mil, nos c�lculos dos autores do estudo. Os 10% mais ricos no Brasil, com renda de 81,9 mil euros (R$ 253,9 mil em PPP), em 2011, representam 58,6% da renda total do pa�s. Em contrapartida, a metade da popula��o brasileira mais pobre s� ganha 10% do total da renda nacional. Na pr�tica, isso significa que os 50% mais pobres ganham 29 vezes menos do que recebem os 10% mais ricos no Brasil. Na Fran�a, essa propor��o � de apenas 7 vezes.


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