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Estado de Minas

Um novo modelo de paternidade

A autoridade baseada na compet�ncia se transforma em autoridade baseada no cuidado


11/08/2023 04:00
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Marcia Esteves Agostinho
Doutoranda em Hist�ria das Emo��es e autora do livro “Por que casamos”
 
Quando o Dia dos Pais foi institu�do no in�cio do s�culo 20 nos EUA, ser pai significava apenas conseguir gerar muitas crian�as, mas a coisa mudou gradualmente e esse papel ganhou novas nuances sociais.

Carmem Miranda cantou no “Dia dos Pais de Fam�lia” em Nova York, em 1939. Como destacava a reportagem da revista O Cruzeiro na �poca, os est�dios de Hollywood j� n�o consideravam um “segredo horr�vel” o fato de gal�s serem tamb�m pais orgulhosos.

A figura do pai come�ava a ganhar charme! In�cio de um processo de humaniza��o do masculino, talvez. Quem se lembra do gesto de Bebeto em homenagem ao filho rec�m-nascido ao comemorar um gol na Copa de 1994?

De l� para c�, as expectativas em rela��o � paternidade s� cresceram. N�o basta mais ser o provedor ausente. Nem mesmo o pai participativo ficou livre das cr�ticas. Como F�bio J�nior deixou claro na letra de “Pai”, espera-se que pai e filho sejam “muito mais que dois grandes amigos”.

Um pai precisa demonstrar genu�no envolvimento emocional. A demanda afetiva, por�m, compromete a imagem idealizada do “pai her�i”. Visto de perto, suas falhas ficam todas aparentes e as vulnerabilidades que o tornam mais humano enfraquecem sua autoridade. Da� o dilema do pai contempor�neo.

O papel tradicional do pai � ensinar o caminho entre as coisas do mundo e se assegurar de que o filho ficar� bem. Contudo, em tempos que mudam muito rapidamente, o pai n�o tem mais compet�ncia para orientar (melhor contar com o ChatGPT para isso). Ele perde assim sua autoridade paterna original. Seu papel passa a ser, ent�o, o de uma m�o na hora que o filho trope�ar.

Portanto, o dilema apresenta sua pr�pria solu��o: a nova paternidade se funda sobre v�nculos de afeto. A autoridade baseada na compet�ncia se transforma em autoridade baseada no cuidado. Nesse caminho, talvez o papel do pai tenha ficado mais parecido com o da m�e.

Assim, o pai se torna merecedor de um dia em sua homenagem n�o porque sabe de tudo e n�o deixa faltar nada, mas porque se importa com seu filho e est� dispon�vel para acolh�-lo sempre que for preciso. Feliz Dia dos Pais ent�o para aqueles que se importam e acolhem! 


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