(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas EDITORIAL

O Brasil e o desafio de distribuir renda


04/09/2023 04:00
667

Na rea��o ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,9% no segundo trimestre de 2023 em rela��o aos tr�s meses anteriores, o presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) defendeu que o avan�o na gera��o de riqueza seja distribu�do para mais brasileiros, o que, segundo ele, nunca foi feito no pa�s. De fato, nas �ltimas d�cadas, o Brasil viu a desigualdade de renda aumentar, depois de um per�odo em que se defendia que “era preciso crescer o bolo, para depois dividi-lo” – frase atribu�da ao ent�o ministro da Fazenda Delfim Neto no regime militar. O Brasil nunca superou o desafio de ser um pa�s mais igualit�rio, perpetuando a condi��o de renda m�dia baixa. Desde que se industrializou, convive com a transi��o para uma economia de padr�o de renda alto, como as na��es desenvolvidas, sem alcan�ar essa condi��o. � sempre o pa�s do futuro.

Os programas de transfer�ncia de renda ajudam a abrir caminho para uma maior distribui��o de renda, mas s�o insuficientes para assegurar o crescimento estrutural da renda dos brasileiros, o que, a exemplo de outros pa�ses, ocorre com garantias � competitividade econ�mica e condi��es de mobilidade social que elevem o padr�o de renda dos cidad�os. E isso � poss�vel com crescimento econ�mico sustent�vel e investimentos para a moderniza��o da economia. A atividade econ�mica brasileira mostra resili�ncia diante das in�meras crises e dos solavancos sofridos ao longo da hist�ria, mas seu potencial ainda n�o foi totalmente explorado exatamente porque n�o h� um processo de desconcentra��o de renda que eleve o pa�s � condi��o de desenvolvido.

Ainda que n�o totalmente atualizados, os dados mostram o qu�o concentrada � a renda no Brasil e como isso se transforma em uma desigualdade social brutal e que trava uma acelera��o maior do desenvolvimento econ�mico. Dados da Pnad Cont�nua, do IBGE, mostram que o 1% dos brasileiros mais ricos tem renda 32,5 vezes maior do que os 50% mais pobres. Em 2022, essa diferen�a significava uma renda mensal per capita de R$ 17.447 na parcela dos mais ricos contra R$ 537 entre os mais pobres. E no ano passado a situa��o melhorou, uma vez que em 2021 a diferen�a de renda entre ricos e pobres era de 38,4 vezes.

Em outro estudo, compilado pelo Programa das Na��es Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Brasil aparece como um dos recordistas em concentra��o de renda. No levantamento da ONU, de 2019, o Brasil aparece em segundo lugar entre 180 pa�ses no ranking de concentra��o de renda. Segundo o �rg�o da ONU, o 1% da popula��o mais rica do pa�s det�m 28,3% da renda, enquanto os 40% mais pobres ficam com 10,4%. Ou seja, os mais ricos no Brasil ficam com uma fatia quase tr�s vezes maior do que um contingente enorme da popula��o. Essa � uma dura realidade brasileira, que n�o tem apenas uma causa e portanto n�o pode ser mudada com discursos ou simples aux�lios emergenciais para os mais pobres.

O controle das contas p�blicas, uma reforma tribut�ria que desonere efetivamente os investimentos e a renda, um programa de reindustrializa��o que insira o Brasil nas cadeias de suprimento globais s�o a��es estruturais inadi�veis. Elas devem ser complementadas com taxas de juros mais baixas e maior acesso ao cr�dito para permitir a retomada efetiva do crescimento econ�mico a um ritmo superior ao patamar de 2,5% na m�dia nos �ltimos 40 anos. Al�m disso, � preciso fortalecer a educa��o e a forma��o de trabalhadores para que haja mobilidade social e eles se apropriem desse crescimento via sal�rios melhores. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)