Pouco mais de cinco meses depois do rompimento da Barragem I, da Mina do C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, na Grande Belo Horizonte, a Vale vai, ponto a ponto, buscando resgatar a normalidade para reconstruir vidas e lugares e evitar novos desastres. Com 246 mortos e 24 desaparecidos, at� o momento, a trag�dia trouxe dor e perdas irrepar�veis, al�m de ensinamentos sobre respeito �s pessoas, seguran�a e repara��o. Foi, sem d�vida, o pior momento da hist�ria da empresa, que n�o ser� mais a mesma depois de tudo o que aconteceu. O foco continua na assist�ncia a todos os atingidos e na reconstru��o. Em outras cidades, onde o sinal de alerta foi dado pelo risco de colapso de estruturas da Vale, o cotidiano tamb�m foi alterado em nome da seguran�a.
Assist�ncia m�dica, psicol�gica, acolhimento e apoio log�stico se tornaram rotina nesses munic�pios. Desde 25 de janeiro, data da trag�dia, 1.009 pessoas de Brumadinho, Bar�o de Cocais, Macacos, Nova Lima, Ouro Preto e Rio Preto foram realocadas em moradias provis�rias, hot�is, pousadas ou casa de amigos e parentes. A consequ�ncia imediata dos riscos foi o transtorno causado � popula��o, levando a Vale a focar em a��es de repara��o e presta��o de assist�ncia aos atingidos.
Acolhimento, obras de recupera��o de infraestrutura, aux�lio financeiro, indeniza��es e aportes a institui��es s�o a frente do apoio humanit�rio, que inclui a cria��o de uma diretoria especial de repara��o. Um verdadeiro mosaico de reconstru��o territorial, de rotinas e da pr�pria empresa, interligando gente e grandes interven��es, feito para que trag�dias como a de Brumadinho nunca mais se repitam.
Nele, pessoas s�o conectadas a obras de engenharia por meio de uma nova chance. Caso da motorista Michele Auxiliadora dos Reis, de 30 anos, que realizou o sonho de trabalhar atr�s do volante. Antes de entrar na Vale, h� cerca de um m�s, ela ajudava o pai no transporte escolar. Agora sua fun��o � atender aos trabalhadores no deslocamento dentro da mina de C�rrego do Feij�o, levar e busc�-los em casa. “� a primeira vez que trabalho com o que gosto. Antes, n�o havia esse tipo de oportunidade em Brumadinho”, diz.
Pouco a pouco, o cotidiano de quem mora na cidade se refaz. No aspecto emocional ou na atividade produtiva, o desafio agora � seguir adiante. Uma das frentes de trabalho � a retomada produtiva de quem teve atividades de renda interrompidas.
Mas � preciso paci�ncia, como diz o produtor rural Reinaldo Lemes Soares, de 48 anos, cujo sustento � a produ��o de leite. Antes do rompimento, tirava para uma cooperativa de 80 a 100 litros por dia. Depois da trag�dia, a produ��o foi interrompida e, devagar, est� retomando o rumo. Hoje, consegue tirar uma m�dia de 30 litros di�rios. A propriedade � contornada pelo Rio Paraopeba. “N�o podemos ter contato com a �gua. Tinha 115 cabe�as de gado. Fiquei sem produ��o e com d�vidas de maquin�rio que tinha comprado”, conta.
A solu��o foi confinar o gado numa lagoa isolada, at� a Vale p�r 4 mil metros de cerca �s margens do rio. A �gua usada na casa vem de caminh�o-pipa. S�o 40 mil litros por semana. Para consumo humano, recebe da empresa a �gua mineral. “Desde o dia do rompimento, a Vale ofereceu apoio, tanto de infraestrutura quanto de insumos e consultoria t�cnica. Fiquei feliz que a empresa n�o se eximiu de suas responsabilidades. Creio que, assim, at� o final de julho j� terei voltado a produzir o mesmo que antes da trag�dia”, relata.
Quem tamb�m n�o v� a hora de retomar a normalidade � a mulher dele, a cozinheira �rika Ferreira Gon�alves, de33. Ela usa a nata do leite para fazer manteiga, requeij�o e biscoitos. Sem renda, come�ou a trabalhar na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Brumadinho. A cidade recebeu da Vale R$ 2,6 milh�es para a compra de equipamentos de emerg�ncia e contrata��o de profissionais nas �reas de sa�de e psicossocial. “D� d� ver o tanque de leite parado,cheio de poeira. Com a volta da produ��o do Reinaldo, estou contando os dias para fazer meus quitutes. Vinha gente de Belo Horizonte comprar aqui na porta. Se Deus quiser,volto a produzir m�s que vem.”
A recupera��o do Paraopeba traz confian�a para a administradora Carla de Laci, de 46. A Esta��o de Tratamento de �guas Fluviais (ETAF) � a esperan�a de que as �guas do rio cheguem revitalizadas e sem rejeitos �s suas terras, onde produz hortali�as e cacha�a. An�lises de laborat�rios atestam que em alguns pontos do curso d’�gua as condi-��es j� voltam �s mesmas de antes do rompimento por conta do in�cio do per�odo de estiagem.
Em Brumadinho, a Vale estruturou pontos de atendimento para prestar diversos servi�os, como o acolhimento �s fam�lias. Servem ainda para disponibilizar itens de farm�cia (89 mil j� comprados) e alimentos. S� de �gua foram entregues 190 milh�es de litros. Caminh�es-pipa abastecem propriedades para consumo animal e irriga��o agr�cola ao longo da Bacia do Paraopeba. A empresa disponibilizou canais telef�nicos para que a popula��o solicite apoio.
Ainda hoje, 10 hospitais e unidades de sa�de est�o mobilizados. H� tamb�m cinco pontos de atendimento em Brumadinho, Macacos e Bar�o de Cocais para acolhimento,suporte e suprimentos. Ao todo, 8,9 mil atendimentos m�dicos e psicol�gicos ocorreram nesses munic�pios.