A distribui��o de deputados federais e senadores pelas comiss�es permanentes da C�mara e do Senado mostra recorrentes coincid�ncias entre a vaga ocupada pelos parlamentares e a �rea de influ�ncia dos financiadores de suas campanhas. Levantamento da reportagem com base nos registros da Justi�a Eleitoral separou os doadores por �reas e encontrou dezenas de casos em que os colegiados foram loteados por pol�ticos que receberam dinheiro de empresas e ind�strias ligadas aos temas discutidos nesses grupos.
"Acho que essa rela��o n�o tem efeitos pr�ticos. A nossa comiss�o n�o trata de contratos, de licita��es ou de qualquer outra coisa que resulte em obras. Tratamos de interesses maiores, de quest�es relevantes para a sociedade. Nenhum integrante tem poder de ajudar ou interferir para ajudar empresas. Por isso, acho que, no caso da infraestrutura, n�o h� conflitos de interesses", avalia o senador.
Na Comiss�o de Assuntos Econ�micos do Senado, a hist�ria � a mesma. Sete parlamentares titulares do colegiado receberam dinheiro de institui��es financeiras - principalmente bancos - para se eleger. Um deles foi o pr�prio presidente, Delc�dio Amaral (PT-MS), que conseguiu que banqueiros contribu�ssem com R$ 300 mil durante sua campanha pol�tica.
A Comiss�o de Finan�as e Tributa��o da C�mara tamb�m est� repleta de deputados que receberam ajuda de bancos. Dos 33 integrantes, oito foram financiados por gigantes do setor. O deputado Rui Costa (PT-BA), que assumiu vaga no colegiado porque seu partido negociou com o PDT, recebeu pouco mais de R$ 100 mil de institui��es financeiras e foi para o in�cio da fila entre os financiados por bancos na C�mara. Segundo ele, sua independ�ncia em rela��o � contribui��o recebida se deve principalmente ao fato de que o valor representa menos de 10% do total que ele arrecadou. "Se voc� analisar minha lista de doadores, vai ver que h� uma pulveriza��o grande. Muita gente e diferentes setores contribu�ram. Se fosse analisar dessa forma e tentar evitar esse tipo de liga��o, n�o haveria comiss�o que eu pudesse participar", alega.
Na C�mara, o loteamento da Comiss�o de Minas e Energia � um dos que demonstra a rela��o pr�xima dos parlamentares que a integram com seus financiadores. Dos seus 30 integrantes, 11 receberam dinheiro de mineradoras e sider�rgicas. No meio do percentual de 36% de financiados est� o pr�prio presidente do colegiado, Luiz Fernando Faria (PP-MG).
Na Comiss�o de Seguridade Social, cujo principal assunto nas discuss�es � a sa�de p�blica, o presidente do grupo, Saraiva Felipe (PMDB-MG), e outros quatro deputados receberam dinheiro de grandes empresas, principalmente de planos de sa�de, durante a campanha eleitoral. "Recebi o financiamento e estou nesta comiss�o porque � minha �rea. N�o h� conflito de interesses. Sou um defensor do Sistema �nico de Sa�de e quem contribuiu com minha campanha sabe bem disso", diz.
Ruralistas
A forma como os partidos pol�ticos distribu�ram seus integrantes pelas comiss�es que mais importam para quem os financiou tamb�m ficou clara nos grupos que tratam do interesse de produtores rurais. Na Comiss�o de Agricultura da C�mara, por exemplo, 60% dos integrantes receberam dinheiro de ruralistas cujos pleitos, na maioria das vezes, divergem das ambi��es dos pequenos produtores. Uma das doa��es mais altas feitas foi para a campanha do deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS). Ao todo, ele conseguiu quase R$ 900 mil de grandes produtores. "Fui financiado porque esse � meu setor. Mas trabalho n�o apenas para a ind�stria que contribuiu, mas para o pequeno produtor tamb�m. O Rio Grande do Sul depende de uma cadeia de rela��es referentes � produ��o. Quando essa cadeia entra em choque, tomo o lado dos produtores", afirma.