
Nada de autoridades na recep��o. Em sua primeira visita � cidade hist�rica de Ouro Preto como presidente, Dilma Rousseff (PT), assim como costumava fazer o seu antecessor e padrinho pol�tico, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), quebrou o protocolo – que em geral segue � risca – e foi cumprimentar crian�as e moradores carentes que se deslocaram at� o c�mpus da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) para recepcion�-la nessa quinta-feira. Rodeada de seguran�as, Dilma percorreu boa parte do alambrado de gramado da universidade usado como heliponto na chegada na sua chegada para cumprimentar os moradores com apertos de m�o. "Bom dia, Dilma! Muito bom dia, presidente! Ei, Dilma!", gritavam as crian�as, enquanto os adultos n�o paravam de filmar e fotografar com celulares.
Segundo c�lculos da Pol�cia Militar (PM), cerca de 200 pessoas, a maioria delas crian�as, foram aguardar a chegada da presidente, que desceu do helic�ptero da For�a A�rea Brasileira (FAB) acenando e sorrindo sem parar. Ela estava acompanhada do governador Antonio Anastasia e do presidente da C�mara dos Deputados, Marco Maia (PT-SP). "Como � que voc� se chama?", perguntava a presidente a todo momento. As crian�as respondiam entre sorrisos: "Maria Eduarda", "Igor", "Jo�o Paulo", "Pamela", "Urlei". Depois da solenidade de 21 de abril, em que foi a estrela principal, Dilma foi embora sem falar com a imprensa. Antes, enquanto cumprimentava a popula��o no c�mpus da Ufop, ela falou com exclusividade ao Estado de Minas.
� vontade, a presidente classificou de "recep��o maravilhosa" a festa preparada pelos moradores da cidade. "� muito importante para mim participar. Vir a Ouro Preto no dia 21 de abril � algo que faz muito bem � alma. E tamb�m tem o lado important�ssimo que o Brasil nasceu aqui", declarou. "Muito bom dia, presidente, seja muito bem-vinda a nossa cidade. A senhora est� t�o bonita", disse uma jovem em seguida. "� muito bom ouvir um elogio logo cedo", respondeu Dilma.
Com uma hora de atraso, a presidente chegou �s 10h30 para participar inicialmente do sepultamento dos restos mortais dos inconfidentes Jos� de Resende Costa, Jo�o Dias da Mota e Domingos Vidal de Barbosa. Quase tr�s horas depois, ela seguiu com sua comitiva para o s�tio do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia (PSB), aliado de primeira hora do ex-presidente Lula, em Santo Ant�nio do Leite, onde foi almo�ar antes de voltar para Bras�lia.
Influente
A presidente Dilma Rousseff foi apontada pela revista norte-americana Times como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. O texto de apresenta��o da mineira foi escrito pela ex-presidente do Chile Michelle Bachelet (2006-2010), hoje diretora da Ag�ncia para Mulheres da Organiza��es das Na��es Unidas (ONU), que citou a combina��o da sabedoria e convic��o pol�tica de Dilma como sua principal virtude para liderar o Brasil. Bachelet tamb�m afirmou que as mulheres ainda enfrentam muitos preconceitos e que o desafio de comandar pa�ses em crescimento exige muita coragem e ideais firmes. Na lista est�o autoridades pol�ticas, artistas e empres�rios.
Emo��o em cen�rio hist�rico
Ouro Preto – Mais de 3 mil pessoas assistiram ontem � entrega da Medalha da Inconfid�ncia, emocionadas com a festa e com a participa��o da presidente Dilma Rousseff na cerim�nia que comemora o Dia de Tiradentes. A solenidade, que reuniu pol�ticos do PT, partido da presidente, e do PSDB, do governador Antonio Anastasia, foi tranquila. N�o houve grandes manifesta��es na cidade.
A aposentada Maria do Ros�rio Silva, de 57 anos, viajou cerca de sete horas para assistir � cerim�nia. Ela e outras 19 mulheres sa�ram de Prat�polis, no Sul de Minas, para homenagear os inconfidentes. Foi a nona viagem de Maria do Ros�rio a Ouro Preto nessa data. "Eu gosto de vir porque � um evento c�vico", disse. Entretanto, apesar da emo��o, Maria do Ros�rio reclamou da organiza��o do evento, j� que n�o p�de se aproximar do palanque destinado �s homenagens. Sua companheira de viagem, Joice Godinho, tamb�m se queixou de ter que ficar em um "cercado distante de onde tudo aconteceu". "� imposs�vel estar aqui neste cen�rio hist�rico e n�o se emocionar, mas � muito triste ver a burocracia. � um evento para o povo, mas de que n�s n�o podemos participar", disse.
A banc�ria Arlene Bellon, de 53, tamb�m saiu de longe para assistir � cerim�nia. Do interior paulista, Arlene se deu de presente a viagem. "� um acontecimento hist�rico, a gente tem que participar", disse. "� uma data c�vica", acrescentou a estudante Milena Bellon, de 22. O casal Helaine Martoni Alves, de 32, e Emerson Alves, de 38, levou a filha Munyra, de 3, para participar pela primeira vez da solenidade. "Trouxemos a nossa filha para conhecer um pouco da nossa hist�ria que est� aqui em Ouro Preto", disse. Pela primeira vez na cidade, Ana de Oliveira, de 80, enfrentou as ladeiras de Ouro Preto e assistiu emocionada � cerim�nia, que considerou inesquec�vel. "Eu vim para a festa e aproveitei para conhecer o lugar tamb�m", contou a senhora de Itabira.
Entre as poucas manifesta��es, integrantes do movimento pela preserva��o da Serra da Gandarela, ligado ao Projeto Manuelz�o, da UFMG, estenderam uma faixa de protesto com os seguintes dizeres: "Dilma, olhai as montanhas que est�o acabando e �gua tamb�m. Crie o parque nacional da Serra da Gandarela". De acordo com um representante do movimento, a proposta de cria��o do parque j� recebeu sinal verde do Minist�rio do Meio Ambiente. Para sair do papel, ser� necess�rio um decreto autorizando a sua cria��o.
Cerca de 1.500 jornais detalhando os pontos da proposta foram distribu�dos ontem pelos ambientalistas. De acordo com eles, a Serra da Gandarela � a �ltima �rea de preserva��o do chamado Quadr�latero Ferr�fero, hoje conhecido por Quadr�lafero Aqu�fero. Com a cria��o do parque, o movimento do Gandarela visa a proteger as �guas do Rio das Velhas e outras fontes de abastecimento p�blico. Em outro ponto da pra�a, simpatizantes do Partido P�tria Livre (PPL) recolheram assinaturas visando � cria��o oficial da legenda. At� o momento, segundo eles, cerca de 400 mil das 500 mil assinaturas necess�rias j� foram colhidas.