Documentos secretos do governo brasileiro liberados neste m�s de abril revelam que, 22 dias depois do ataque de oito terroristas � Vila Ol�mpica de Munique, durante a realiza��o dos Jogos Ol�mpicos em setembro de 1972, uma carta-bomba foi enviada ao Consulado de Israel no Rio de Janeiro. Encontrado por um funcion�rio dos Correios, o explosivo n�o chegou a ser detonado. No envelope, al�m de um cart�o de felicita��es, havia um panfleto escrito em �rabe e em ingl�s, supostamente assinado pela Organiza��o Setembro Negro — o mesmo grupo que cometeu o atentado contra os competidores israelenses na Alemanha. Na �poca, dois atletas morreram no alojamento onde estavam e outros nove foram executados durante a fuga dos terroristas.
O cart�o serviria — pelas explica��es contidas no relat�rio secreto — para ocultar uma massa pl�stica explosiva. “As chapas de raios X indicaram objeto (…) no qual observava-se: arame, pe�a que, posteriormente, verificou-se conter em seu interior um percussor (pe�a met�lica) acionado por mola, cujo movimento � retido por um balancim, o qual, se movimentado, libera a a��o do percussor sobre uma espoleta”, relatam os investigadores, ressaltando que, dentro do envelope, havia um saco com s�lica gel, para preservar a umidade do explosivo.
O panfleto, assinado pela Organiza��o Setembro Negro, um dos grupos terroristas mais ativos naquela �poca, dizia que a a��o representava uma “repres�lia � invas�o de sua casa � nossa terra e de nossos irm�os” e tratava-se de uma “repres�lia � sua persegui��o, maus-tratos e assassinato em massa do nosso povo. Vamos atorment�-lo (…) e voc� pagar� o pre�o onde quer que v�”. Segundo o documento — que faz parte do acervo entregue pelo Centro de Informa��es da Aeron�utica (Cisa) ao Arquivo Naciona2, em Bras�lia — a carta-bomba foi desarmada por �rg�os da Secretaria de Seguran�a P�blica do Rio.
Alerta
A a��o terrorista em territ�rio brasileiro deixou o governo em alerta contra ataques n�o apenas a institui��es diplom�ticas estrangeiras, mas tamb�m a estabelecimentos p�blicos. Os Correios chegaram a criar regras de manuseio de correspond�ncia, que foram difundidas aos �rg�os de informa��o. “Estima-se que a utiliza��o de cartas explosivas poder� vir a estender-se a outros grupos pol�ticos”, ressaltaram os oficiais da Aeron�utica. “Portanto, que todos os conhecimentos de a��es para a localiza��o dos dispositivos em tela devem ser desenvolvidas o mais r�pido poss�vel”, observaram os militares.
Massacre de Munique
Em 5 de setembro de 1972, a Organiza��o Setembro Negro foi respons�vel por um ataque terrorista que chocou o mundo. Oito integrantes do grupo invadiram a Vila Ol�mpica de Munique durante a realiza��o das Olimp�adas e atacaram os atletas de Israel. Durante o epis�dio, 11 desportistas israelenses foram assassinados pelos ativistas �rabes. Cinco terroristas e um agente da pol�cia alem� tamb�m morreram no incidente, que ficou conhecido como o Massacre de Munique.
Militantes palestinos
O nome da Organiza��o Setembro Negro � uma refer�ncia � data de um dos maiores ataques da Jord�nia contra palestinos — que teve in�cio em 16 de setembro de 1970, ap�s a tentativa de um golpe de estado — e resultou na morte de cerca de 10 mil pessoas. Esse grupo de militantes palestinos foi respons�vel por v�rios atentados h� quatro d�cadas. Entre as a��es, houve ataques a embaixadas, sabotagem a f�bricas e at� mesmo o sequestro de um avi�o comercial que voava da B�lgica para Israel. Apesar de h� tempos n�o haver a��es atribu�das ao grupo, at� hoje o Setembro Negro faz parte da lista de organiza��es consideradas terroristas pela Uni�o Europeia.